Hugo Moreira
Hugo Moreira
21 Fev, 2011 - 00:00

Será a queda do malparado uma boa notícia?

Hugo Moreira

De acordo com o boletim estatístico divulgado hoje, o crédito malparado terá baixado em 311 milhões de euros, de Novembro para Dezembro de 2010. Se esta é encarada por muitos como sendo uma boa notícia, para outros, estes números não querem dizer nada, já que esta diminuição está relacionada com uma operação financeira habitual no fim de todos os anos, não sendo reveladora de nenhuma tendência.

Será a queda do malparado uma boa notícia?

Desde Maio de 2010, que este é o valor registado mais baixo, altura essa em que se registou o valor de 3.985 milhões de euros.

Em todas as vertentes, o crédito malparado baixou, inclusivé no crédito habitação onde costuma ser mais significativo, reduzindo 50 milhões de euros. No crédito ao consumo baixou também em 79 milhões de euros.

Esta redução no crédito malparado não é nenhuma notícia espectacular e existe essencialmente uma explicação, de acordo com presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Recuperação de Crédito (APERC), António Gaspar. O que acontece é que ao fim de cada ano os bancos limpam as suas carteiras, isto é, vendem carteiras de crédito malparado, que já perderam a esperança de recuperar.

Aliás, o presidente da Associação não tem qualquer dúvida que em Janeiro se vá ouvir falar no aumento do crédito malparado. Na verdade, basta os bancos venderem 10% a 15% do total da carteira de créditos para compor o balanço, além da responsabilidade desse crédito passar para a mão de terceiros.

Cerco apertado persiste na concessão de crédito, e isso sim é uma realidade. É dada primazia ao crédito habitação, em detrimento do crédito ao consumo e outros, pois no hipotecário existe sempre uma garantia para o banco, que é a própria casa.

Mesmo no crédito habitação, a concessão de crédito é cada vez mais restrita, resultado de os bancos avaliarem as casas por baixo do seu valor e emprestarem um valor inferior ao valor da avaliação, o que implica que as famílias portuguesas tenham que dar uma entrada para o empréstimo bem maior.