Assunção Duarte
Assunção Duarte
26 Fev, 2019 - 11:40

Saiba como reaproveitar e reciclar gadgets antigos

Assunção Duarte

O Japão lançou o desafio, propondo que as medalhas olímpicas de 2020 fossem feitas a partir de lixo tecnológico. Mas há mais formas criativas de reciclar gadgets.

Saiba como reaproveitar e reciclar gadgets antigos

Reciclar gadgets é cada vez mais uma prioridade. Só na Europa, o número de telemóveis em circulação já ultrapassou o número de habitantes estimado em 513 milhões e, desde 2017, foram produzidos mais de 7000 milhões de equipamentos novos (dados da ONG Zero).

Dá para perceber o potencial de lixo eletrónico que estes números encerram. Se lhe acrescentarmos o facto de que para fabricar um único smartphone é necessário utilizar perto de 70 quilogramas de recursos naturais, desde minerais e metais raros, a materiais tóxicos e plásticos, percebemos rapidamente a gravidade desta ameaça ambiental.

Do lado do consumidor, a única solução que tem nas suas mãos é fazer durar o máximo possível os seus equipamentos e, se não for possível dar-lhes mais utilidade, reciclá-los.

Antes de reciclar gadgets, dê-lhes uma nova oportunidade

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O seu telemóvel antigo já não acompanhava as suas necessidades e teve de comprar um novo, mas não está partido nem estragado. Antes de pensar em vendê-lo ou doá-lo, pense se não pode mantê-lo a executar algumas das suas funcionalidades, mesmo não estando associado a um serviço de operadora.

Se não estiver partido e ainda conseguir manter a bateria, lembre-se que pode continuar a utilizar, off e online via wireless, muitas das aplicações que tinha instalado. Esta é uma boa forma de lhe prolongar a utilidade e de poupar a vida e bateria do novo dispositivo.

1. Pode ser um despertador

Todos os telemóveis incorporam um sistema de alarme que muitas vezes continua a funcionar mesmo num telemóvel mais velho. Pode assim torná-lo um ponto de armazenamento de boas melodias para adormecer e acordar relaxado, sem se preocupar em ter de lhe tirar o som ou a ligação à web, para não receber notificações.

Existem muitas aplicações gratuitas como a Relax Melodies, para lhe proporcionar um acordar e adormecer descansado ao som das suas músicas preferidas, e também capazes de lhe dar informação sobre a qualidade do seu sono, como a Sleep Cycle, por exemplo. Se apostar nesta utilização vai ver como o seu telemóvel menos recente se pode tornar um verdadeiro aliado da sua saúde.

2. Pode ser um eReader de bolso

Os eReaders como o Kindle estão apetrechados com ecrãs maiores para proporcionar longas horas de leitura sem cansarem a vista, mas se gosta de ler e não quer andar carregado com livros, não descarte já a hipótese de transformar o seu telemóvel antigo numa livraria barata e acessível para ler livros ou documentos onde quiser e precisar.

Liberto de outras funcionalidades de armazenamento, o seu dispositivo antigo pode transformar-se numa verdadeira biblioteca portátil que pode levar no bolso para todo o lado.

3. Pode ficar dedicado ao entretenimento

A capacidade de armazenamento dos telemóveis dos últimos anos cresceu exponencialmente. Eles podem ser verdadeiras bibliotecas de música, vídeos, podccasts e mesmo filmes. Ganha um dispositivo de entretenimento sempre à mão quando tem de viajar, estar à espera numa fila ou apenas quer relaxar no sofá, a ver e a ouvir o que mais gosta.

4. Pode ser uma câmara fotográfica para o seu filho

O seu telemóvel antigo pode ainda ser uma câmara fotográfica de qualidade para uma criança que começa agora a experimentar estes dispositivos. As qualidades da máquina mantêm-se se o telemóvel funcionar e é uma boa experiência antes da criança começar a utilizar um telemóvel mais caro e com ligação ao serviço de comunicação.

5. Pode ser a sua GoPro improvisada

Se a câmara funcionar, pode transformá-la numa GoPro adaptada a um capacete ou a um selfie stick. Uma vez que as preocupações com o aparelho antigo são menores do que com o novo, vai aventurar-se para fazer fotos e vídeos em ângulos arrojados.

