Paula Carvalho
Paula Carvalho
04 Jan, 2016 - 09:05

Dar gorjeta: sim ou não?

Paula Carvalho

A decisão de dar gorjeta nem sempre é consensual e tende a levantar várias dúvidas. Descubra aqui o que fazer e como se comportar relativamente a esta questão.

Dar gorjeta: sim ou não?

Dar gorjeta é uma decisão que nem sempre se revela fácil de tomar. De facto, se existem pessoas que defendem que a mesma é inquestionável, outras há que se recusam pura e simplesmente a assumir uma responsabilidade que deveria ser da entidade empregadora. Por fim, temos uma terceira corrente que só dá gorjeta se o serviço for de indiscutível qualidade.

Independentemente da sua opinião sobre este polémico assunto, há questões de etiqueta que devem ser seguidas quando se encontra no nosso ou em qualquer outro país do mundo: nunca se esqueça que o que é obrigatório em algumas culturas pode ser considerado ofensivo noutras. Para o ajudar, evitando momentos constrangedores, apresentamos-lhe algumas dicas que o vão ajudar na altura de decidir se deve ou não dar gorjeta.

Dar gorjeta em Portugal

No nosso país não existe uma obrigatoriedade expressa de dar gorjeta, sendo que o sistema de gratificação funciona mais como uma norma social que alguns escolhem seguir, outros nem por isso. Apesar de, em última análise, a decisão depender da consciência de cada um, habitualmente baseia-se também no tipo de serviço prestado e na qualidade desse serviço.

Em Portugal, é habitual dar gorjeta em serviços como restaurantes, cabeleireiros, manicuras, entregas em casa, etc. Não existindo uma norma, a definição do valor da gratificação fica a cargo de cada cliente, sendo que, a nosso ver, algo entre os 7% e os 10% será uma boa forma de agradecer uma prestação satisfatória.

Espanha

A norma aqui funciona tal como em Portugal, assentando mais na etiqueta social do que em qualquer obrigatoriedade formalizada. Uma vez que não existe uma tradição definida, baseie a sua gratificação no tipo de serviço que lhe foi prestado, prevendo um valor entre 7% e 10% – que deve ser sempre entregue em dinheiro e não via cartão de crédito.

Itália

Em Itália, os estabelecimentos preveem o chamado coperto, que consiste na soma de um valor a pagar de acordo com o número de lugares e o pão distribuído como entrada. Esta norma isenta o cliente de ter de considerar qualquer outro tipo de gratificação. Se o desejar fazer de qualquer forma, nunca exceda os 10%.

França

Apesar de não ser obrigatória, neste país a gorjeta está totalmente instituída e é praticamente imprescindível. A ideia será deixar discretamente na mesa o chamado le pourboire, que deverá rondar os 10% a 15%. Tenha em atenção que a conta pode já prever um acréscimo de 15%.

Alemanha

Apesar de não ser obrigatório nem muito habitual, pode prever uma gorjeta seguindo a regra dos 10% a 15%. Este valor deve ser incluído no total do cartão de crédito/débito ou, em alternativa, deverá avisar o empregado de que “o valor está certo” – se quer dar gorjeta, faça-o diretamente à pessoa, e não deixando o dinheiro sobre a mesa ao sair.

Rússia

Aqui, dar gorjeta não é obrigatório. No entanto, se quiser demonstrar satisfação pelo bom atendimento, preveja cerca de 10% e entregue a gratificação em dinheiro, diretamente ao empregado.

Reino Unido

Apesar de poder estar incluída no valor total a pagar, habitualmente a gratificação depende apenas da qualidade do serviço. Se tiver ficado bem impressionado, preveja uma gorjeta que deverá rondar os 10% a 15% do valor da conta.

Escandinávia

Na Suécia a gorjeta está incluída no preço final e na Dinamarca também não é comum receber-se qualquer gratificação extra.

Marrocos

Habitualmente, a gorjeta vem incluída na conta. Caso tal não aconteça, pode sempre prever algo em torno dos 10%.

Turquia

A gorjeta não é obrigatória e, normalmente, não será aceite neste país. Se quiser mesmo gratificar um empregado particularmente eficiente, ofereça-lhe um cigarro ou um pequeno presente, dádivas mais estimadas do que o dinheiro.

Egito

Decore a palavra Bakschisch: a gorjeta é esperada sempre e em todos os sítios.

Estados Unidos da América

Nos EUA, os baixos salários praticados nos serviços levam a que os empregados não só esperem, mas contem mesmo com a gorjeta para complementar o seu rendimento – assim, encare este ato como algo obrigatório, uma vez que só um serviço verdadeiramente terrível não é recompensado. No momento de calcular a gorjeta, tenha presente que esta tende a oscilar entre os 15% e 20% do valor total a pagar.

Neste país é também habitual recorrer a uma pré-gorjeta para assegurar um serviço de qualidade e, por exemplo, uma boa mesa, bem localizada.

Brasil

Neste país, grande parte dos estabelecimentos calcula à partida 10% em cima da conta final, para prever a gorjeta a deixar aos funcionários. Isto torna-se algo constrangedor quando se teve um mau serviço e não se quer deixar gratificação: o cliente terá de solicitar verbalmente que o valor seja deduzido, explicando as suas razões.

China e Japão

Habitualmente, as gorjetas não são aceites, pelo que não deve sequer tentar oferecê-las. No Japão, o ato pode mesmo ser considerado ofensivo.

Austrália e Nova Zelândia

Tendo presente que nestes países a gorjeta pode ser recusada, seja discreto e calcule cerca de 10 a 15% do valor total da conta.

Índia

Não sendo obrigatória ou esperada, exceto na restauração, uma gorjeta de 10% a 15% será bastante apreciada.

Esperamos ter dissipado algumas das dúvidas relativas ao ato de dar gorjeta, independentemente da sua opinião pessoal sobre o assunto. Resta-nos desejar que faça imensas deslocações, no sentido de pôr em prática todas as nossa dicas. Boas viagens!

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