Catarina Reis
Catarina Reis
13 Nov, 2018 - 12:30

Design Thinking: mais do que uma metodologia de trabalho, um mindset

Catarina Reis

Nos dias que correm, a inovação é um assunto que toca a todos e é preciso saber inovar – o design thinking pode ser um poderoso aliado.

Design Thinking: mais do que uma metodologia de trabalho, um mindset

Habituados a pensar no design como profissão ou área de trabalho, eis que ele se nos apresenta como uma “forma de pensar”: o design thinking.

Design thinking… Porquê?

Todos os gestores precisam de ser designers. E todas as organizações precisam da Criatividade, como competência e parte da cultura empresarial, para crescer e se destacar no mercado. Quando surgem problemas complexos nas organizações, estes requerem abordagens igualmente complexas, que cruzem perspetivas e diferentes áreas do conhecimento.

ALT criatividade profissional

Design Thinking – ser-se empático?

É dessa perceção que surge uma das mais fortes tendências no desenvolvimento de produtos e serviços no século XXI: o design thinking. Estamos a falar da conceção de serviços e produtos para pessoas, e de os desenhar a partir de um sentimento: a empatia. Assim, o primeiro passo é mesmo observar a realidade à sua volta e discutir com os colegas que problema gostariam de resolver. Mas atenção: o design thinking é mais do que ser-se capaz de se pôr no lugar do cliente; trata-se de uma metodologia sistemática de resolução de problemas e de identificação de oportunidades.

As oportunidades estão lá – só que ainda não as viu!

As oportunidades para inovar, para se ser mais criativo e para responder melhor às necessidades das pessoas estão muitas vezes à nossa frente, impercetíveis; a metodologia design thinking propõe instrumentos criativos para as desvendar e resolver os problemas que delas decorrem.

Prepare a sua mente para inovar!

Se quer ser embaixador da metodologia design thinking no seu trabalho, este é o momento certo para fazê-lo. Comece por si: prepare a sua mente para inovar, cultivando uma atitude de curiosidade e questionamento. Registe sempre as suas ideias: transporte consigo um bloco de notas e escreva todas as ideias que tiver, mesmo as que lhe pareçam absurdas numa primeira análise. Nesta fase, a censura não é convidada para o processo, nem deve preocupar-se com a execução das ideias.

Depois de se dedicar a pensar em potenciais soluções para um desafio, crie distância psicológica dos projetos em que está envolvido. Isto é fundamental para “desbloquear” a sua mente, associar ideias que antes pareciam não relacionadas e ultrapassar problemas. Para criar distância psicológica, dê um passeio longo, a pé; permita-se sonhar acordado; enfim, desligue-se por completo do desafio que está a tentar ultrapassar.

As vantagens de uma pós-graduação em Design Thinking & Prototyping

Para gerar ideias, seja vulnerável

Para ser criativo é preciso derrubar o medo de falhar. A própria metodologia design thinking prevê um processo contínuo de proposta de múltiplas soluções para um problema. Escrever e comunicar as suas ideias sem receio da censura é essencial para conseguir inovar. Lembre-se que o perfecionismo é inimigo deste posicionamento criativo de tentativa e erro.

Aprenda a identificar o problema, antes de pensar numa solução. Parece elementar, mas a verdade é que poucos param para pensar no “porquê” de um produto ou serviço antes de o conceberem. Sugerimos que pense o seguinte:

  • qual é o principal problema que estamos a tentar resolver?
  • é este o problema “certo” a resolver?
  • vale a pena investir todo o nosso esforço na resolução deste problema?
  • que outros problemas poderíamos resolver que trouxessem ainda mais valor à empresa ou aos clientes?

Trabalhe a partir de ideias já existentes

A ideia de que para inovar temos de criar algo 100% novo é um mito e um enorme obstáculo à criatividade. Afinal de contas, nos dias que correm, já ninguém inventa (quase) nada. A criatividade, na verdade, é muitas vezes uma combinação diferente de ideias já tidas pelo próprio ou por outros. Assim, liberte-se do enorme peso de ter que apresentar uma ideia completamente nova. Liberte os seus colegas do mesmo peso, aceitando e registando as suas ideias sem censura. Só assim se consegue fazer um brainstorming produtivo!

O seguinte exercício pode ajudar a desbloquear a sua equipa de trabalho: em conjunto, deverão escrever numa folha 50 utilidades diferentes para uma chávena de café. Todas as ideias devem ser registadas independentemente da sua adequação, exequibilidade ou utilidade. O objetivo é chegar às 50 – ou ultrapassá-las!

Faça protótipos e teste

Somos seres visuais e a nossa atenção foca-se mais em imagens ou objetos do que em palavras. Em vez de fazer a descrição do produto ou serviço a desenvolver, faça representações visuais ou maquetes dos mesmos. Se se tratar de um serviço, simule. Só desta forma conseguirão compreender se a solução que idealizaram funciona na realidade!

Avalie e regresse ao ponto de partida

Volte a pensar o problema, usufruindo da experiência prévia de desenvolver soluções criativas para o mesmo.

Em suma…

O design thinking é uma abordagem à inovação centrada nas necessidades humanas, inspirada nas ferramentas do designer e nas possibilidades oferecidas pela tecnologia, para criar um produto ou serviço de sucesso.

Palavras-chave no Design Thinking

As palavras e expressões-chave que deve ter presentes quando mergulha na abordagem design thinking são: usabilidade, imersão (pensar num problema das mais diversas perspetivas), utilidade (para o destinatário do produto ou serviço), human-centered (ou seja, que coloca as pessoas no centro do desenvolvimento de um projeto), service innovation, foco no cliente, emoção, empatia, tentativa e erro, iteração, protótipo, teste, interligação entre múltiplas perspetivas e disciplinas, e qual a razão de estarmos a criar o produto ou a desenvolver o serviço.

Exemplos práticos

Apresentamos algumas áreas de aplicação desta metodologia:

  • uma equipa de vendas pode usar este método para conseguir ver o serviço “pelos olhos dos clientes” e assim aumentar as vendas;
  • um professor ou educador pode pensar em formas de apresentar a matéria que sejam mais adequadas ao estádio de desenvolvimento dos alunos, aos seus gostos e interesses;
  • o gestor de um estabelecimento comercial pode melhorar a experiência de compra dos seus clientes modificando a disposição dos produtos, adicionando ao negócio novas modalidades de pagamento e complementando o serviço com informações e serviços complementares que outros estabelecimentos não proporcionam;
  • o developer de uma nova app móvel pode torná-la mais user-friendly e fazer com que responda a uma verdadeira necessidade dos utilizadores;
  • um gestor de pessoas no departamento de Recursos Humanos de uma empresa pode aumentar os níveis de motivação, aumentar o envolvimento e melhorar a produtividade se der resposta eficaz a uma necessidade existente.

Enfim, as aplicações são as mais variadas. Aplique também esta metodologia ao seu trabalho.

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