Isadora Freitas
Isadora Freitas
11 Out, 2017 - 08:11

Postais do Camboja: uma partida feliz

Isadora Freitas

Chegou o momento de rumar a terras longínquas em busca de novas memórias. As dúvidas são muitas, a certeza é uma: vou voltar com mais do que parto.

Postais do Camboja: uma partida feliz

O coração minga a cada segundo que passa. Parece estar prestes a saltar-me do peito outra vez, para longe de todos a que chamo pessoas-Porto e a cair aos pés de perfeitos desconhecidos.

Depois de tantos “até já”, pensei que seria mais fácil descolar rumo a solo Cambojano. Não está a ser. A saudade não se sente menos com a prática. Não desvanece com o adicionar de carimbos ao passaporte. Vem sempre na mala, vive sempre no espírito. E ainda bem. É sinal de que o coração, que tantas vezes se despede, ainda não virou sola de sapato.

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Esta febre de partir não é, de todo, uma tentativa de escape ao ninho. Pelo contrário: alimenta-se das raízes. As despedidas custam, custam sempre, mas os regressos nunca serão demais. O primeiro pôr-do-sol na Ribeira depois de aterrar e a primeira sidra no Jardim do Morro farão sempre parte do meu imaginário. Da saudade. Do meu regresso.

Este é um sintoma de quem ainda procura algo, sei-o bem, de alguém que acredita que o Universo tem um plano para todos nós e que esta aventura faz parte dele. É um sintoma de quem sabe que vai ser feliz a explorar os encontros marcados num outro ponto do globo.

No Camboja, esperam-me o imenso desafio de ensinar português e a tremenda responsabilidade de ser embaixadora da alma lusitana por aquelas bandas. Esperam-me os cheiros intensos, os sabores diferentes, o calor abafador, as pessoas afáveis, os insectos persistentes. Esperam-me o tudo e o nada. O grande ponto de interrogação.

Sei apenas que mal posso esperar e que a mala, essa, já está feita. Máquina fotográfica, mochila, fotografias para espalhar nas paredes, sapatilhas, livros, um bloco e pouco mais. Parto com muito menos do que regressarei, isso é certo.

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Na lista de coisas a fazer antes da viagem, já risquei a ida à consulta do viajante e a compra do bilhete de avião. Aqui, o melhor é tratar de tudo com um pouco de antecedência. O visto, pelo contrário, só se faz à chegada ao aeroporto de Siem Reap, por 30USD e válido por um mês.

As aventuras pelo Sudeste Asiático costumam ter outros pontos de partida mas, visto que esta cidade cambojana perto dos famosos templos de Angkor será a minha casa nos próximos seis meses, terá de ser o primeiro lugar no meu roteiro (via Istambul e Bangkok).

Neste meio ano, enviarei todas as semanas postais do Camboja. Esta é a minha forma de partilhar as minhas aventuras e desventuras com todos os que, como eu, têm um bichinho viajante a precisar de alimento, e é também uma promessa: a de que não me esqueço das pessoas que têm feito do meu mundo um lugar feliz; a promessa de que vou escrever a essas pessoas-tudo e relembrar-lhes que as levo para onde vou.

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