Basta fixar o telemóvel com fita cola ou comprar uma caixa protectora adaptada ao seu modelo que possa manter a água e a poeira afastadas. Se apostar num obturador remoto controlado por Bluetooth ainda melhor já que pode comandar o disparo à distância. E já sabe, se acontecer algum acidente com esta máquina, o seu mundo não vai desmoronar.

6. Pode ser utilizado num sistema de vigilância

Muitos utilizadores já estão a recorrer a velhos dispositivos para criar um sistema de segurança para vigiar as suas casas, um bebé que está a dormir no quarto ao lado, ou um animal de estimação que está sozinho em casa.

O objetivo é ter o velho telemóvel ou tablet permanentemente ligado à corrente, para que não fique sem bateria, de forma a que possa transmitir imagens do sítio que se quer ter sob vigilância para um dispositivo mais recente.

O processo é bastante simples e precisa apenas da aplicação Skype instalada, no velho e no novo dispositivo. Criando duas contas diferentes para cada um, pode programar o equipamento antigo para atender automaticamente qualquer chamada para a sua conta, ligando o vídeo e mostrando as imagens que a sua câmara capta.

7. Para emergências

Mesmo não podendo fazer chamadas porque não tem um serviço contratado com a operadora, o seu antigo telemóvel pode fazer chamadas de emergência. Por lei, o 112 fica acessível a qualquer telemóvel que consiga funcionar, mesmo sem cartão associado. Se o mantiver com bateria e num local onde possa ser útil, pode vir a ser um backup eficaz em caso de emergência.

8. Para ser um moldura de fotografias digital

Se gosta deste tipo de dispositivos, o seu tablet ou smartphone podem funcionar como uma moldura, exibindo as suas fotos preferidas em loop constante. Pode ter as fotos armazenadas em memória ou pode recebê-las via streaming recorrendo a aplicações como a LiveFrame, para iOS, ou a Dayframe, para Android.

Onde e como pode reciclar gadgets que já não dão para aproveitar

reciclar gadgets

As principais razões apontadas para abandonar um telemóvel costumam incluir: ecrã partido com reparação muito cara, difícil ou impossível de realizar, baterias que não funciona bem e que não é possível trocar por causa do design do produto e software que já não pode ser atualizado e que torna o telemóvel incompatível com as aplicações e funcionalidades novas.

Muitos destes problemas podem ser atribuídos ao fabricante que cada vez mais vai ser pressionado, especialmente na Europa, a comprometer-se com requisitos de ecodesign que permitam prolongar a vida útil dos equipamento. Até esta questão ser mesmo uma prioridade para todos, fabricantes e consumidores, veja as opções que tem para reciclar devidamente o seu lixo eletrónico.

Devolver ao fabricante

Recorde ao fabricante as suas responsabilidades devolvendo-lhe os equipamentos que já não pode utilizar. Estes têm por obrigação receber os seus antigos dispositivos e encaminhá-los para a reciclagem devida e estão cada vez mais empenhadas neste processo para conseguir reduzir a sua pegada ecológica.

Com sorte, se comprar um dispositivo novo da mesma marca, é possível que o mesmo possa ter alguma campanha que aceite o seu antigo telemóvel ou computador fazendo-lhe um desconto no preço do novo.

Reciclar num ponto de recolha

Nas grandes superfícies comerciais ou nas grandes marcas distribuidoras de eletrónica, existem pontos de recolha deste tipo de equipamentos.

É melhor deixar os seus dispositivos estragados aqui do que no lixo comum ou nas embalagens, para que possam ser devidamente decompostos nos vários materiais utilizados no seu design.

E lembre-se, como os dispositivos eletrónicos possuem metais como ouro ou prata nos seus componentes, pode também tentar vendê-los a quem faça negócio disso. Saiba onde existem postos específicos da rede eletrão em Portugal.

Doar a uma boa causa

Se conhece alguma organização que está a recolher equipamento para depois vender ou reciclar e juntar dinheiro para uma causa específica com que se identifica, pode utilizar essa organização como ponto de recolha para o seu equipamento.

Foi assim que o Japão conseguiu recolher cerca de 47 mil toneladas de desperdícios eletrónicos, avaliadas em três milhões de dólares para fabricar as medalhas para os próximos jogos olímpicos.

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