Ana Graça
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26 Mar, 2018 - 10:37

Paranóia: o que é e como lidar com os sintomas

Ana Graça

A paranóia nada mais é do que a sensação constante de que ninguém é confiável. Ter suspeitas, até certo ponto, é normal. Mas e quando isso se torna grave?

Paranóia: o que é e como lidar com os sintomas

A paranóia não é, por si só, uma doença ou um diagnóstico. É, antes, um termo habitualmente utilizado para descrever um conjunto de sintomas psiquiátricos associados aos estados de psicose, que podem estar presentes em diferentes perturbações psiquiátricas.

Em resumo, para explicarmos de uma forma simples, o quadro é caracterizado pela constante desconfiança – baseada em factos reais, ou não. Desconfiar de alguém, até certo ponto, é absolutamente normal, certo?

Nos casos em que a paranóia se manifesta, este é um sentimento recorrente e exagerado, que faz transbordar emoções e prejudica a vida pessoal e profissional de quem tem de lidar com o problema. Na origem estão a baixa autoestima e a insegurança.

Mas quando pode aparecer um caso de paranóia? Em que contextos é mais comum? Descubra tudo sobre este transtorno.

Paranóia: tudo o que precisa de saber

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Fonte: Pixabay/christopher_burns

Paranóia: o que é?

A paranóia ocorre em muitos transtornos mentais, nomeadamente nos transtornos psicóticos. O estado de paranóia envolve sentimentos intensos e pensamentos ansiosos ou temerosos, relacionados com a suspeita de perseguição, conspiração ou ameaça.

Pessoas com paranóia têm ideias/pensamentos que não correspondem à realidade, mas que podem ter a sua origem em factos reais. São crenças fixas, falsas e inabaláveis, que não são passíveis de mudar, nem à luz da evidência oposta.

As pessoas com paranóia acreditam convictamente nos seus delírios, não modificando as suas ideias, mesmo após exaustiva demonstração da impossibilidade das mesmas. Os temas dos delírios costumam ser bizarros e implausíveis.

As perturbações que envolvem a presença de paranóia como, por exemplo, a esquizofrenia, surgem habitualmente durante a adolescência ou no início da vida adulta.

Quais as causas?

As causas da paranóia estão ainda por apurar e parecem ser variadas, não havendo uma causa única. A predisposição genética parece ter um papel importante, mas por si só parece não justificar por completo este estado de desfasamento da realidade.

O que se sabe é que na origem da paranóia está a alteração de várias funções mentais e emocionais, que afetam a capacidade de pensamento e juízo critico.

Quais os sinais/sintomas da paranóia?

Pessoas que apresentam um estado de paranóia tendem a apresentar algumas das seguintes características:

  • Têm delírios, nomeadamente, de perseguição;
  • Apresentam sentimentos de medo, raiva ou vingança, causados pelos delírios que têm;
  • São, habitualmente, pessoas reservadas;
  • Mostram-se muito desconfiadas dos outros;
  • São solitárias;
  • São hipervigilantes e sempre com uma atitude defensiva;
  • Têm medo constante de serem enganadas;
  • Acreditam que os outros estão constantemente a tentar fazer-lhes mal, ameaçar ou causar qualquer tipo de dano;
  • São excessivamente sensíveis às críticas;
  • Guardam rancor;
  • São incapazes de relaxar e confiar nos outros;
  • Mostram-se relutantes em dar informações pessoais a terceiros, com medo do que possam fazer com essas informações;
  • Encontram significados escondidos em observações e olhares inocentes das outras pessoas;
  • Suspeitam frequentemente de que os seus companheiros amorosos são infiéis;
  • Geralmente, são pessoas frias e distantes nas relações pessoais, e podem tornar-se controladoras e ciumentas;
  • Têm grandes dificuldades em desenvolver relações pessoais próximas.

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Como tratar a paranóia?

Os sintomas típicos desta condição, como a desconfiança constante, tornam o tratamento muito complicado. Dificilmente, pessoas com paranóia falam abertamente numa consulta médica. Desconfiam das questões colocadas, da medicação ou hospitalização prescritas, têm receio de perder o controlo e dos perigos imaginários que antecipam poderem acontecer.

Durante o tratamento, é muito importante conseguir estabelecer uma relação de colaboração e confiança com o paciente, de forma a reduzir as ideias irracionais. O tratamento da paranóia, geralmente, combina a vertente medicamentosa com o apoio psicológico.

Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico tem sempre que ser prescrito pelo médico que acompanha o paciente e adaptado de acordo com as especificidades de cada caso. O recurso à medicação antipsicótica pode ajudar na redução de alguns sintomas da paranóia.

Na presença de outros problemas psicológicos associados, como ansiedade ou depressão, ansiolíticos e antidepressivos também costumam ser prescritos.

Psicoterapia

O acompanhamento psicológico destes doentes tem mostrado bastante sucesso. Têm, geralmente, grande foco no aumento das habilidades de relacionamento pessoal, com vista a aumentar a interação social, a comunicação e a autoestima. Para além da intervenção individual, a terapia de grupo, de família ou a arte-terapia também podem ser consideradas.

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