Ana Luisa Santo
Ana Luisa Santo
02 Jun, 2017 - 09:00

Acupuntura também é para os céticos

Ana Luisa Santo

Expansão: é a palavra que melhor define o percurso da acupuntura e da medicina tradicional chinesa na Europa e, particularmente, em Portugal.

Acupuntura também é para os céticos

Nos últimos 25 anos testemunhou-se um crescimento fenomenal do interesse e procura desta medicina pelos relatos e registos que vieram à luz na década de 70 sobre o controle da dor após cirurgias e consequente recuperação mais rápida no hospital, através da acupuntura feita por médicos chineses.

Este fenómeno intrigou a comunidade de profissionais de saúde no ocidente, atraindo-os a visitar e a aprender as várias técnicas de forma a importá-las para os seus países.

A acupuntura cruzou séculos e civilizações e chegou até nós, nos dias de hoje! E veio para ficar, mesmo por entre os mais céticos!

E como resistiu a acupuntura durante milénios?

A introdução de finas agulhas em pontos estratégicos da superfície do corpo (acupuntura) ativa ações fisiológicas internas capazes de melhorar a saúde. Do ponto de vista do modelo tradicional chinês, contribui para a correta circulação de energia (Qi) no organismo, visando o equilíbrio capaz de restabelecer a saúde.

Ora, provavelmente aqui enguiça a jornada atraente da acupunctura para alguns, isto é, para mais céticos. Vejamos um exemplo: como podem umas agulhas colocadas nos pés melhorar a dor de cabeça? Ou uma outra colocada na mão melhorar uma dor de dente?

Não é crença! Não é magia! Não é psicológico!

Tal facto é sustentado pelos infinitos estudos cientificamente controlados desenvolvidos por todo o mundo. Excluída a tese do efeito placebo (sugestão psicológica de efeito terapêutico), pelo uso de acupuntura em medicina veterinária, uma vez que os animais não são passíveis à sugestão. Igualmente, as crianças pequenas também respondem à acupuntura.

Na dor e nos mais variados quadros de doença, a acupunctura funciona numa base fisiológica mensurável por mecanismos neuronais libertadores de substâncias (endorfinas) que bloqueiam mensagens de dor ao cérebro. Técnicas biomédicas modernas, como a biologia molecular e as técnicas de imagem, sustentam cada vez mais eventos fisiológicos detalhados da ação da acupuntura.

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Na Europa, América do Norte e Ásia, tem sido elaborada uma variedade de protocolos para testar a eficácia da acupuntura segundo padrões aceites para testes controlados. A evidência do valor terapêutico da acupuntura é hoje inegável, tornando possível o seu uso no campo da medicina convencional, complementando outras técnicas médicas disponíveis por forma a disponibilizar ao paciente a melhor oferta terapêutica.

A acupuntura deixa de ser, nos tempos que correm, uma prática empírica e mais ainda, não se restringe apenas em picar pontos locais de dor ou os pontos gatilho nas áreas adjacentes de dor. Toda a teoria tradicional do sistema médico chinês deixa-nos uma profunda riqueza de conhecimento permitindo ao acupuntor elaborar um refinado processo de análise e diferenciação de quadros clínicos, capaz de definir o tratamento mais eficaz e adequado para cada caso.

Não se trata apenas os sintomas, pois os resultados seriam menos eficazes e mais temporários, o enfoque está concentrado na raiz do problema e nos desequilíbrios que cada pessoa apresenta. O objetivo da medicina chinesa é tratar o distúrbio em todos os seus níveis, oferecendo muito mais do que um alívio.

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