Joel Araújo
Joel Araújo
29 Set, 2016 - 08:28

Comprar o primeiro Clássico

Joel Araújo

Costumo dizer que comprar carro é como comprar roupa. Em ambos os casos, dinheiro não garante bom gosto: é uma questão de oportunidade, conhecimento e um pouco de sorte.

Comprar o primeiro Clássico

Desde o primeiro momento que decidi comprar carro que sabia que não ia querer apenas um veículo para transportar gado vivo de A a B, portanto estabeleci um conjunto de critérios que me ajudariam a filtrar as (literalmente) milhares de opções que existem no mercado:



  • Preço de compra baixo
  • Local de venda na zona de Aveiro/Porto
  • Baixos consumos (a gasolina)
  • Pequeno e ágil
  • Fiável e de mecânica simples, com peças em abundância
  • Divertido com uma condução pura
  • Estética que me agradasse, de preferência de origem
  • Valor entusiasta ou clássico
  • Admissível em encontros e concentrações automóveis

Critérios escolhidos, era altura de agarrar as ferramentas de pesquisa que me estavam disponíveis e abrir a época de caça. Infelizmente para mim, a compra via “Hereditária Lda.” estava fora de alcance; Não arranjei nenhum vizinho nem conhecido que me quisesse despachar o Datsun ou o Triumph velho por uns trocos; Stands tradicionais de usados, entre outras razões, não são grandes locais para procurar clássicos; Revistas de Clássicos têm muita oferta de classificados, mas geralmente com preços inflacionados devido à visibilidade; Mecânicos e vendedores de peças de clássicos são um bom ponto de pesquisa, mas na altura não conhecia assim tantos, tornando também essa via inviável. Restava-me, portanto, a pesquisa online: sites de vendas, fóruns e portais de especialidade. Dos vários locais onde pesquisei, o StandVirtual e OLX foram os que se mostraram mais proveitosos.

Durante a pesquisa, não demorou muito até que a minha lista final se resumisse (para desespero dos meus pais) a pequenos clássicos populares citadinos dos anos 70 e 80, que não vou enumerar agora por receio de sobrecarregar os servidores da Google.

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Da pesquisa ao test drive vai um pequeno passo, mas uma grande diferença. Para garantir uma boa escolha são precisos soft skills, sangue frio e sobretudo perseverança. Apesar de até então nunca ter assistido a uma compra de carro, qualquer jovem que foi estudar para fora da sua cidade natal teve a determinada altura que aprender a dominar pelo menos uma das várias artes Universitárias extracurriculares: entre dominar a força do levantamento do copo e descobrir as 1001 receitas do atum em lata, descobrirmos a arte de procurar casa. Em muitas aspetos ambas as experiências se cruzam com facilidade, ora vejamos:

  • Não te apaixones pelo primeiro anúncio.
  • Não ignores problemas óbvios (derivado do ponto anterior).
  • Não te precipites na decisão.
  • Faz cálculos a médio/longo prazo.
  • Leva um mecânico.
  • Conduz e deixa alguém mais experiente que tu conduzir.
  • Traça o perfil do vendedor (se for colecionador, entusiasta ou restaurador de carros melhor!)
  • Já disse para levares um mecânico?

Para a primeira leg de test drives selecionei da lista alguns candidatos que numa primeira instância mais critérios preenchessem, neste caso:

  • (78) Fiat 127 Mk2 

  • (88) Peugeot 205 GT 

  • (81) Toyota Corola 1.3 DX Liftback 

  • (94) Fiat Panda 1.0 Fire
  • 
(88) Toyota Starlet ep70

  • (88) Seat Ibiza System Porsche 1.2

Resultados: apaixonei-me pelo 127, mas a nossa relação acabou 10 min. depois quando ele se recusou a travar na chegada a uma rotunda. O Ibiza System Porsche tinha uma boa condução, mas tinha 2 portas a mais. Para além do mais, se eu contasse aos amigos que “Comprei um Ibiza…” eles morreriam de cancro do pulmão mais rápido do que eu terminaria a frase “…a gasolina”. O terceiro candidato foi o Starlet, aquele que viria a comprar no mesmo dia, e que mantenho com carinho até hoje. Sobre ele falarei pormenorizadamente no próximo artigo.

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