Catarina Gonçalves
Catarina Gonçalves
27 Fev, 2019 - 18:20

Certificados do tesouro ou depósitos a prazo: em qual investir?

Catarina Gonçalves

Investir em certificados do tesouro ou depósitos a prazo faz diferença? São ambos dois instrumentos para poupar com segurança. Descubra as diferenças.

Certificados do tesouro ou depósitos a prazo: em qual investir?

Tem dinheiro para aplicar e não quer correr riscos? Pode escolher, por exemplo, certificados do tesouro ou depósitos a prazo. Estes produtos financeiros são, aparentemente, substitutos, especialmente se pensarmos na segurança e no capital garantido. No que se refere à rendibilidade medida pela taxa de juro oferecida há algumas variações, muito embora já tenham sido mais significativas.

Certificados do tesouro ou depósitos a prazo? Eis a questão

certificados do tesouro ou depósitos a prazo

Tanto os certificados do tesouro como os depósitos a prazo são empréstimos que fazemos, ou ao Estado, no caso dos certificados do tesouro, ou aos bancos comerciais, no caso dos depósitos.

Ambos têm determinados prazos, variáveis, aos quais correspondem também diferentes taxas de juro, que tendencialmente aumentam com o prazo em questão porque também aumenta o risco. A taxa de juro é o “prémio” por correr o risco. Antes de tomar uma decisão, nada melhor que tratar por tu cada um destes produtos financeiros.

Certificados do tesouro

Os certificados do tesouro são instrumentos de dívida pública, ou seja, são emitidos pelo Estado através do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública e popularizaram-se na recente crise financeira.

Quando o Estado precisa de dinheiro em vez de pedir emprestado aos mercados financeiros, pode pedir-lhe emprestado diretamente a si, enquanto cidadão.

A emissão de certificados do tesouro, enquanto instrumento de dívida pública, é a forma de que o Estado dispõe para o convidar a lhe emprestar dinheiro. Este produto resulta de uma conjugação entre certificados de aforro e obrigações do tesouro, oferecendo assim o melhor dos dois mundos: liquidez e rendibilidade.

Desde 2012, a taxa de juro tem vindo a descer de forma significativa, pelo que escolher entre certificados do tesouro e depósitos a prazo merece ponderação.

Depósitos a prazo

Há depósitos a prazo para todos os gostos e ocasiões, com diferentes prazos, risco e taxas de juro e são, talvez, o instrumento de poupança mais usual. Os bancos comerciais pagam diferentes taxas de juro, geralmente indexada à Euribor.

De facto, um dos fatores apontados que mais têm desincentivado a poupança são as baixas taxas de juro pagas nos depósitos a prazo, como consequência da queda da Euribor.

Como escolher?

certificados do tesouro ou depósitos a prazo

A decisão de investir em certificados do tesouro ou depósitos a prazo deve ser balizada por algumas condicionantes. Se entre 2010 e 2012 os certificados do tesouro tiveram os seus tempos áureos e ofereciam taxas de juro na ordem dos 6%, atualmente, a taxa de juro oferecida não chega a 1%, de acordo com a informação disponibilizada no sítio do IGCP. Ainda assim, muitos dos depósitos a prazo oferecem uma taxa inferior.

Taxa de juro

Nos certificados do tesouro, a taxa de juro é fixada através de legislação. Por exemplo, a última emissão – Certificados do Tesouro Poupança e Crescimento – oferece 0,75% no primeiro ano e 2,25% no último ano. Pode consultar as taxas de juro desta emissão no documento oficial do IGCP. No entanto, o valor que pode receber não depende só da taxa de juro. Não perderá nada em experimentar fazer uma simulação através do simulador disponibilizado pelo IGCP. Bastará apenas colocar a data de aquisição e a quantidade.

Para os depósitos a prazo, de acordo com os últimos dados do Banco de Portugal, o valor médio da taxa de juro até um ano foi de 0,13%. Mas cada caso é um caso e será sempre aconselhável manter debaixo de olho os depósitos promocionais, que podem apresentar taxas de juro mais atrativas.

Montantes de investimento

O montante a aplicar é variável no caso do depósito a prazo que escolher. No caso dos certificados do tesouro, o montante mínimo a aplicar é de 1000€, uma vez que o valor nominal de cada certificado é 1€ e a quantidade mínima de subscrição cifra-se nas 1000 unidades. O máximo que cada subscritor poderá investir neste produto é 1.000.000€.

No caso dos depósitos a prazo, o montante a aplicar é variável, embora na maior parte dos casos seja inferior a 1000€.

Custos, impostos e inflação

Além da taxa de juro, a rendibilidade é ainda influenciada por custos e comissões. A estes fatores importa acrescentar a inflação, ou seja, a perda potencial que o seu dinheiro pode sofrer.

Os certificados do tesouro não têm comissões nem de subscrição, nem de resgate, mas não estão imunes à carga fiscal. Assim, os certificados do tesouro estão sujeitos a uma retenção de 28% em sede de IRS.

Já os depósitos a prazo estão sujeitos a comissões de manutenção de conta e podem ter outros custos associados dependendo do banco eu causa. De acordo com o guia fiscal do IRS de 2018 da Deloitte, os depósitos a prazo estão também sujeitos a uma taxa de imposto em sede de IRS semelhante.

Risco

O risco é outro dos aspetos que deve também ser devidamente ponderado. Tanto os depósitos a prazo como os certificados do tesouro são considerados investimentos (quase) sem risco.

Por um lado, garantem o capital e estão mais protegidos das flutuações dos mercados financeiros. No caso dos depósitos a prazo, o fundo de garantia dos depósitos garante todo o capital até aos 100.000€ se, por exemplo, o seu banco falir. No caso dos certificados de aforro, o principal risco está na possibilidade de o Estado mudar as regras e alterar a taxa de juro.

Mobilização antecipada

Qual a possibilidade de poder ter à disposição o seu dinheiro investido em certificados do tesouro ou depósitos a prazo? No que respeita à liquidez, os dois produtos podem ser considerados equiparados, tudo depende das características dos depósitos a prazo, mas, em geral, a liquidez de ambos os produtos no caso dos depósitos que não permitem a mobilização no primeiro ano, é equiparada.

Efetivamente, o montante investido em certificados do tesouro não pode ser resgatado no primeiro ano. Depois, o montante em causa pode ser mobilizado, com a total perda de juros após o último vencimento.

Prazos

Outro dos aspetos associados à liquidez de determinada aplicação financeira é o seu prazo. Os certificados do tesouro podem ser a opção certa se o seu objetivo é investir a longo prazo, ou não fossem os certificados do tesouro um produto de capitalização contínua em que ganha mais se os for mantendo consigo até à respetiva maturidade.

E agora, já consegue escolher: certificados do tesouro ou depósitos a prazo?

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