Ana Graça
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27 Dez, 2017 - 13:03

Médico de família: 6 dicas de saúde para 2018

Ana Graça

A pensar num novo ano mais saudável, consultamos um especialista para lhe dar as melhores dicas de saúde para 2018. Tome nota destes conselhos.

Médico de família: 6 dicas de saúde para 2018

Quais as melhores dicas de saúde para 2018, tendo em conta a realidade do nosso país e o panorama atual? Para responder a esta pergunta, falamos com o médico de família Paulo Santos, que é também investigador no Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS).

Com base na opinião e experiência deste especialista, disponibilizamos esta lista de conselhos para o ano que vem.

6 dicas de saúde para 2018

1. Sal, o inimigo do coração: comece a cortar relações com ele

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Uma das principais causas de morte em Portugal continua a relacionar-se com as doenças cardiovasculares e um dos grandes culpados é o sal, que conduz a um aumento da tensão arterial.

De acordo com o médico de família Paulo Santos, em Portugal consumimos sal a mais. “A média do consumo de sal, por exemplo, anda nos 10.7 g/dia, mais do dobro do que é recomendado pela OMS (5 g/dia)”, explica.

É importante que em 2018 e nos anos seguintes façamos um esforço por reduzir as quantidades de sal que consumimos.

Como o pode fazer? Anote algumas dicas que deixamos, com base no blogue “Nutrimento” do Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável:

1. Use ervas aromáticas (de preferência frescas), como a salsa, os coentros ou o manjericão, durante a confeção dos alimentos;

2. Tenha especial atenção aos rótulos dos produtos, pois o sal pode aparecer também com outras designações, como sódio ou clorato de sódio;

3. Evite os caldos de compra, enlatados, snacks, carne e peixe secos e enchidos, pois geralmente são ricos em sal.

2. Alimentação Saudável: já ouviu falar na dieta mediterrânica?

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Uma boa alimentação está na base da prevenção de muitos problemas de saúde. Esta é uma das principais dicas de saúde para 2018 e é importante, neste ano, continuar a apostar na prática de uma alimentação saudável.

O médico Paulo Santos deixa o alerta em relação a outro fator de risco que leva ao aparecimento de doenças cardiovasculares: mais de metade da população portuguesa apresenta excesso de peso.

Nomeando este e outros elementos que o preocupam enquanto médico de família, o especialista realça ainda que este problema pode levar ainda “a um aumento do risco numerosas outras doenças como o cancro (mama, cólon e próstata, por exemplo), as artroses, e a diminuição da autoestima e depressão”. É fundamental, por isso, olhar pela nossa alimentação.

Falar de alimentação saudável é falar, por exemplo, da dieta mediterrânica. O que tem esta dieta de especial? Tem por base também a redução do consumo de sal e advoga, entre outros aspetos, uma diminuição do consumo de carne e outros produtos de origem animal em detrimento de um aumento do consumo de vegetais e frutas.

Quer experimentar seguir a dieta mediterrânica? Mostramos, em seguida, quais os seus princípios e os seus benefícios.

Princípios da dieta mediterrânica:

  • Frugalidade – aposta na cozinha simples e no consumo de produtos da época;
  • Elevado consumo de produtos vegetais em detrimento de produtos de origem animal;
  • Consumo de produtos vegetais, produzidos localmente, frescos e da época;
  • Consumo de ervas aromáticas em substituição do sal;
  • Consumo de azeite;
  • Consumo moderado de laticínios;
  • Consumo frequente de pescado e baixo de carnes vermelhas;
  • Consumo baixo a moderado de vinho e apenas nas refeições principais;
  • Água como principal bebida ao longo do dia.

Benefícios da dieta mediterrânica:

  • Ajuda a prevenir doenças cardiovasculares e de vários tipos de cancro;
  • Ajuda a prevenir a hipertensão arterial e a diabetes;
  • Contribui para a longevidade e qualidade de vida.
  • Reduz o risco de depressão, de doença de Parkinson e de doença de Alzheimer;
  • Melhora a saúde física e mental.

3. Vacinas: tem-nas em dia?

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Em 2017 surgiu um surto de sarampo em Portugal, quando já se pensava que a doença tinha sido erradicada no país. “Descobrimos da pior forma que as vacinas ainda são necessárias, mesmo em relação a doenças que pensávamos já não existirem entre nós”, refere Paulo Santos.

Para relembrar que, como diz o ditado, mais vale prevenir do que remediar, este conselho está entre as dicas de saúde para 2018. Hoje em dia, já é possível aceder através da Internet ao nosso boletim de vacinas, havendo até uma aplicação disponível para dispositivos móveis que nos permite consultá-lo e verificar se estão em ordem, quais as já tomadas e as que vamos ter de tomar.

