No meio de uma explosão de verde e envolta numa serenidade ímpar, a aldeia da Mata Pequena é o testemunho de tempos de antanho, onde os arrabaldes das grandes cidades eram fundamentais para o abastecimento de produtos agrícolas às populações.
Esta aldeia fica no concelho de Mafra, a cerca de 30 minutos de Lisboa, é um refúgio que conta algumas dessas histórias e que preserva com notável autenticidade o património arquitetónico, ambiental e cultural da região saloia.
Este pequeno aglomerado de casas em pedra, recuperado com grande rigor e paixão, é hoje um dos melhores exemplos de turismo rural sustentável em Portugal.
Ideal para quem procura tranquilidade, natureza e tradição, a aldeia da Mata Pequena é muito mais do que um local bonito. É uma experiência viva da ruralidade portuguesa.
Aldeia da Mata Pequena: no coração da região saloia
A história da Mata Pequena remonta a tempos antigos, com vestígios de ocupação humana desde a época romana. No entanto, como aldeia, a sua relevância acentuou-se sobretudo nos séculos XVIII e XIX, quando a região saloia era uma das principais fornecedoras de produtos agrícolas para Lisboa.
Com o êxodo rural, a aldeia foi progressivamente abandonada até que, já no século XXI, Ana e Diogo Batalha lideraram um projeto de recuperação exemplar. As casas foram reconstruídas utilizando materiais tradicionais, como a cal e a pedra, mantendo a traça original.
A eletricidade foi cuidadosamente integrada e muitos objetos antigos foram reaproveitados como elementos decorativos.
Hoje, a Mata Pequena é habitada por famílias e animais, e recebe visitantes de todo o mundo que procuram autenticidade e calma.

Uma dúzia de casas
A aldeia é pequena. Tem cerca de uma dúzia de casas, uma capela, currais, e um lavadouro comunitário, tudo interligado por caminhos em terra batida e ruelas estreitas.
O ambiente é acolhedor, pontuado por vasos floridos, bicicletas antigas (as famosas “pasteleiras”) e ferramentas agrícolas expostas nas fachadas das casas.
No dia da nossa visita, pouco ou nada se passava. O tempo ali corre devagar. Ao longe o balir de uma cabra denuncia que estamos num campo. Mais perto, um burro olha desinteressado. É um pouco assim que correm os dias.
Mas há um ambiente em volta deste casario que nos impele a querer ficar. Quem sabe se para sempre.
Quem quiser alargar o âmbito da visita, pode sempre dar um giro até ao Penedo do Lexim, um antigo cone vulcânico com importância geológica e arqueológica, onde foram encontrados vestígios de ocupação humana pré-histórica.
E claro, a cerca de 10 quilómetros está o imponente Convento de Mafra, Património Mundial da UNESCO, que merece uma visita demorada.
Atividades pela Mata Pequena
Apesar da sua dimensão modesta, a aldeia da Mata Pequena oferece um leque surpreendente de atividades que permitem aos visitantes imergir na vida rural tradicional portuguesa
Passeios de burro
Uma das atividades mais populares, especialmente para famílias com crianças, são os passeios de burro pela aldeia e pelos trilhos envolventes. Esta experiência recupera uma das formas de transporte típicas do Portugal rural.
Caminhadas e trilhos naturais
Existem vários percursos pedestres devidamente assinalados que partem da aldeia e atravessam a paisagem saloia, passando por campos agrícolas, vales e colinas. São ideais para quem gosta de caminhadas na natureza e fotografia.
Passeios de bicicleta
A região é também excelente para passeios de bicicleta, com estradas de terra e pouco movimento automóvel. As bicicletas podem ser levadas pelos visitantes ou alugadas em Mafra.

Workshops de pão e culinária tradicional
Algumas casas da aldeia organizam workshops temáticos, como a confeção de pão em forno de lenha, que permite aprender as técnicas ancestrais de produção de alimentos. Há também experiências de gastronomia saloia, onde os visitantes podem preparar (e saborear) pratos típicos como o borrego assado, a sopa de feijão-verde ou as filhós.
Atividades com animais
A aldeia abriga galinhas, porcos, patos e até burros, todos mantidos de forma tradicional. Os visitantes (especialmente os mais pequenos) podem ajudar na alimentação dos animais e conhecer de perto os ritmos de uma quinta portuguesa.
Oficinas artesanais e culturais
Em certas épocas do ano, realizam-se oficinas de cestaria, olaria e bordado, conduzidas por artesãos locais. Estas atividades permitem aos visitantes levar consigo uma lembrança feita à mão, enquanto apoiam a economia local.
Comodidades e gastronomia
As casas disponíveis para alojamento mantêm a aparência tradicional, mas foram adaptadas com comodidades modernas. A maioria possui lareiras, cozinhas equipadas e pátios privativos, oferecendo um ambiente perfeito para relaxar ao final do dia.
A decoração interior aposta em materiais naturais, como a madeira e a cerâmica, com objetos de época cuidadosamente selecionados.
Embora a aldeia em si não tenha restaurantes (o mais parecido será a Tasquinha do Gil), a proximidade com localidades como Mafra, Cheleiros ou Igreja Nova permite fácil acesso a uma gastronomia rica.
Recomenda-se provar pratos como o cozido saloio, os queijos artesanais e o vinho de Cheleiros, uma pequena aldeia vinícola com excelentes produtores.

Como chegar à Mata Pequena
Se vai de carro, siga pela A8 em direção a Loures/Mafra. Saia em direção a Malveira e continue pela estrada municipal até Cheleiros. A partir daí, a Aldeia da Mata Pequena está bem sinalizada. O percurso total dura cerca de 30 a 40 minutos.
Já se prefere o transporte público, a partir de Lisboa (Campo Grande), há autocarros para Mafra, sendo necessário depois apanhar um táxi ou transfer até à aldeia, pois não há ligação direta.
Como pode constatar, se procura um destino fora dos roteiros comuns, onde cada detalhe conta uma história, a aldeia da Mata Pequena será uma escolha memorável.