Ana Graça
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25 Jun, 2018 - 09:34

Enurese noturna: aprenda a lidar de forma positiva com este problema

Ana Graça

A enurese noturna corresponde aos episódios de incontinência urinária que ocorrem durante o sono de crianças. É um problema comum, que merece atenção.

Enurese noturna: aprenda a lidar de forma positiva com este problema

A enurese noturna é, talvez, o problema urológico pediátrico mais comum e pode ser uma grande fonte de preocupação para pais e filhos.

O que é a enurese noturna?

Podemos definir enurese noturna como a perda involuntária de urina durante a noite, após os 5 anos de idade. A criança com enurese noturna urina na cama enquanto dorme e não acorda pelo facto de esta estar molhada. Os rapazes são mais afetados por esta patologia.

Podemos classificar a enurese noturna da seguinte forma:

a) Enurese noturna primária: surge em crianças que nunca chegaram a ter controlo vesical;

b) Enurese noturna secundária: surge em crianças após um período de controlo superior ou igual a 6 meses.

c) Enurese noturna monossintomática: não há sinais ou sintomas associados e representa a maioria dos casos;

d) Enurese noturna polissintomática: associada a outros sinais ou sintomas, como urgência miccional, incontinência urinária, história de infeção urinária, alterações do trânsito intestinal ou encoprese.

não deixe que a enurese noturna eja uma fonte de stress para a criança

Quais as causas da enurese noturna?

Apesar da causa da enurese noturna ainda não estar totalmente esclarecida, acredita-se que se deve à conjugação de vários fatores. Parece dever-se ao desajuste entre a capacidade vesical noturna e a quantidade de urina produzida durante a noite, associado a uma incapacidade de acordar antes de se iniciar a micção.

De forma simplificada, a enurese noturna pode dever-se sobretudo a causas fisiológicas (aumento da produção de urina por défice hormonal; bexiga pode ser demasiado pequena para a quantidade de urina produzida; incapacidade de acordar perante o estímulo de bexiga cheia), mas há quem avance que também é possível existirem causas psicológicas (como consequência de situações que causam desconforto ou stress na criança).

Qual o tratamento para a enurese noturna?

A enurese noturna pode ter um grande impacto psicológico na criança e pode representar um problema para toda a família, daí que em muitos casos seja importante intervir e encontrar o tratamento mais adequado para cada caso.

Estas crianças podem apresentar baixa autoestima, ansiedade, tristeza e depressão. Devido às noites mal dormidas, podem ainda apresentar dificuldades de concentração na escola. Mas a criança não é a única pessoa afetada por este problema. As noites mal dormidas, a muda constante de lençóis e a preocupação com o bem-estar da criança podem criar um grande stress na família.

O tratamento da enurese noturna visa, essencialmente, melhorar a autoestima da criança e fazer desaparecer a fonte de stress para a família. O sucesso do tratamento está, obviamente, dependente do interesse e do empenho da criança, da família e da equipa de saúde que acompanha o caso.

O tratamento da enurese pode incluir diversas abordagens, nomeadamente:

a) Farmacológicas;

b) Educacionais (formação acerca da enurese aos pais e às crianças);

c) Comportamentais (restrição da ingestão de líquidos antes de deitar; acordar agendado; gráficos de estrelas ou outro sistema de recompensas);

d) Uso de alarmes (elétrodo que se coloca na roupa interior da criança ligado a um pequeno despertador; alarme é acionado ao contacto do elétrodo com apenas algumas gotas de urina).

Aprenda a lidar de forma positiva com a enurese noturna do seu filho

1) Compreenda que é um problema que ultrapassa o seu filho: não ralhe, não castigue, não penalize. Procure o pediatra e conversem sobre o melhor tratamento;

2) Alerte os pais dos amigos e outros familiares: assegure que quando a criança é convidada para dormir fora de casa se sente segura e compreendida por quem a recebe. Combine com esses adultos estratégias para lidar com o problema, como a colocação de resguardos na cama;

3) Respeite a privacidade da criança: nenhum colega precisa de saber que o seu filho sofre deste problema. Caso venham a saber assegure que o seu filho não é ridicularizado de forma nenhuma.

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