Alexandra Nunes
Alexandra Nunes
03 Nov, 2018 - 09:42

Segurança Social: os jovens terão acesso à reforma?

Alexandra Nunes

É incerto se os jovens terão acesso à reforma da Segurança Social. Por isso, convém prevenir e poupar desde já. Conheça algumas opções.

Segurança Social. Terão os jovens de hoje acesso a uma reforma?

Os jovens terão acesso à reforma? Com uma nuvem de dúvida sobre o assunto, o melhor é começar a refletir sobre o tema e ter cautela.

Os jovens terão acesso à reforma pela segurança social?

jovens vão ter acesso a reforma da segurança social?

Será que os nossos jovens vão ter direito a pensões da Segurança Social? A pergunta é cada vez mais recorrente e premente. A população está a envelhecer, a taxa de natalidade mantém-se baixa, logo, há uma redução da população ativa. Isso tem impacto no mercado de trabalho e na sustentabilidade do sistema de apoio social, nomeadamente nas pensões.

As gerações mais jovens estão a garantir que os reformados de hoje tenham as suas pensões. Mas ao ritmo que as coisas seguem, as novas gerações terão cada vez mais dificuldades em aguentar o financiamento das pensões. Para além disso, a esperança de vida tem aumentado regularmente.

Desde 2000, homens e mulheres já ganharam dois anos de esperança de vida aos 65 anos, e as projeções antecipam um ganho de mais três anos até 2060. Ou seja, é previsível que trabalhem cada vez até mais tarde.

Economia pode não garantir as reformas dos jovens de hoje

Estudos feitos quer pela Comissão Europeia, quer pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) estimam que o crescimento do emprego e da produtividade não será suficiente para gerar um potencial de crescimento da economia capaz de compensar os impactos negativos do envelhecimento demográfico no sistema de pensões.

O risco de os salários não acompanharem os preços dos produtos, também coloca problemas ao atual modelo de financiamento do sistema de pensões assente no mercado de trabalho.

Hoje em dia, 80% dos impostos que são retirados dos salários para serem entregues à Segurança Social já são absorvidos pelas pensões pagas aos reformados. Se cada vez houver menos pessoas ativas, a trabalhar e a contribuir, é certo que o dinheiro não vai chegar para todos terem uma reforma no futuro.

Atualmente, a idade normal de reforma é aos 66 anos e 4 meses, podendo ser antecipada se a carreira contributiva estiver completa antes. O relatório recente da OCDE – “Pensions at a Glance – indica que um jovem português que tenha começado a trabalhar em 2016 com 20 anos de idade só poderá ter reforma completa (após concluir toda a carreira contributiva) aos 68 anos.

Se não tiver completado a carreira contributiva, só aos 70 poderá entrar na reforma. Isto significa que, entre os 35 países da OCDE, Portugal é o quarto país que apresenta a maior projeção de idade de reforma. Para as novas gerações e a geração millennial estes dados acrescentam ainda mais dúvidas sobre se terão direito a pensão ou não.

Poupar para o futuro

jovens terao acesso a reforma da seguranca social

Não sendo certo se haverá fundos suficientes para garantir que os jovens vão ter acesso a apoios da Segurança Social e não havendo consenso entre os partidos, e ação por parte dos sucessivos governos, para repensar a sustentabilidade do sistema de pensões, há que tomar precauções.

A geração millennial está no início da vida profissional e é natural que não pensem ainda na reforma. Mas convém começar a fazer um pé-de-meia já.

A taxa de substituição de pensões (percentagem da pensão face ao último salário) está prevista ser no máximo 55%. Ou seja, a manterem-se estes dados, imaginando que o seu último salário é mil euros, a sua reforma será de 550 euros. Para garantir que não perde qualidade de vida, deve assegurar que os restantes 450 euros mensais provenham de uma poupança feita ao longo da vida de trabalho. É imprescindível poupar e investir em produtos complementares de reforma desde cedo.

Para calcular quanto precisará de poupar para estar tranquilo na velhice, imagine qual será o valor do seu salário na altura da reforma, aplique a taxa de substituição, e determine quanto poderá gastar por mês. Multiplique esse valor mensal por 20 anos para obter o valor aproximado do que terá de poupar para a reforma. Assim, saberá quanto tem de poupar mensalmente.

Opções de poupança para a reforma

Se é conservador em relação ao dinheiro, poderá limitar-se a, todos os meses, pôr um determinado valor de parte. No entanto, esta forma simples de poupança poderá não ser sustentável para o objetivo final. Investir em planos de poupança ou fundos de investimento podem ter melhores resultados.

Algumas sugestões de produtos de poupança para a reforma são:

A escolha do produto financeiro depende da idade atual, de quantos anos de trabalho tem ainda pela frente, do nível salarial e das expetativas para o futuro. Quanto mais rentável for a poupança e menos IRS pagar, melhor. O importante é começar o mais cedo possível.

Não sendo possível responder à questão que se põe e não sendo claro que os jovens terão acesso à reforma paga pela Segurança Social, convém pensar no assunto e ser precavido.

Veja também