Luís Seco
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16 Fev, 2018 - 00:00

Viajar de carro pela Europa: a emoção da estrada

Luís Seco

Partir em viagem é sempre emocionante, mas criar destinos de carro pela Europa pode mesmo ser incrível. Descubra porquê.

Viajar de carro pela Europa: a emoção da estrada

Uma das grandes vantagens que a Europa tem para todos os viajantes é que é um continente riquíssimo com países completamente diferentes em termos culturais e dispersos num raio de poucos quilómetros. A outra vantagem, senão a maior, é que as fronteiras estão abertas na transição entre países que partilham do espaço Schengen. Isto significa que viajar de carro pela Europa, cruzar essas fronteiras, é algo tão simples como… Atravessar qualquer outro metro de estrada!

Viajar de carro pela Europa

É verdade que há países enormes no Velho Continente – como a Espanha, a França, a Alemanha, a Polónia, a Ucrânia -, já para não falar daqueles que estão na Escandinávia ou da gigantesca Rússia. Atravessá-los de ponta a ponta demora imenso tempo. Percorrer a Espanha desde Badajoz até à fronteira com a França, por exemplo, obriga-nos a uma viagem de cerca de 900 quilómetros. Mas, também é verdade que, especialmente no centro da Europa, a diversidade de nações é tanta que “saltitar” entre várias é extremamente fácil. Num raio de cerca de 300 quilómetros em redor de Viena (Áustria) podemos chegar a 9 países diferentes.

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Partir de carro é, por isso, uma aventura incrível para quem quer conhecer o máximo possível da Europa com toda a liberdade que este meio de transporte nos traz. Fazer uma road trip neste continente é como que rejuvenescer. Experimentar comidas e tradições diferentes, descobrir a música local nas rádios nacionais. Formas tão distintas de ver a vida. Encontrar algo de diferente todos os dias, ou mesmo várias vezes ao dia, é fabuloso. E tudo sem a ansiedade de voar após todos os protocolos chatos pelos que temos de passar num aeroporto.

É altura de fortalecermos as relações com os nossos companheiros de viagem. Em família (com ou sem miúdos) ou com amigos.

Percurso planeado?

Surge agora uma pergunta pertinente: planear ou não o percurso? Na minha opinião, o melhor a fazer é um misto. Faça um plano que englobe alguns pontos-chave como cidades, praias ou montanhas, e calcule quanto tempo quer demorar em cada um desses pontos, tal como o tempo que demorará para cumprir o percurso na estrada. Finalmente, inclua no seu planeamento mais 30% de tempo para paragens imprevistas, mudanças de planos e estadias prolongadas porque se apaixonou por determinado lugar. Seja espontâneo!

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Contudo, tenha sempre a noção de que não pode ir a todo o lado numa só aventura deste género. Arranje uma forma de limitar o número de quilómetros. Vá por um caminho e volte por outro. Comece a regressar a casa a partir de determinada data, mas ainda com margem de manobra – para não ter apenas estrada pela frente -, e escolha alguns últimos lugares que quer conhecer, definindo sempre onde pretende pernoitar.

Para os apaixonados por condução

Já que o prazer de condução deverá ser um ponto em comum para aqueles que decidem fazer uma grande viagem de carro, escolher também algumas estradas consideradas como as mais bonitas é crucial. Neste aspeto, algumas das que são sempre referidas incluem a Transfagarasan (Roménia), bem como muitas nos Alpes: Col de la Bonnette (França), Suíça (Flüela Pass/Graubunden), Itália (Stelvio Pass) e Áustria (Grossglockner). Já nas ilhas, depois do Canal da Mancha, não perca a The Old Military Road (nas Terras Altas da Escócia), a Wild Atlantic Way (República da Irlanda) e a Causeway Coast Scenic Drive (Irlanda do Norte). Cuidado com os enjoos!

E os hotéis?

Quanto a hotéis… Tendo em conta as sugestões que acabei de fazer, não faz muito sentido reservar alojamento para todos os dias da viagem logo antes de sair de casa, até porque os planos podem mudar (e vão, certamente).

Menos sentido faz andar a acelerar pelas estradas ou a apressar determinada visita a uma cidade só para seguir rapidamente para o destino seguinte porque tem uma reserva à espera – para além de ser sempre recomendável cumprir limites de velocidade e conduzir em segurança em qualquer lado, mas essencialmente em países como os da Europa Central, onde vai poder ver que todos os comportamentos na estrada são bastante mais civilizados do que aqueles que vemos nos países latinos… Como Portugal. Acima de tudo, stress e viagens são duas coisas que não combinam de todo.

O ideal em relação a alojamento é fazermos as reservas a partir do nosso telemóvel desde o caminho, quando tivermos a certeza absoluta de onde e quanto tempo queremos estar a seguir. O maior problema que poderemos ter é a questão do preço, essencialmente se estivermos a viajar em época alta. É um risco que teremos de correr.

Com a mobilidade que temos, poderemos sempre dormir 50 quilómetros mais à frente para conseguir o melhor preço. O que são mais 30 ou 40 minutos de caminho? Quando se trata de conseguir alojamento nas grandes cidades (Madrid, Paris, Viena, Roma, etc), os hotéis dos arredores deverão ser a nossa prioridade por duas razões: são, normalmente, mais baratos e não implicam o pagamento adicional de lugar de estacionamento durante a noite. Seja qual for a solução encontrada para cada um dos dias específicos, hoje em dia é extremamente simples encontrar qualquer morada. Eu já nem me lembro da vida antes do GPS. Como é que antes se encontrava uma morada a partir de um mapa? Quando tempo perdíamos a encontrá-la?

Algumas questões práticas

Bem sei que tenho incentivado à espontaneidade até este momento. Mas, há questões práticas que não podemos esquecer quando planificamos uma viagem de vários milhares de quilómetros. Tome nota:

  • Revisão do carro – Feita num mecânico e incluindo a verificação do estado dos pneus (considere trocar de pneus durante a viagem, num país onde sejam mais baratos);
  • Malas – Leve apenas o essencial. Onde quer que for, é sempre possível fazer compras necessárias, como (alguns) medicamentos comuns. Não se esqueça dos calções de banho (até no inverno, para um mergulho numa piscina coberta), mas lembre-se também que faz sempre frio na montanha a partir de certas altitudes (já conhece o glaciar Aletsch, onde poderá chegar desde Jungfraujoch, Suíça?). Deixe espaço extra no porta-bagagens para trazer algo importante que encontre;
  • Seguro do carro – Verifique se a carta verde do seu seguro automóvel cobre todos os países que pretende visitar. Se faltar algum, faça uma extensão junto da sua seguradora por tempo limitado;
  • Seguro pessoal – Pode fazer um seguro pessoal, especialmente se considerar a hipótese de fazer atividades mais radicais. Em todo o caso, não saia de Portugal sem pedir o CESD (Cartão Europeu de Seguro de Doença), que nos permite usufruir do mesmo tipo de proteção social que qualquer pessoa residente em um 28 estados-membros da União Europeia e ainda Islândia, Listenstaina, Noruega e Suíça. Este cartão é completamente gratuito;
  • Combustível – Descubra preços dos combustíveis na Europa para saber onde é mais barato atestar o carro;
  • Esteja atento a situações particulares em alguns países como a compra de uma vinheta para circular nas auto-estradas (Eslovénia e Suíça, por exemplo).

Agora só lhe falta convidar uns amigos, escolherem o percurso e esperarem ansiosamente pela data da partida. Façam-se à estrada numa aventura de carro pela Europa!

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