Luís Seco
Luís Seco
04 Out, 2017 - 08:33

Seguir os caminhos galegos até Santiago de Compostela e Pontevedra

Luís Seco

Indissociável do famoso caminho, Santiago de Compostela é uma cidade mundialmente reconhecida. Pontevedra é hospitaleira e tem um charme único. Conheça-as.

Seguir os caminhos galegos até Santiago de Compostela e Pontevedra

Assim que deixamos Portugal seguindo para norte para lá do Minho, a região da Galiza apresenta-nos um novo mas acolhedor país. Não radicalmente diferente do nosso mas, ainda assim, com argumentos suficientemente distintos para nos fazer sair de casa.

Caminhos galegos até Santiago de Compostela e Pontevedra

Santiago de Compostela

Se há cidade em Espanha de que todos já ouvimos falar é esta! Famosa por todo o mundo por ser, talvez, o terceiro destino mais importante de peregrinação cristã, depois de Roma e Jerusalém, Santiago de Compostela tem um centro histórico Património Mundial UNESCO desde 1985.

Mas desta lista também faz parte (desde 1993) o Caminho de Santiago devido à importância da arquitetura das cidades e paisagens por onde passa, mas também à sua associação a esta tradição de fé. Não foi à toa, aliás, que o Caminho foi o primeiro itinerário cultural europeu segundo o Conselho da Europa (1987).

Podemos chegar à cidade de carro, é certo. Contudo, para crentes e não crentes, percorrer a pé parte da extensa rota de caminhos pode ser um aliciante desafio, desde variadíssimos pontos de Portugal, Espanha e França.

Ao longo do percurso existem locais de importância histórica que foram criados para satisfazer as necessidades dos peregrinos: catedrais, albergues, igrejas, hospitais e pontes.

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Mas qual é o motivo que leva tanta gente a fazer-se à estrada a pé? O culminar das caminhadas que se iniciaram logo no século IX, aquando da fundação da cidade onde termina, é a catedral onde está o túmulo de Santiago Maior, um dos apóstolos de Jesus Cristo.

A sua majestosa fachada barroca, virada para a Praza do Obradoiro, chama-nos para o interior. Este templo foi construído entre 1075 e 1128 em estilo românico. Com o tempo, foram adicionados elementos góticos, renascentistas e barrocos. Na missa do meio-dia, o Botafumeiro, um gigantesco incensário com mais de 50 quilos feito de latão banhado em prata, voa suspenso no interior da catedral a uma velocidade alucinante.

Depois desta visita, não deixe de explorar também o seu museu para saber mais sobre o edifício e a cidade. Antes de sair à rua, a subida à parte superior permite contemplar Santiago e traçar um itinerário.

À hora de almoço, o percurso é menos religioso e bem mais fácil. Refiro-me àquele que conduz a um bar, taberna ou restaurante com pratos que revelem a gastronomia galega. Experimente os produtos regionais, especialmente o marisco, peixe e carne de vaca.

De estômago cheio, o melhor é passar algumas horas nos muitos parques e jardins da cidade. No centro, o Parque da Alameda possui uma vista privilegiada da cidade antiga, já ali ao lado. Também no Parque de Bonaval, um pouco mais longe, é possível desfrutar de uma atmosfera tranquila. Aqui, não deixe de visitar o Museo do Pobo Galego (Museu do Povo Galego) e o CGAC (Centro Galego de Arte Contemporânea), dois edifícios com inestimáveis obras de arte.

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De volta ao passeio pelos lugares históricos, entre no Convento de San Francisco de Val de Deus e aprecie a arquitetura e decoração no restaurante (e hotel) que ocupa hoje o edifício.

No mosteiro Beneditino barroco de San Martin Pinario, o destaque vai para a bela escadaria. Atualmente, desempenha as funções de residência universitária, hotel e museu.

