Olga Teixeira
Olga Teixeira
10 Jul, 2023 - 09:49

Crédito para férias: o que deve saber antes de fazer o empréstimo

Olga Teixeira

Está a pensar fazer um crédito para férias? Saiba quais são as regras e os cuidados a ter na contratação deste produto.

Se a sua viagem de sonho está fora do seu orçamento, recorrer a um crédito para férias pode ser uma opção para conhecer finalmente esse destino de viagem. Ainda assim, e até porque se trata de um crédito, é importante saber o que esperar e qual o impacto que vai ter na sua vida financeira.

Um crédito para férias está inserido no chamado crédito aos consumidores. Isto é, as normas legais são as mesmas que regem, por exemplo, o crédito automóvel ou o crédito pessoal que se faz para comprar móveis, eletrodomésticos e outros bens de consumo.

Consideram-se créditos pessoais os empréstimos a particulares de montantes entre os 200 e os 75 000 euros.

As normas gerais (como prazos máximos de reembolso e taxas máximas) são determinadas por lei, mas cada banco pode depois adaptar a oferta comercial, oferecendo, por exemplo, taxas de juro mais baixas.

Crédito para férias: quais as regras?

Assim, uma das normas em vigor determina que existem limites nas taxas a aplicar ao crédito pessoal (e, logo, ao crédito para férias). O valor máximo da TAEG (taxa anual de encargo efetiva global) é definido trimestralmente pelo Banco de Portugal (BdP) e tem de ser respeitado pelas entidades que concedem créditos.

A informação sobre as chamadas taxas de usura é divulgada antecipadamente pelo BdP, o que pode servir como referência caso esteja a pensar em contrair um crédito.

Outra norma que tem de ser respeitada por todos os bancos diz respeito ao prazo de reembolso que, no caso de um crédito para férias, não pode ultrapassar os sete anos. Este prazo só pode ser prolongado até aos 10 anos se o crédito pessoal tiver como objetivos educação, saúde e energias renováveis.

Informação e direito a desistir

Entre as regras dos créditos aos consumidores está também a obrigação de as entidades financeiras cumprirem os deveres de informação para com os clientes.

As informações de que precisa para tomar a decisão devem estar resumidas na Ficha de Informação Normalizada (FIN) que deve receber antes de assinar o contrato. Caso tenha dúvidas, faça todas as perguntas necessárias até perceber o que está a contratar.

Caso se arrependa, pode voltar atrás. A lei dá-lhe a possibilidade de desistir do contrato sem necessidade de justificar a decisão. Deve fazê-lo no prazo de 14 dias a partir da data em que assinou o contrato. Caso desista, tem de devolver, no prazo máximo de 30 dias, o valor que lhe foi emprestado e os juros devidos até à data do reembolso.

O que ter em conta num crédito para férias?

A contratação de um crédito para férias deve, por isso, ser ponderada e é importante perceber quais as condições de reembolso. Ou seja, quanto vai pagar, durante quanto tempo e qual o efeito dessa prestação no seu orçamento.

Assim, é importante calcular a taxa de esforço. Isto é, qual a percentagem dos seus rendimentos mensais que vai ser necessárias para pagar a prestação.

Se já tiver outros créditos, será ainda mais importante fazer estas contas. Gastar mais de 40% do seu orçamento para pagar créditos não é aconselhável. E quanto menor for o rendimento, menor deve ser esta taxa.

Taxas e seguros

Ao avaliar as várias opções de créditos de férias, deve ter em conta a TAEG. Será esta taxa, expressa em percentagem, que lhe vai indicar o verdadeiro custo deste empréstimo. Isto porque a TAEG, além dos juros, inclui, por exemplo comissões, impostos e outras despesas como seguros.

Por isso, tenha também atenção aos seguros associados. Tal como acontece com o crédito habitação, é comum os bancos exigirem que o cliente subscreva este produto para ter o empréstimo.

Se por um lado pode “encarecer” o crédito, por outro representa uma proteção acrescida caso algo aconteça. Ainda assim, é importante perceber quanto vai pagar pelo seguro e quais as condições da apólice.

Cuidados a ter antes de fazer um crédito para férias

Simular e comparar são dois verbos indispensáveis quando falamos de crédito e que, neste caso, podem ser ainda mais importantes. Isto porque, ao contratar um crédito para férias terá de pagar, durante alguns anos, algo de que só usufruiu uns dias.

Por isso, é importante garantir que o faz nas melhores condições, para que o preço dessa viagem não venha a ser excessivo.

Para comparar pode fazer simulações em vários bancos e depois perceber qual é a mais vantajosa. Isto tendo sempre em conta informações como o valor da TAEG ou dos seguros associados. Pode recorrer ao simulador do Banco de Portugal para calcular o valor da prestação mensal e o custo total do crédito.

O crédito para férias não deixa de ser um crédito e, por isso, há que ter muita atenção com as promessas de crédito fácil. As burlas de crédito são frequentes, sobretudo quando existe alguma pressa para obter o empréstimo. Assim, se as condições são demasiado boas ou se nunca ouvir falar daquela entidade, mais vale desconfiar.

comparar propostas de crédito
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Fontes

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