Ana Graça
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14 Nov, 2023 - 11:02

Gordura ou açúcar: o que é pior para a saúde?

Ana Graça

Gordura ou açúcar, qual o mais prejudicial à nossa saúde? Ambos são importantes e ambos podem ser perigosos, mas será um pior que outro?

Gordura ou açúcar

Todos sabemos que gordura ou açúcar em excesso são prejudiciais à nossa saúde, mas afinal qual é o mais prejudicial, gordura ou açúcar? E porque afetam tanto a nossa saúde e bem-estar? Os estudos são claros e consensuais quando dizem que a melhor garantia para uma vida mais saudável passa pela adoção de uma alimentação equilibrada, evitando alimentos processados ricos quer em açúcares, quer em gorduras.

No entanto, ao longo do tempo as investigações não têm sido claras e se, por vezes, uma dieta excessiva em gorduras tem sido apontada como o principal hábito alimentar a erradicar, outras vezes, o consumo elevado de açúcar parece ser o principal culpado pelos problemas de saúde. Mas afinal, qual deles é que potencia o surgimento de problemas de saúde, gordura ou açúcar? Vamos descobrir!

Hábitos alimentares e saúde: qual a relação?

Não há margem para dúvidas, os estudos têm mostrado de forma consistente que os hábitos alimentares inadequados dos portugueses são um dos grandes responsáveis pela perda de anos de vida saudável. Não é por acaso que as doenças que mais afetam a população portuguesa (doenças cardiovasculares; doenças oncológicas; hipertensão arterial; dislipidemia; diabetes; obesidade) estão relacionadas com a alimentação inadequada de forma mais ou menos direta.

Uma investigação recente revelou que os hábitos alimentares inadequados dos portugueses foram o segundo fator de risco que mais contribuiu para a mortalidade precoce. Para além dos hábitos alimentares, também a hipertensão arterial e o índice de massa corporal elevado são dos fatores de risco que mais contribuem para a mortalidade precoce.

Efeitos do consumo excessivo de açúcar na saúde

Comemos mais açúcar do que aquilo que julgamos, já que o açúcar está presente em quase todos os alimentos processados, nomeadamente no pão de forma, nas compotas, nas barras de cereais, nas bolachas e em muitos mais alimentos. Dados recentes mostram que grande parte da população portuguesa apresenta um consumo de açúcar superior ao recomendado pela Organização Mundial de Saúde, sobretudo através do consumo de refrigerantes, sumos de fruta naturais ou concentrados, bolos, bolachas, biscoitos, cereais de pequeno-almoço e cereais infantis.

O açúcar também é importante para o bom funcionamento do nosso organismo e para que tenhamos energia, mas o açúcar de que o organismo necessita está presente nos hidratos de carbono complexos (leguminosas; hortaliças; alguns legumes) e na fruta (a frutose é um açúcar rápido que contém fibras, que ajudam à digestão e aumentam a saciedade), no entanto, a quantidade de açúcar que ingerimos diariamente é exagerada e provém muitas vezes de alimentos processados.

O excesso de açúcar adiciona energia sem qualquer valor nutricional associado (vitaminas ou minerais) e é perigoso para a saúde. Quando falamos dos perigos do consumo excessivo de açúcar para a saúde não falamos apenas de diabetes mas também de:

  • Obesidade;
  • Excesso de peso;
  • Problemas dentários (nomeadamente, cáries dentárias);
  • Aumento dos triglicerídeos no sangue;
  • Aumento da pressão arterial;
  • Esteatose hepática (fígado gordo);
  • Dislipidemia (níveis anómalos de lípidos no sangue);
  • Desenvolvimento de doenças crónicas, nomeadamente de doenças cardiovasculares.

Efeitos do consumo excessivo de gordura na saúde

Tal como acontece com o açúcar, nem todas as gorduras são prejudiciais e o seu consumo é importante para o bom funcionamento do nosso organismo, no entanto, importa distinguir os diferentes tipos de gorduras:

a) As gorduras saturadas, constituídas por ácidos gordos saturados, quando consumidas em excesso estão associadas ao aumento do risco de doenças dos aparelhos circulatório e cardíaco, aumento do colesterol sanguíneo, particularmente do “mau” colesterol, doença aterosclerótica, entre outras complicações. Este tipo de gorduras está presente na manteiga, nos queijos gordos, nos produtos de salsicharia e charcutaria, na banha de porco e na gordura da carne de vaca.

b) A gordura monoinsaturada, constituída por ácidos gordos monoinsaturados, está presente no azeite, no óleo de amendoim, no abacate e nas oleaginosas como as nozes e os amendoins. Os ácidos gordos presentes neste tipo de gordura são aqueles que são melhor tolerados pelo nosso organismo e ajudam a diminuir o “mau” colesterol e a manter a integridade das células.

c) A gordura polinsaturada é composta por ácidos gordos polinsaturados (ácidos gordos ómega 6 e ácidos gordos ómega 3) que são essenciais no desenvolvimento do organismo, no combate às infeções e protetores do sistema cardiovascular. São boas fontes deste tipo de gordura a gordura do peixe e as hortícolas de folha verde escura. Naturalmente, quando o consumo é excessivo, podem advir consequências negativas, tais como: envelhecimento celular precoce; alterações da coagulação sanguínea, com tendência para a hemorragia; indução do aparecimento de carcinomas; etc.

Gordura ou açúcar: o que é pior para a saúde?

Agora que conhecemos um pouco melhor a importância mas também os malefícios do consumo excessivo quer do açúcar, quer da gordura torna-se mais simples responder à questão sobre qual faz pior à saúde, gordura ou açúcar, ou talvez não. Existem estudos que defendem que o açúcar é bem mais prejudicial à saúde, tal como pesquisas que apontam o dedo à gordura, ou seja, a resposta a esta questão não é consensual.

Assim, a ingestão excessiva quer de açúcar, quer de gordura, pode ser prejudicial à saúde. É sabido que tanto a gordura como o açúcar, quando consumidos para lá da dose recomendada, podem aumentar o risco de resistência à insulina e o risco de desenvolver diabetes tipo 2, bem como podem ter um papel inflamatório no organismo.

Naturalmente, algumas patologias parecem estar mais associadas ao consumo excessivo de açúcar (por exemplo, obesidade) e outras ao consumo desmedido de gordura (por exemplo, patologias cardíacas), o que não confere maior perigo a um ou a outro, devendo o consumo de ambos ser moderado.

Em suma, na batalha entre quem defende que o açúcar é mais prejudicial à saúde que a gordura, ou vice-versa, o que parece ser consensual e verdadeiramente importante é que adotar uma dieta saudável e equilibrada é a melhor opção e é aquela que garante uma maior longevidade, uma melhor saúde e uma maior qualidade de vida.

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