Ana Luisa Santo
Ana Luisa Santo
12 Dez, 2017 - 12:04

Carência afetiva: o princípio de muitos males

Ana Luisa Santo

Quando a necessidade de afeto e atenção do outro se torna uma dependência, surge a angústia, insegurança e insatisfação. Aprenda a superar a carência afetiva!

Carência afetiva: o princípio de muitos males

Ser afetivo, empático e sensível aos outros não é ser lamechas! É saber valorizar e expressar as emoções! O carinho e o afeto representam a capacidade que o ser humano tem de amar, aprovar e aceitar o outro.

Independentemente da idade, do género e do status social, todos nós precisamos de nos ligar emocionalmente aos outros, dar e receber afeto. Esta troca implica uma dança recíproca cujo equilíbrio constitui, muitas vezes, um mistério para os intervenientes.

Uma coisa é certa, quando uma pessoa depende da outra emocionalmente para se sentir feliz e amada, gera-se uma condição pesada para ambas. Isto porque quem é dependente cobra, mendiga ou manipula a atenção do companheiro e este, por sua vez, sente-se pressionado a suplantar os problemas internos do dependente, tarefa esta jamais impossível de cumprir.

Carência afetiva: como se desenvolve e como superar

Como se desenvolve a carência afetiva?

Durante a infância aprende-se a nutrir as necessidades básicas de afeto. A qualidade das relações com os pais determina a capacidade da criança receber e dar carinho aos outros, que será repercutida na vida adulta.

Na educação infantil, a falta de nutrição afetiva será geradora de baixa autoestima, impulsionadora no adulto de insegurança, rejeição, dependência, insatisfação, descrença em si e nos outros.

Uma criança que não aprendeu a ser carinhosa e não lhe foi dada a oportunidade de expressar livremente o que sente, mais tarde terá mais dificuldade em ser afetuosa, acabando por se fechar emocionalmente.

Por outro lado, crianças demasiado protegidas, com excesso de carinho e cuidado dos seus pais crescem sem aprender a resolver os seus problemas e dramas emocionais sozinhos, tornando-os adultos dependentes e sem capacidade de fazer nada sozinhas, inclusive de se amar a si mesmas.

Na carência afetiva as pessoas condicionam a sua felicidade aos outros. Entregam a responsabilidade de serem autónomas e cuidarem de si próprias aos outros. Mantêm-se crianças sempre, emocionalmente. Mantêm a dependência de colo, aconchego e atenção nos relacionamentos, como se fosse esse a fonte da sua própria felicidade.

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Quais as características de um perfil com carência afetiva?

a) Extrema dependência do outro para ser feliz e sentir-se bem;

b) Para evitar a solidão e o vazio, escolhe-se parceiros sem discriminar ou selecionar, caindo em relacionamentos desastrosos e até agressivos;

c) Excesso de ciúmes e controle sobre o outro;

d) Comportamento manipulador para chamar atenção (fazer-se de vitima, sufocar o outro);

e) Abandonar os seus objetivos pessoais para viver a vida do outro;

f) Hábito de se comparar com as outras pessoas por se sentir inferior a elas.

Como resolver a carência afetiva?

Cultive o prazer de estar sozinho: aprenda a desfrutar da sua companhia. Quem usufrui da sua auto-presença, aprende a nutrir-se emocionalmente. A escolha de um relacionamento será uma opção e não uma necessidade.

Valorize o que já possui: os seus valores, as suas crenças, os relacionamentos com amigos, familiares, colegas de trabalho, etc. A gratidão sobre estes bens são geradores de amor-próprio e aos outros que estão em redor, impulsionando a confiança, o otimismo, a alegria de viver e o prazer descentrado do “eu”.

Cuide de si como gostaria que o outro cuidasse: procure aceitar os seus pontos negativos tal como deseja que o outro aceite. Aprenda a lidar com as suas limitações. Do mesmo modo, orgulhe-se das suas capacidades e dos seus talentos.

A conquista de independência emocional é uma aprendizagem que se baseia em criar uma vida própria, iluminada por objetivos próprios, gostos próprios e mais individualizada para se tornar mais integrado e completo.

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