Luana Freire
Luana Freire
11 Jul, 2016 - 11:41

Crise financeira: mais 500 mil mortes por cancro

Luana Freire

Relatório da OCDE afirma que a crise financeira no mundo causou mais 500 mil mortes por cancro. O aumento de 1% na taxa de desemprego mundial está associado.

Crise financeira: mais 500 mil mortes por cancro

Mais mortes por cancro? Relatório da OCDE afirma que a crise financeira no mundo deixou mais marcas, e elas são mais graves. 

Sabe-se agora que as consequências da difícil conjuntura económica global contribuíram para o aumento da mortalidade por cancro no mundo. De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), desde 2008 cerca de 500 mil pessoas foram diretamente afetadas pelo agravamento da crise.


Mais desemprego, menos saúde

A ausência de postos de trabalho é apontada como uma das principais vilãs da saúde pública, e o aumento de 1% na taxa de desemprego está diretamente relacionado com o maior número de mortes por cancro em todo o mundo. 
 

Austeridade

A razão do problema é assinalada por um dos líderes da pesquisa, o médico Mahiben Maruthapu, do Imperial College de Londres. No relatório ele denuncia que “programas de saúde pública e gastos pessoais com saúde foram cortados em medidas de austeridade”. 
 

As vítimas

8,2 milhões de pessoas morreram por cancro em 2012. Um número alarmante para um assunto tão delicado. Os dados são da Organização Mundial da Saúde e indicam que a doença foi uma das principais causas de morte no mundo.

Para Maruthappu, as pessoas que sofriam com tipos de cancro que exigem tratamentos longos foram as mais afetadas. Os cancros da mama, da próstata e o colorretal estão entre os mais fatais, de acordo com o relatório. 
 

Os dados

A estimativa aponta para o facto de o aumento de 1% na taxa de desemprego estar associado à causa de mais 0,37 mortes por cancro a cada 100 mil habitantes. Ao lado deste cálculo, o relatório indica que o aumento de 1% no orçamento público para a área da saúde — percentual em relação ao PIB — está relacionado com  0,0053 mortes adicionais a cada 100 mil habitantes.

Ainda que sejam considerados dois dos países mais reconhecidos pelos avanços científicos de destaque no mundo, dados oficiais dos ministérios da saúde de França e Estados Unidos confirmam os resultados da pesquisa. 

  • França: 1.500 mortes/ano adicionais entre 2008 e 2010
  • Estados Unidos: 18 mil mortes adicionais no mesmo período

No estudo, Rifat Atun, professor na Universidade de Harvard, explica que os dois países fazem parte do grande grupo de nações que não tem sistema público de saúde. Para o investigador, isto influencia diretamente nos índices de mortalidade por doença, uma vez que os desempregados não têm fácil acesso à saúde privada, sendo diagnosticados tardiamente, “quando a doença pode já ser incurável”. 

Os pesquisadores envolvidos na pesquisa utilizaram dados de mortalidade de 70 países, e desenvolveram os cálculos com base na relação entre as taxas de desemprego, a mortalidade por cancro e os gastos públicos com saúde. 

A OCDE é uma organização internacional composta por 34 países, entre eles Portugal, Espanha, Alemanha e Suíça, Japão, Canadá, Estados Unidos e México.

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