Teresa Campos
Teresa Campos
08 Nov, 2023 - 12:13

Tromboflebite ou trombose venosa: como detetar e como tratar

Teresa Campos

A tromboflebite designa o aparecimento de um coágulo sanguíneo numa veia. Descubra os riscos associados e os tratamentos disponíveis.

mulher com tromboflebite

A tromboflebite é um termo que se refere à existência de um coágulo sanguíneo numa veia do corpo. As consequências deste problema são variáveis, pois dependem da localização do trombo e, também, da sua progressão e evolução. Em casos mais graves, a tromboflebite pode provocar uma embolia pulmonar.

Por este motivo, em caso de suspeita de tromboflebite, é fundamental consultar um especialista, de modo a confirmar o diagnóstico e a iniciar o tratamento o mais depressa possível. Fique a conhecer alguns dos principais sintomas deste problema, assim como os fatores de risco e os tratamentos mais recomendados.  

Tromboflebite: tudo o que precisa de saber

A tromboflebite ou a trombose tem lugar quando um coágulo sanguíneo se forma numa artéria ou numa veia, podendo causar ou uma trombose venosa profunda (TVP) ou uma embolia pulmonar (EP), potenciando a morte por um tromboembolismo venoso (TEV).

O trombo pode formar-se numa perna, braço ou noutras partes do corpo, até porque o coágulo pode deslocar-se até várias regiões do organismo, através da corrente sanguínea. Em qualquer um dos casos, o coágulo dificulta ou impede o fluxo normal de sangue.

Se a tromboflebite não for diagnosticada ou tratada, o coágulo sanguíneo que lhe deu origem pode estender-se para outras veias e chegar mesmo aos pulmões, causando outro problema: a embolia pulmonar.

A gravidade e as consequências da embolia pulmonar vão depender da dimensão do êmbolo, do tamanho e do número de artérias pulmonares obstruídas, bem como do estado geral de saúde do indivíduo.

Fatores de risco

A tromboflebite é mais prevalente em indivíduos com varizes. Porém, também pode manifestar-se em pessoas sem varizes, que reúnam fatores de risco como:

  • estar acamado;
  • ter membros engessados;
  • fazer viagens prolongadas;
  • estar grávida;
  • tomar estrogéneos;
  • ter sido sujeito a uma cirurgia;
  • ter cancro.
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Sintomas

Os sintomas da tromboflebite variam em função da região em que surge o trombo.

Quando se trata de uma tromboflebite superficial, os sintomas mais recorrentes são:

  • dor localizada;
  • rubor (vermelhidão);
  • edema (inchaço);          
  • endurecimento;
  • sensibilidade muscular;
  • febre;
  • mal-estar geral;
  • calor na região da veia inflamada.

Já quando a tromboflebite atinge as veias profundas do corpo, os sintomas indicativos de inflamação podem ser menos notórios. Ainda assim, alguns deles podem ser:

  • edema;
  • endurecimento do tecido celular subcutâneo da perna;
  • dor quando se movimenta o membro cuja veia foi afetada.
Mulher com varizes

Diagnóstico

Se suspeitar que tem uma tromboflebite, deve consultar um médico de cirurgia vascular, de modo a diagnosticar e a tratar este problema.

O médico irá ter em conta o historial clínico do doente, fazendo-lhe um exame físico e, também, um exame eco-Doppler das veias dos membros inferiores. Em alguns casos, pode ainda ser necessária a realização de exames adicionais, tais como: angiotomografia computadorizada (angio-TAC) ou angiorressonância magnética (angio-RM).

Tratamento

O tratamento da tromboflebite depende do historial clínico do doente, dos resultados dos exames médicos que forem realizados e da veia afetada. Em alguns casos, a terapêutica para este problema passa por:

  • elevação da perna;
  • realização de caminhadas;
  • colocação de meias elásticas compressivas;
  • tratamento do componente inflamatório ou infecioso;
  • administração de medicamentos anticoagulantes (orais ou injetáveis) e/ou agentes trombolíticos;
  • evicção de fatores de risco que potenciem a tromboflebite.

Anticoagulantes

Os anticoagulantes são, geralmente, medicamentos muito importantes nestes casos, já que são capazes de:

  • impedir o crescimento e a formação de novos trombos;
  • ajudar a recuperar o fluxo sanguíneo na veia atingida;
  • reduzir o risco de embolia pulmonar.

Prevenção

Evitar, quando possível, os fatores de risco é uma forma de prevenir a tromboflebite.

Fazer uma alimentação equilibrada; praticar exercício físico regularmente; não fumar; e não beber álcool excessivamente são hábitos saudáveis que são sempre recomendáveis.

Além disso, quem reúne alguns dos fatores de risco enunciados anteriormente deve visitar, periodicamente, um médico de cirurgia vascular, de maneira a avaliar o estado das suas veias.

Tromboflebite e mortalidade

Segundo a International Society on Thrombosis and Haemostasis, as TEV causam mais mortes por ano na Europa e nos Estados Unidos da América do que a SIDA, o cancro da mama, o cancro da próstata e os acidentes de viação. Além disso, as estatísticas adiantam que até 60% dos casos de TEV ocorrem durante a hospitalização ou nos 90 dias após a alta.

Assim, a hospitalização constitui um fator de risco significativo para o surgimento da tromboflebite após procedimentos cirúrgicos (sobretudo ortopédicos, oncológicos e ginecológicos), corte ou falta de movimento por muito tempo.

pernas cansadas

Tromboflebite associada ao cancro

A Trombose Associada ao Cancro (CAT) é mesmo uma das principais causas de morte por cancro. Segundo os estudos, até 20% dos doentes oncológicos são afetados por um tromboembolismo venoso.

O risco é maior durante os primeiros 3 a 6 meses após o diagnóstico de neoplasia. A quimioterapia, a radioterapia, a hospitalização e a imobilidade aumentam ainda mais o risco do surgimento de tromboflebite associada ao cancro.

Por tudo isto, é importante consciencializar e tomar medidas para evitar este problema, reduzindo a morbilidade e mortalidade dos doentes, aumentando a sobrevida, a qualidade de vida e reduzindo os custos para o sistema de saúde e para a sociedade.

GESCAT (Grupo de Estudos de Cancro e Trombose)

Este grupo foi criado em julho de 2014 visando chamar a atenção para a importância da Trombose Associada ao Cancro, junto dos profissionais de saúde, dos doentes, dos familiares e cuidadores, decisores institucionais e políticos e da sociedade, em geral.

A sua intervenção guia-se por uma série de objetivos que buscam essencialmente a multidisciplinaridade e o reforço da investigação. Daí que o GESCAT vise acima de tudo estes propósitos:

  • integrar profissionais de diferentes especialidades;
  • ser uma referência na formação científica, na elaboração de recomendações clínicas, na investigação, no registo epidemiológico e na informação para a saúde junto da comunidade;
  • incentivar as diferentes instituições de saúde, públicas e privadas, a melhorarem o acesso dos doentes oncológicos sob risco à prevenção e ao tratamento.
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