Assunção Duarte
Assunção Duarte
23 Fev, 2019 - 09:00

Ainda vale a pena comprar um topo de gama?

Assunção Duarte

Telemóveis topo de gama já ultrapassam os 1000 euros e os analistas afirmam que é demais. Saiba, por isso, se ainda vale a pena comprar um topo de gama.

Ainda vale a pena comprar um topo de gama?

Saber se ainda vale a pena comprar um topo de gama ou não, dependerá muito da sua conta bancária, do valor que dá ao seu dinheiro e daquilo que costuma fazer com ele.

Se o objetivo é ter acesso a um bom smartphone, com especificações que garantam uma boa performance, um design elegante e uma boa câmara fotográfica, o mercado da gama média-alta já cumpre muito bem o seu papel. E tudo indica que o futuro fará com que os fabricantes apostem cada vez menos nos seus modelos flagship, o nome dado pelos fabricantes ao telemóvel top de linha de um determinada marca. Perceba porquê.

Será que ainda vale a pena comprar um topo de gama?

mulher a usar telemovel

O consumidores começam a achar que não

Os modelos flagship dos fabricantes de smartphones são um exagero para quase todos os utilizadores. Numa análise às suas configurações habituais, apenas a qualidade das câmaras pode ainda apresentar alguma diferença mais significativa, mas somente nalgumas marcas.

A entrada no mercado dos telemóveis chineses, oferecendo características equivalentes aos outros fabricantes, mas baixando significativamente o seu preço, fez com que o mercado mudasse e também a sua atitude do consumidor.

É cada vez mais difícil vender um telemóvel apenas pelo status que proporciona, quando ao lado existe um igualmente bom a um preço bem mais acessível. Se por um lado os compradores já começam a ter mais consciência sobre a tecnologia que estão a comprar, por outro a crise que afetou a economia mundial afetou também a atitude de compra do consumidor.

É cada vez mais vista como um desperdício, financeiro e até mesmo ambiental, uma compra apenas pelo status que proporciona. Os próprios fabricantes já perceberam que o futuro do mercado está na gama média e é aí que irão apostar para conseguir manter as suas margens de lucro.

Se for pelas características, também não

Há uns anos atrás, os smartphones topo de gama costumavam ter os melhores ecrãs, os melhores processadores, os melhores materiais, as melhores câmaras e a melhor tecnologia, que não estava acessível a todos os fabricantes.

Atualmente, é cada vez mais difícil perceber, pelo aspeto exterior e pela performance, qual é o modelo topo de gama ou o modelo da gama um pouco mais abaixo. Só mesmo para alguma utilização muito específica é que essas diferenças podem aparecer, como por exemplo o caso da resistência à água ou ao choque numa utilização constante no exterior.

Os telemóveis estão a oferecer cada vez mais por menos dinheiro, o que quer dizer que por metade do preço consegue perfeitamente fazer as mesmas coisas.

Mais extras, menos bateria

Como a gama média acompanhou as funcionalidades dos topo de gama, para marcar diferença alguns fabricantes acabaram por apostar nas chamadas funcionalidades supérfluas ou extra, que não afetam a funcionalidade básica do modelo, como por exemplo o reconhecimento facial. Mas quanto mais funcionalidades e mais opções disponíveis o telemóvel oferecer, maior é a exigência sobre a bateria.

Se acha que o investimento num flagship lhe vai dar um telemóvel para alguns anos sem dores de cabeça, desengane-se. O ciclo de vida normal das baterias de 3 a 5 anos pode, no caso dos topo de gama, ser mais reduzido pela exigência de energia das características extra que os flagship costumam ter.

Hoje em dia, já é mais fácil trocar baterias nos telemóveis, mesmo num iPhone, mas ainda exige algum trabalho e orçamento extra, o que dói mais se o orçamento inicial já foi elevado.

A poupança dá para mais gadgets

Se o seu orçamento é grande e gosta de o investir em tecnologia, ainda assim a opção por uma telemóvel de média gama pode interessar-lhe.

Com o orçamento que sobra, ainda pode investir em bons acessórios, como auscultadores, visores de realidade virtual, um pack portátil de bateria, um microfone Bluetooth e tantas outras coisas que a IoT (Internet das Coisas) cada vez mais oferece para que possa criar um ecossistema tecnológico personalizado a partir do seu telemóvel.

Ainda quer um topo de gama?

Se, apesar de tudo, ainda acha que um topo de gama pode ser melhor para si, pense em comprar o flagship do ano passado. Isto porque vai adquirir um fantástico telemóvel, mas bastante mais barato.

O avanço tecnológico muito dificilmente dará saltos significativos de ano para ano e nenhuma marca consegue oferecer inovações extraordinárias todos os anos. A atitude mais inteligente e sustentável, para quem gosta de consumir modelos topo de gama, é saltar um geração. A vida média de um telemóvel no seu auge de bateria aguenta bem os dois anos de espera.

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