Inês Pereira
Inês Pereira
05 Dez, 2018 - 15:41

Autismo: tudo o que precisa de saber

Inês Pereira

Uma doença que faz com que o doente olhe e sinta o mundo de forma diferente: assim é o autismo. Chegou a hora de ficar a conhecer esta patologia.

Autismo: tudo o que precisa de saber

As conversas são uma luta, as relações são difíceis e o comportamento é repetitivo. Não é fácil lidar com uma criança com uma perturbação no desenvolvimento como o autismo e é por isso que se torna tão crucial saber tudo sobre esta doença, que, infelizmente, parece cada vez mais frequente. De facto, desde os anos 90 que a incidência deste problema tem vindo a aumentar, afetando atualmente cerca de 60 em cada 10 mil crianças.

Embora esta patologia tenha uma prevalência maior em pessoas do sexo masculino, nenhuma criança está totalmente livre de lidar com ela. Estima-se, aliás, que o autismo afete cerca de 1% da população mundial. As razões para o seu aparecimento, contudo, são desconhecidas, o que faz com que a compreensão da doença seja mais complicada.

Claro está que algumas características concretas e sinais específicos permitem identificar com relativa facilidade uma criança com autismo. Porém, o que pode não saber é que ao longo da vida as manifestações da doença podem sofrer alterações para melhor ou pior, pelo que o acompanhamento é crucial. Ora, fique agora a saber tudo sobre o tema.

Autismo de A a Z

saiba tudo sobre o autismo

Infelizmente, o autismo não é uma doença tão rara quanto possa pensar – são os números que o evidenciam. Só em Portugal, estima-se que esta patologia afeta cerca de 1 em cada 1000 crianças em idade escolar, sendo que mesmo dentro do território existem diferenças: 1,56 em 1000 crianças no Açores e cerca de 0,92 crianças em 1000 no Continente. O que se mantém, contudo, é o facto de se verificar uma predominância no sexo masculino.

Esta doença caracteriza-se como uma perturbação do desenvolvimento neurológico que, de forma geral, costuma manifestar-se nos primeiros 3 anos de vida – embora este prazo não seja estanque, podendo mesmo ir até aos 5 anos. Trata-se de um problema que se traduz em dificuldades comunicacionais, sociais e de concentração.

Assim, as Perturbações do Espectro do Autismo, termo utilizado pelos médicos, definem um conjunto de perturbações neuropsiquiátricas do desenvolvimento do sistema nervoso central. Importa referir que esta patologia se divide em 3 tipos principais:

A maioria das crianças portadoras da doença assemelha-se aos seus pares, pelo que o autismo não é identificável à primeira vista. No entanto, os seus comportamentos são distintos, estranhos e, muitas vezes, incompreensíveis.

Durante muito tempo julgou-se que este era um problema irreversível, mas a verdade é que existem tratamentos e terapias que, sabe-se hoje, são muito úteis para a melhoria dos pacientes.

Causas

Infelizmente, ainda não se conhece uma causa concreta para o aparecimento desta doença. Na década de 60, chegou a pensar-se que a falta de afetividade por parte dos pais ou a vacinação podiam estar na origem do problema, mas o avanço científico permitiu descartar estas possibilidades.

Atualmente, existem teorias que indicam que os responsáveis são fatores ambientais, orgânicos e genéticos. De facto, são vários os casos de autismo registados em crianças portadoras de patologias de origem genética, como a esclerose tuberosa ou a rubéola congénita.

Assim, importa listar as causas que podem originar este problema:

  • Predisposição genética;
  • Complicações durante a gravidez, especialmente doenças na mãe;
  • Parto prematuro;
  • Infeções neonatais;
  • Epilepsia (entre 25% a 45% dos autistas sofrem de epilepsia);
  • Anomalias a nível cerebral;
  • Traumatismo durante o parto.

Sintomas

Diversidade é o que não falta quando se fala dos sintomas e das manifestações do autismo. De acordo com os especialistas, e ao contrário do que pode pensar, as mudanças no comportamento não são evidentes desde os primeiros meses de idade da criança. De forma geral, só entre os 2 e os 6 anos as alterações são notórias.

O diagnóstico da doença é realizado com base em critérios pré-estabelecidos pela Associação Americana de Psiquiatria. Importa, então, saber quais os sinais a que deve estar atento para saber se deve levar a criança ao médico:

  • Dificuldades em manter o contacto visual;
  • Dificuldades em fazer amizades;
  • Comportamentos repetitivos;
  • Uma alteração na rotina origina uma perturbação exagerada;
  • Atraso fora do normal na fala e dificuldade em articular palavras e frases (consoante a idade).

Tratamento

Embora não exista uma cura para esta perturbação, existem tratamentos e medidas educativas que ajudam a melhorar a vida do paciente, dando-lhe mais autonomia e reduzindo as dificuldades comportamentais e sociais. Claro está que é crucial que este tipo de terapias seja aplicado o mais cedo possível para garantir bons resultados.

Regra geral, as abordagens terapêuticas incluem, essencialmente, comunicação e exercícios educativos. Muitas vezes são também feitas alterações na dieta do doente.

Em alguns casos, o médico poderá prescrever a utilização de medicação, como antidepressivos ou antipsicóticos. Se existirem outros problemas, como epilepsia ou alterações do sono, é importante que sejam também tratados em paralelo.

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