Já a igreja e mosteiro de San Pelayo, perto da catedral, acomodam vários altares barrocos. As freiras que ainda vivem no mosteiro vendem comida através de uma janela giratória. Toque a campainha para provar os típicos bolos de amêndoa. Quem sabe consegue ouvir música vinda do interior ou os cantos Gregorianos…

Ainda com a religião como tema principal, outros lugares a visitar são: o Museo das Peregrinacións e de Santiago, que explica o fenómeno por trás do homem e da cidade; o Hostal dos Reis Católicos, construído no início do século XVI; o Pazo de Xelmírez (século XII), um palácio do bispo; o Museo de Arte Sacra cujo acesso é feito no Mosteiro de San Paio de Antealtares,…

Existem vários edifícios antigos que hoje pertencem à universidade. Seja quais forem os que visita, não deixe de entrar na atual reitoria, instalada no Colegio de San Xerome, um colégio do século XVII para os pobres. Importa ainda dizer que o edifício das faculdades de Geografia e História é emblemático.

Para quem gosta de pintura surrealista, a Fundación Eugenio Granell exibe obras do pintor e de outros surrealistas como Miró, Copley ou Cruzeiro Seixas. Ainda no capítulo das artes, a Cidade da Cultura é um edifício moderno que destoa completamente da arquitetura que normalmente encontrará pelas ruas do centro.

Esta pretende copiar as curvas dos montes numa casa que acomoda uma biblioteca, exposições variadas, concertos e workshops. Se a sua visita à capital da Galiza for durante a semana santa ou no verão, poderá visitar o Museo Casa de la Troya para ver como era uma antiga residência para os alunos da universidade no século XIX.

Sejam quais forem as suas escolhas para descobrir Santiago, demore-se a explorar as ruazinhas perto da catedral, onde encontrará imensas praças escondidas, como a Plaza de Cervantes, com bonitas estátuas e fontes.

A atmosfera da cidade é sempre jovial e animada. A oferta cultural é imensa ao longo de todo o ano, com o pico a acontecer durante os vários festivais, que põem sempre a gastronomia local num pedestal… O principal acontece a 24 de julho, em honra do apóstolo que dá nome à cidade. Claro!

Pontevedra

A hospitalidade desta cidade está presente no dito galego “Pontevedra dá de beber a quen pasa”. Constituindo uma excelente base para conhecer a natureza das Rías Baixas e a famosa arte rupestre da região, o centro é facilmente explorável a pé pelas praças e ruas de pedra que conduzem a casas nobres e a outros monumentos.

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Situada na zona alta, a Basílica de Santa María A Maior é um bom ponto de partida para procurar paços barrocos do século XVIII. As várias zonas antigas do centro estavam dedicadas a artes e ofícios específicos durante a época medieval: sapateiros, ferreiros, marinheiros, comerciantes de verduras…

Entende-se que o coração da cidade é a área da Praça d’A Ferrería, onde pode também encontrar a Praça da Estrela, os Jardins de Casto San Pedro, o convento de San Francisco e a Igreja d’A Peregrina.

No roteiro óbvio em direção ao rio Lérez pode passar pelo Museo de Pontevedra, com cinco edifícios históricos de exposições de arte galega e não só. Do outro lado das águas, passe pelo parque Rosalía de Castro e siga até à Ilha das Esculturas, já perto do campus universitário.

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De regresso ao centro pela Ponte d’O Burgo, trace o percurso pelo Mercado Hortícola, a Praça d’A Pedreira (repare no paço barroco de Mugartegui), a Pousada Nacional de Turismo (séculos XVI e XVIII), a Praça das Cinco Rúas, o Teatro Principal e a Casa das Campás.

Há (quase) sempre uma Praça de España nas cidades deste país. Nesta encontra a Câmara Municipal, as ruínas góticas de Santo Domingo e uma série de agradáveis espaços verdes. Guarde ainda tempo para ver o emblemático Café Moderno. No bairro d’A Moureria, as típicas e simples casas de pescadores são incontornáveis.

Pontevedra tem um charme próprio na sua arquitetura, complementado pela já referida e conhecida gastronomia da Galiza que, mais uma vez nesta região, acompanha as festividades destas gentes que se sentem tão próximas a Portugal. Faça-lhes uma visita.

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