Marta Maia
Marta Maia
20 Mar, 2019 - 12:52

As 3 armadilhas mais comuns na fatura de telecomunicações

Marta Maia

Sabia que há armadilhas escondidas na fatura de telecomunicações que recebe em casa? Aprenda a reconhecê-las e assegure os seus direitos enquanto consumidor.

As 3 armadilhas mais comuns na fatura de telecomunicações

Ela chega, sorrateira, pelo e-mail ou pela caixa do correio, e estamos tão habituados a ela que, verdade seja dita, pouca atenção lhe prestamos. A fatura de telecomunicações é presença habitual em praticamente todas as casas portuguesas, e a maior parte de nós nem sabe o que lá está. Sabia que ela esconde armadilhas?

São armadilhas discretas, bem montadas, que o fazem pagar mais no final de cada mês e de forma tão suave que muitas vezes nem dá conta. Mas nós damos. E vamos mostrar-lhe como tudo funciona, para que também possa defender-se das práticas das operadoras.

3 coisas a que deve estar atento na fatura de telecomunicações

1. A fidelização-mistério

Sabe exatamente quando termina a sua fidelização à operadora de telecomunicações que contratou? Pois, quase ninguém sabe – e é por isso que a Autoridade Reguladora tornou obrigatória a inclusão desta informação na fatura de comunicações detalhada já a partir de 2019.

Ainda assim, ninguém lhe garante que a informação sobre o fim da fidelização esteja escrita em letras gordas na sua fatura, nem sequer que esteja na página de rosto em vez de escondida no meio de outras letras sem importância. Por isso, mantenha-se atento.

Deixá-lo às escuras sobre o seu período de fidelização é uma estratégia popular nas operadoras de telecomunicações por vários motivos: por um lado, se não souber que a fidelização se aproxima do fim, não procura a operadora para renegociar novo contrato – e, melhor ainda, não procura a concorrência para pedir ofertas melhores. Por outro, se a fidelização chegar ao fim sem que o cliente se aperceba, há pelo menos umas duas ou três faturas de valores mais altos garantidas até o consumidor se aperceber de que está a gastar muito.

2. O desconto sobre nada

Oferecer descontos sobre itens da fatura de telecomunicações é outra estratégia muito popular entre as operadoras na hora de convencer os consumidores a aderir ao serviço. Argumentos do tipo “se contratar o serviço TV, oferecemos o valor da box” são frequentemente utilizados, mas vamos lá pensar um pouco: sabe qual é o valor original da box?

É perfeitamente compreensível que olhar para uma fatura de comunicações e ver lá seis ou sete euros de desconto do aluguer da box (que, geralmente, correspondem à totalidade ou quase a totalidade do valor apresentado como total do aluguer) lhe dê gosto, mas sabe dizer qual é o valor real do aluguer que, ao que parece, está a contornar?

De forma simples: se a sua operadora lhe diz que lhe oferece o aluguer da box, correspondente a dez euros, mas a concorrência só cobrar cinco euros pelo mesmo serviço, está mesmo a ter um desconto assim tão grande?

A conclusão é que vale muito a pena olhar com atenção para os descontos que aparecem na sua fatura de comunicações e analisá-los com sentido crítico. Muito provavelmente, está a receber uma versão “dourada” do que nem é assim tão especial.

3. O buraco negro do débito direto

Se nos pedissem para adivinhar, apostaríamos as fichas todas em como o débito direto é a forma de pagamento favorita das operadoras de telecomunicações. Com esta modalidade, tudo fica muito simples: a operadora emite uma fatura de comunicações, vai à sua conta tirar o respetivo valor e pronto, não se fala mais no assunto.

Acha que não é bem assim? Então, propomos-lhe um desafio: escreva num papel, de cabeça e sem olhar para as faturas, quanto pagou este mês por cada serviço que tem com débito direto. Agora vá cruzar os valores que anotou com as faturas reais e surpreenda-se.

A verdade é que os débitos diretos são tão confortáveis que a maioria dos consumidores se dispensa de olhar bem para a fatura de comunicações que recebe depois (e não é por acaso que recebe a fatura depois). Isto permite às operadoras atualizarem preços e serviços e começar a cobrar novos valores sem que o cliente sequer se aperceba, o que dá imenso jeito na hora de aumentar a fasquia.

As faturas relativas aos pagamentos por débito direto chegam quase sempre em cima da hora ou até depois de o débito ter sido realizado, e essa é uma ótima estratégia das operadoras para escaparem ao radar dos consumidores. Se não gosta de ser enganado, perca tempo a abrir e analisar todas as faturas que recebe e respetivas alíneas.

Não queremos, com este artigo, dizer-lhe que todas as operadoras têm más intenções ou que é impossível fazer bons negócios na área das telecomunicações. Na verdade, estas são estratégias muito comuns, e juntam-se a outras igualmente discretas e prejudiciais ao bolso do cliente. O que queremos é dar-lhe uma melhor noção da importância de olhar sempre para a sua fatura de comunicações, saber exatamente o que paga e porquê e, sobretudo, até quando.

Conheça a sua fatura de comunicações de trás para a frente e, idealmente, conheça igualmente bem o contrato que assinou. Esteja preparado para notar alterações na hora e reagir rápido, porque é dos clientes “preguiçosos” que as operadoras gostam mais: pagam e nunca reclamam.

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