Mantendo os níveis de vacinação acima dos 95% da população, segundo o médico, “confere imunidade de grupo e deixa-nos a todos menos vulneráveis às doenças para as quais temos vacinas disponíveis e que demonstram serem efetivas na nossa realidade”.

4. Rastreios: verifique quais os que tem de fazer no próximo ano

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São muito importantes e não poderiam faltar nesta lista de dicas de saúde para 2018. Porquê? Para além de, por um lado, nos deixarem mais descansados, dando-nos a certeza de que não temos qualquer problema, por outro, são uma forma de deteção precoce de vários problemas de saúde.

Paulo Santos aconselha a realização destes exames, pois permitem “em muitos casos tratar melhor os doentes e muitas vezes conseguir a cura da doença”.

Em 2018 não ignore, por isso, os rastreios. São determinantes em doenças como o cancro da mama, do colo do útero e no cólon e reto.

Confira esta lista dos principais rastreios:

  • Medição da pressão arterial pelo menos uma vez por ano a partir dos 40 anos de idade;
  • Rastreio da diabetes em todas as pessoas com excesso de peso a partir dos 40 anos;
  • Cálculo do risco cardiovascular global a cada 5 anos a partir dos 40 anos (50 anos de idade nas mulheres) e até aos 70 anos;
  • Rastreio oncológico do cancro do colo uterino (de preferência anualmente);
  • Rastreio oncológico do cancro da mama;
  • Rastreio do cancro do colon e do reto.

5. Tecnologia: ferramentas para melhorar a saúde

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Não larga o seu smartphone? Aproveite-o para ficar mais saudável. Atualmente existem, sobretudo, algumas aplicações móveis úteis e credíveis que podem ajudar a melhorar a sua saúde e a prevenir o aparecimento de doenças.

O médico de família Paulo Santos realça a importância destas ferramentas que têm uma característica que é fundamental – “possuem rigor científico e biomédico”.

No entanto, o especialista explica que estas não dispensam “a personalização que apenas o contacto médico-doente pode proporcionar”.

Damos dois exemplos de aplicações para dispositivos móveis que pode começar a usar já em 2018:

  • Happy: esta aplicação foi criada por investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde no Porto e dá-lhe conselhos, de forma didática, para prevenir o aparecimento de cancro;
  • mCarat: tem rinite alérgica ou asma? Esta aplicação desenvolvida pelo CINTESIS permite manter um registo de todos os eventos relacionados com estas doenças, medicação, cuidados de saúde e ter acesso a informação sobre as mesmas.

6. Informe-se mais sobre saúde

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Entre as dicas de saúde para 2018, o médico Paulo Santos reforça a importância do acesso por parte da população a informação credível sobre saúde.

Sempre que temos uma dúvida acerca deste assunto, recorremos quase de imediato ao motor de pesquisa Google. No entanto, nem toda a informação disponível na Internet sobre esta temática é credível.

“Este é um problema que o mercado ainda não resolveu e que assistimos todos os dias nos media ou na Internet com a promoção de suplementos alimentares, dispositivos terapêuticos, tratamentos alternativos, etc., com efeitos magnificamente anunciados, mas sem qualquer estudo credível que sustente as afirmações produzidas”, alerta Paulo Santos.

É importante ganhar o que se chama de literacia em saúde. “Só com rigor poderemos, de facto, melhorar a capacidade das pessoas em lidar com a informação de saúde, tornando-as verdadeiramente responsáveis por uma decisão que se pretende informada, livre e esclarecida”, acrescenta.

Procure informação certificada por profissionais de saúde, que utiliza fontes credíveis como especialistas em Medicina, instituições de saúde, instituições de ensino, relatórios, entre outros.

Paulo Santos, para além da sua atividade profissional como médico de família e investigador do CINTESIS, criou também uma plataforma onde publica artigos sobre variados temas de saúde para o público em geral – a plataforma Metis.

Dicas de saúde para 2018 na sua mão

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A estes conselhos podemos acrescentar outros que também não podemos descurar. Paulo Santos resume as dicas de saúde para o próximo ano a cinco dedos de uma mão:

  1. Praticar uma alimentação saudável;
  2. Praticar regularmente atividade física;
  3. Não fumar;
  4. Gerir o stress de forma adequada;
  5. Optar por práticas sexuais seguras.

“Se as tivermos em conta no próximo ano de 2018, iremos certamente ter uma população mais saudável quando fizermos as contas para 2019”, diz o médico.

Segundo o especialista, “a mudança de hábitos e comportamentos não acontece simplesmente porque o médico diz para assim fazer”. É necessário antes termos informação básica sobre saúde e compreendermos porque temos de mudar e conseguirmos ganhar conhecimento para tomar decisões adequadas, conjuntamente com o apoio do médico em que decidimos confiar.

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