Renata Silva
Renata Silva
27 Nov, 2023 - 12:11

Risco de ataque cardíaco é maior no inverno. Saiba porquê.

Renata Silva

Sabia que no inverno há maior risco de ataque cardíaco? A ciência explica as razões para este fenómeno e as melhoras maneiras de o evitar.

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No inverno, quando as temperaturas estão mais baixas, há um aumento da incidência de ataques cardíacos. Por que é que isto acontece? É sobre as razões que explicam porque é que o risco de ataque cardíaco é maior perante o frio que vamos falar.

Antes de chegarmos a elas, falamos de dois estudos que mostram que esta afirmação está cientificamente provada.

Um estudo norte-americano analisou, ao longo de três anos, cerca de 600 mil hospitalizações por falência cardíaca e concluiu que a probabilidade de as pessoas morrerem ou passarem mais tempo no hospital aumentava significativamente na estação mais fria do ano.

Um outro trabalho, neste caso na Suécia, chegou à mesma conclusão. Ao longo de 16 anos e analisando mais de 280 mil pacientes, os cientistas da Universidade de Lund verificaram que há de facto uma relação entre as baixas temperaturas e os ataques cardíacos.

A revista Readers Digest indica, recorrendo a especialistas em cardiologia, vários motivos que explicam o que está por detrás desta associação. Vamos conhecê-los em seguida.

6 razões para o nosso coração falhar mais facilmente no inverno

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1.

Os nossos vasos sanguíneos contraem

Quando está frio, o nosso corpo concentra-se em manter-nos quentes, protegendo das temperaturas extremas órgãos vitais como o cérebro e os pulmões. Neste mecanismo de proteção, há uma contração dos vasos sanguíneos o que faz com que o sangue não circule tão facilmente por todo o corpo. Assim sendo, o coração precisa de bater com mais força e mais rapidamente para fornecer o oxigénio necessário.

Dar uma volta a pé será fácil na primavera, mas no inverno custa mais e pressupõe um maior esforço da parte do nosso coração quando está frio. Quando o ritmo cardíaco e a pressão arterial aumentam, sobe também o risco de ataque cardíaco, de Acidente Vascular Cerebral e coágulos sanguíneos.

Proteja-se do frio, vestindo roupa quente e cobrindo especialmente as mãos, os pés e a cabeça que são as partes do corpo por onde perdemos mais calor corporal. Agasalhe-se e poupe o seu coração.

2.

Comemos comida menos saudável

É certo que no Natal e Ano Novo ganhamos algum peso extra e muitas vezes fazemos uma pausa na dieta. No entanto, os hábitos alimentares não vão afetar apenas a nossa linha, mas estão diretamente relacionados com o risco de ter problemas cardiovasculares. É algo que devemos ter cuidado ao longo de todo o ano, mas é nos meses mais frios que tem maior impacto.

A culpa está nas gorduras saturadas e no sal. O sal vai fazer com que haja retenção de líquidos. Para quem tem tendência para ter problemas de coração, há que ter especial atenção ao sal, pois toda a água que fica acumulada no corpo vai dificultar o trabalho do coração.

Os especialistas recomendam que beba bastante água e que coma mais vegetais, em detrimento de álcool e doces. Recorra às tradicionais couves ou grelos cozidos, às ervilhas, às courgettes ou beringelas. Estes alimentos vão ajudar a reduzir a ingestão de calorias, gordura animal e colesterol.

Beber água às refeições em altura de festas aumenta a saciedade, ou seja, deixa-nos com menos fome e ajuda a reduzir o impacto do consumo excessivo de sal, contribuindo para o melhor controlo da pressão arterial.

3.

Comemos muito mais

No inverno, em especial na quadra natalícia, temos tendência a comer maior quantidade comida. O consumo excessivo de alimentos pode aumentar o risco de ataque cardíaco, especialmente nesta altura.

Cada vez que fazemos uma refeição mais pesada o nosso sistema digestivo necessita de mais sangue para cumprir a sua função. Quando vamos para a rua depois de comermos muito, o nosso corpo fica com dificuldades a mais e os vasos sanguíneos vão contrair ainda mais porque, ainda vai ter o estômago a pedir sangue.

Por isso, estes dois fatores combinados – frio e comer muito – são uma espécie de “cocktail” para provocar um ataque cardíaco.

Para além de comer de forma saudável e de se manter quente, recomenda-se a prática de exercício físico para prevenir este problema.

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4.

Há maior probabilidade de termos gripe

A gripe está também associada a um maior risco de ter um ataque cardíaco. Esta é mais uma razão para ponderar tomar a vacina da gripe no inverno.

Ficar engripado afeta todo o nosso corpo. Este vai gastar muito mais energia a tentar recuperar. Para quem já tem problemas de coração, a situação agrava-se ainda mais.

Mesmo que fiquemos doentes após a vacina, a gripe será mais fraca e exigirá menos trabalho cardiovascular.

5.

Temos mais stress

Parecendo que não, toda a azáfama desta quadra festiva acaba por nos deixar um pouco agitados, sobretudo se as festas forem em nossa casa. Há stress entre tanto para organizar, comida para fazer e prendas para comprar. Está comprovada uma relação entre a amígdala (a parte do cérebro associada ao stress) e um maior risco de problemas cardiovasculares.

Os especialistas recomendam a prática de exercício físico que ajuda a baixar os níveis de stress. É importante que cuide dos outros e que tudo esteja bem, mas temos também de olhar por nós.

6.

Nas festas, sentimo-nos mais tristes

Não acontece em todos os casos, mas geralmente a quadra natalícia faz-nos lembrar algum ente querido que partiu e que nos faz falta ou de natais anteriores que possam estar associados a lembranças menos positivas. Por outro lado, há quem, por várias razões, esteja impedido de passar o Natal com quem mais gosta ou vá estar sozinho. Como este ano com a pandemia da Covid-19.

Tudo isso leva à solidão, à tristeza e até mesmo à depressão. A solidão pode mesmo partir-nos o coração e não o dizemos em sentido figurado. Segundo um estudo do British Medical Journal, o fraco relacionamento social aumenta em quase 30 por cento o risco de ter um ataque cardíaco.

A depressão está também ligada a um maior risco de ter este problema. Se se sentir isolado nas férias do Natal, procure, por exemplo, fazer voluntariado. Vai sentir-se melhor, pois pode aumentar a quantidade de dopamina – um neurotransmissor associado a sensações de prazer – no cérebro.

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