Miguel Pinto
Miguel Pinto
22 Mar, 2019 - 16:07

Nando Reis apresenta-se a Portugal com Voz e Violão

Miguel Pinto

Nando Reis chega a Portugal com voz e violão para dois concertos em Lisboa e Porto. Em conversa com o E-Konomista falou de música e, claro, Bolsonaro.

Nando Reis apresenta-se a Portugal com Voz e Violão

“Se vamos todos morrer, então vamos tratar de viver”. Bem poderia ser esta a máxima de vida de Nando Reis, músico brasileiro que traz a Portugal o seu espetáculo “Voz e Violão”. Com dois concertos nos coliseus de Lisboa (a 28 de março) e do Porto (a 7 de abril), Nando Reis conversou com o E-Konomista, no lançamento de uma digressão que o vai levar ainda a vários países europeus.

Nando Reis, compositor de renome, artista de palco

Falar com Nando Reis é falar com um dos mais conhecidos compositores contemporâneos brasileiros. Marisa Monte, Skank ou Cássia Eller cantaram temas escritos por este músico paulista, para além de temas conhecidos em telenovelas e em alguns filmes brasileiros. Mas onde o público português melhor pode identificar o percurso artístico de Nando Reis é na sua faceta de membro dos Titãs, uma das mais famosas bandas brasileiras, com vendas na casa dos milhões de discos e uma longa carreira de espetáculos, colaborações várias e um lugar garantido no panteão da música feita do outro lado do Atlântico.

“Depois dos Titãs, quis alterar a escala e o alcance do meu trabalho, embora já antes ele tivesse alguma amplitude”, diz Nando Reis a partir de São Paulo, horas antes de embarcar rumo a Portugal. “Hoje posso dizer que tenho bastante mais público que os Titãs, mas também não encaro isto como uma competição. Cada coisa tem, ou teve, o seu tempo. Aliás, tenho uma grande amizade com todos os meus antigos companheiros dos Titãs”, revela ao E-Konomista.

Temas mais conhecidos

Com “Voz e Violão”, Nando Reis despe até ao essencial temas que marcam a sua carreira de compositor e performer. Aliás, é no palco que encontra o seu elemento natural, um momento de comunhão com a audiência, mesmo para aqueles que desconhecem o seu trabalho atual. “Nos concertos que vou fazer em Portugal, espero tocar as pessoas, apoiado num repertório com alguns dos meus temas mais conhecidos”, diz o músico brasileiro, consciente, no entanto, que parte substancial do seu público será composto pela imensa diáspora brasileira espalhada pelo Mundo e, no caso, Portugal. “Acredito que a minha carreira a solo ainda esteja a ser descoberta em algumas latitudes, mas no Brasil já tenho um nome, alicerçado numa carreira já longa e que tocou em várias áreas musicais”, adianta ao E-Konomista Nando Reis, para quem é fundamental que “quem vá ao concerto se divirta. A música é conexão e prazer e se não tiver emoção, não serve para nada”.

No momento em que chega a Portugal com  espetáculo Voz e Violão, Nando Reis tem prestes a sair, durante o mês de Abril, um novo trabalho, desta vez uma revisitação de alguns temas de Roberto Carlos. Ora bem, mexer com a música do Rei não é algo que se faça de ânimo leve, nem para fazer má figura. Nando Reis lembra que que este disco “foi um desafio enorme, levou cerca de dois anos e meio de pesquisa, decisões, repertório, enfim, um trabalho imenso mas que me deu um grande prazer”. O resultado foi o esperado? “Na terça-feira (dia 19 de março) fizemos a primeira audição do disco completo e posso dizer que o impacto é muito grande. Trata-se de uma abordagem muito pessoal do universo musical de Roberto Carlos, mas acho com sinceridade que está um belíssimo trabalho”, assegura Nando Reis. O primeiro single deste “Não sou nenhum Roberto, mas às vezes chego perto” chama-se Amada Amante e já se ouve por aí.

Nando Reis: “Situação do Brasil é deplorável”

Obviamente que situação política e social no Brasil tinha que ser aflorada nesta conversa, feita precisamente no dia em que o antigo presidente brasileiro Michel Temer foi detido por corrupção. Nando Reis, assume-se de esquerda, mas foi um dos milhões de desiludidos com o PT. No entanto, a chegada ao poder de Jair Bolsonaro trouxe uma chuva de críticas ao país e Nando Reis não faz por menos. “A situação do Brasil, neste momento, é deplorável. Como movimento de rejeição ao PT, que foi uma terrível decepção, foi eleito um presidente ignorante e incompetente. É de uma mediocridade inacreditável. Temos dois presidente na prisão. Nos últimos vinte anos, cinco governadores do Rio de Janeiro também passaram pela prisão. Assim não dá”. No seu entender, “este país está no lixo. Vai levar duas gerações, a correr bem, para o Brasil recuperar”.

Aos 56 anos, com cinco filhos, três netos e uma vida repleta, Nando Reis chega a Portugal de violão na mão e o poder da música no coração. Afinal, é a arte que lhe ocupa o tempo, que lhe dá vida, que o faz andar em frente. “Os concertos em Portugal serão, acredito, o meu cartão de visita para o público que mesmo não me conhecendo, já me conhece. Espero que todo o mundo compareça para uma noite linda de música e conexão entre todos”. Cá estaremos para ouvir Nando Reis, em Lisboa e no Porto.

Nando Reis nasceu em São Paulo, no Brasil, em 1963, e é um dos maiores compositores da sua geração. Membro dos Titãs, escreveu músicas para Marisa Monte, Cássia Eller, Skank, Jota Quest ou Cidade Negra. Atualmente, segue uma carreira a solo, tendo já editado vários álbuns, estando a caminho um novo trabalho, intitulado “Não sou nenhum Roberto, mas às vezes chego perto”.

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