Catarina Reis
Catarina Reis
15 Mai, 2019 - 10:53

Choque de gerações no local de trabalho: mito ou realidade?

Catarina Reis

Muitas empresas possuem trabalhadores de diferentes gerações. Sabe quais as características de cada um desses grupos e como se relacionam? Confira tudo.

Choque de gerações no local de trabalho: mito ou realidade?

O mundo laboral está em constante mutação. Um dos grandes desafios dos trabalhadores de hoje é conseguirem manter-se disponíveis para as mudanças constantes que possam surgir, adaptando-se de forma bem-sucedida a cada novo desafio. Pode acontecer um choque de gerações quando os trabalhadores mais antigos e os mais jovens apresentam diferentes métodos de trabalho, distintos objetivos de vida e formas de estar na empresa. Mas será isto uma riqueza ou fonte de conflito?

Tendencialmente, considera-se que as pessoas mais velhas são mais resistentes à mudança e, também por isso, aquelas a quem mais custa adaptar-se à entrada de novas pessoas na empresa, pelo facto de estas geralmente trazerem consigo diferentes formas de estar e de trabalhar.

Mas tudo isto é relativo e o oposto também poderá acontecer: dependendo do tipo de trabalho que as profissões exigem, também se pode verificar a situação de um colaborador mais novo não se dar bem com o tipo de cultura dominante da empresa, com a qual os trabalhadores de gerações anteriores podem ter mais facilidade em lidar.

Choque de gerações: quando e como pode acontecer?

choque de gerações

Esta não é uma realidade apenas vivida nas empresas que atravessaram gerações ao longo dos anos. Hoje, qualquer empresa, de qualquer dimensão, com um corpo de trabalhadores maior ou menor, parece estar destinada a, mais tarde ou mais cedo, ter de lidar com um eventual choque de gerações.

Se é certo que existem pessoas de gerações diferentes a conviver no mesmo local de trabalho diariamente, já apurar se existe de facto um choque geracional entre elas e qual a real importância que isso pode ter no decorrer da vida laboral, é outra história.

Interessa saber até que ponto é que as diferenças geracionais realmente importam e o impacto que poderão ter para as empresas. E havendo diferenças, de que modo poderão ser ultrapassadas para o bem comum? De que forma é que os empregadores devem gerir essa situação? Na verdade, as empresas ainda estão a descobrir como fazê-lo.

Ranking da presença das diferentes gerações no mercado de trabalho

Numa altura em que se cruzam na mesma empresa Baby-boomers, Gen-X, Gen-Z e Millenials, de que forma alinhar todos em torno de um propósito comum? Quais as gerações presentes no mercado de trabalho que mais convivem atualmente? Nos dias que correm são estas as gerações que se podem encontrar no ativo:

1. Millennials

Consideram-se millennials as pessoas nascidas entre 1980 e 1995. Estima-se que a percentagem atualmente destas pessoas no mercado de trabalho seja de 34%, e que cresça exponencialmente até atingir os 50% até 2020, tornando-se assim, muito em breve, a geração dominante no mercado de trabalho. Esta geração distingue-se por valorizar sobretudo a inovação e a mudança.

2. Geração silenciosa

Trata-se da geração mais antiga presente no mercado de trabalho, e também a que está “em vias de extinção”. Engloba as pessoas nascidas entre 1925 e 1946, sendo que apenas 2% destas pessoas se encontram no ativo. O que caracteriza esta geração é a grande valorização do trabalho árduo.

3. Baby boomers

Nascidos entre 1946 e 1964, estes trabalhadores também ocupam uma fatia de 2% no mercado de trabalho. Esta geração dá especial primazia à lealdade nas relações laborais.

4. Geração X

As pessoas nascidas entre 1965 e 1980 estão neste momento “mano a mano” com a geração dos millennials, no que toca a taxa de ocupação dos postos de trabalho no mercado, também com 34%. No entanto, enquanto os millennials estão em franco crescimento, a Geração X terá tendência para enfraquecer a sua posição. Estas pessoas valorizam sobretudo o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

5. Geração Z

Trata-se da geração mais nova a entrar no mercado de trabalho, neste momento ainda a 1%. Estas pessoas, nativas tecnológicas, que nasceram entre 1995 e 2016, irão ocupar o mercado de trabalho daqui a um ano já na percentagem de 20%. O que se diz sobre estas pessoas é que são a geração mais confiante, otimista e positiva acerca do seu futuro.

A importância de quebrar estereótipos

choque de gerações

Tendo por base as grandes diferenças em termos de valores entre todas as gerações, é fácil perceber que pode haver algum tipo de conflitos, que têm por base estereótipos negativos.

Os estereótipos mais comuns são, por exemplo, considerar a geração silenciosa fossilizada, os baby boomers narcisistas, os Millenials arrogantes e “mimados” ou a Geração X preguiçosa. Importa lembrar que todas as generalizações trazem consigo um elevado grau de injustiça!

A chave para o sucesso do convívio geracional poderá começar logo nas formas de recrutamento, nos benefícios atribuídos e sobretudo na criação de uma cultura que favoreça o respeito e a inclusão de todos. Como vimos, cada grupo tem suas próprias características, valores e atitudes relativamente à abordagem ao trabalho, com base nas experiências de vida da sua geração.

Para integrar com sucesso essas diferenças geracionais no local de trabalho, as empresas terão de adotar mudanças significativas nos métodos de recrutamento, que devem valorizar a experiência do candidato (independentemente da geração em que se integre) e a criação de uma cultura corporativa que demonstre ativamente respeito e inclusão da sua força de trabalho multigeracional.

Choque geracional ou inadaptação das empresas às diferenças?

É certo que pessoas de diferentes épocas vêem o mundo através de “lentes” diferentes, mas elas podem conviver pacificamente no mesmo local de trabalho, a realizar funções idênticas. E mais: as suas diferentes perspetivas podem ser complementares e trazer mais riqueza e progresso às organizações.

Quando existem conflitos, estes não são causados pela diferença geracional, mas sim pela falta de comunicação e por inseguranças derivadas do desejo de influência no local de trabalho. E isto são elementos que as próprias empresas têm o poder de combater, se assim o desejarem.

Considerar que os conflitos são apenas fruto de gerações diferentes é não entender os seus trabalhadores nem a própria “malha” humana que compõe o tecido laboral mundial.

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