Teresa Campos
Teresa Campos
08 Fev, 2022 - 16:16

Hiperatividade: guia explicativo para pais e educadores

Teresa Campos

A hiperatividade é uma perturbação neurocomportamental que se manifesta sobretudo na infância. Saiba identificar e lidar com este problema.

criança a gritar, com cara pintada e lápis de cor e folhas

A estatística indica que a Perturbação da Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) afeta 3% a 7% das crianças. É habitualmente diagnosticada em idade escolar, podendo manifestar-se antes, nomeadamente a partir dos 4 anos de idade.

A hiperatividade é mais frequente nos rapazes, havendo 3 casos para 1 em raparigas, sendo que no género feminino o subtipo mais prevalente é o do défice de atenção. Esta é uma perturbação crónica, que se prolonga na adolescência e na vida adulta, sendo que os sintomas se vão atenuando com o passar do tempo. Saiba mais.

Hiperatividade, défice de atenção e impulsividade

Fique atento aos sinais.

O que é?

A hiperatividade diz respeito a uma perturbação neurocomportamental que se manifesta de três formas essenciais: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Esta perturbação não desaparece com a passagem do tempo, havendo sim uma alteração dos seus sintomas. Mesmo entre as crianças, os seus sinais podem variar.

Existem três subtipos principais de hiperatividade: o défice de atenção, a impulsividade, e, ainda, uma fusão dos dois, ou seja, manifestações de défice de atenção com impulsividade.

criança distraída a olhar para o teto

Causas

Ainda não se conhece qual a origem exata da hiperatividade. Contudo, há alguns fatores que lhe são associados, nomeadamente:

  • fatores biológicos/genéticos (o pai ou a mãe terem PHDA, por exemplo);
  • ambientais/sociais/familiares (viver em ambiente agressivos e conflituosos, por exemplo);
  • problemas durante a gravidez ou parto (consumo de tabaco e/ou álcool durante a gravidez, por exemplo);
  • dieta alimentar pobre em nutrientes, proteínas, vitaminas, ácidos gordos e açúcar;
  • problemas de ansiedade, depressão, etc.
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Sintomas

Como dissemos, há três subtipos de hiperatividade e diferentes sintomas que lhes são associados e que podem variar de criança para criança.

Défice de atenção

Neste caso, as principais manifestações são: ter dificuldade em manter-se concentrado e focado; rejeitar tarefas que exijam concentração; fazer interrupções constantes; ser desorganizado.

Sinais de alerta

  • Distrair-se facilmente;
  • Ser desobediente;
  • Ser esquecido;
  • Perder coisas facilmente.

Hiperatividade

Nesta situação, há uma atividade motora excessiva e constante, manifestando-se numa grande dificuldade em ficar sentado, sossegado ou calado.

Sinais de alerta

  • Falar muito
  • Ter dificuldade em permanecer quieto e em silêncio
  • Estar sempre agitado e enérgico

Impulsividade

Neste caso, existe uma grande dificuldade em controlar os impulsos; em esperar pela sua vez; em antever as consequências das suas ações.

Sinais de alerta

  • Ser impaciente
  • Interromper frequentemente as conversas
  • Agir sem refletir
  • Ter uma reduzida noção de perigo

Diagnóstico e tratamento

Diagnóstico

O diagnóstico desta perturbação pode não ser fácil, nem imediato. Para isso, é importante consultar profissionais aptos para avaliar estes casos, os quais irão fazer questionários, observação direta do comportamento, análise do historial clínico do doente e do seu ambiente familiar, avaliação neuropsicológica, entre outro exames complementares.

Tratamento

O controlo destas perturbações passa por fazer tratamentos farmacológicos (metilfenidato), psicoterapêuticos e psicossociais. Além disso, pode ser importante ter aconselhamento psiquiátrico e mudar alguns aspetos do estilo de vida.

O apoio psicológico educacional e/ou comportamental e a terapia ocupacional ou psicopedagógica são essenciais para controlar a impulsividade e melhorar a atenção da criança, sobretudo em contexto escolar.

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Como ajudar uma criança hiperativa

Lidar com uma criança hiperativa pode ser um desafio para pais, educadores, professores e demais adultos que se relacionam com o jovem. Por isso, é importante aprender alguns truques e dicas.

  • Sempre que falar com a criança hiperativa, tente que ela a olhe nos olhos e esteja totalmente focada em si.
  • Comunique com frase simples, breves e objetivas e peça à criança para as repetir, de modo a entender se ela interiorizou a mensagem corretamente.
  • Defina horários para acordar, comer, brincar, jogar, fazer os trabalhos de casa, ver televisão e ir para a cama. Quando houver alterações na rotina, deve explicá-las a criança e explicitar que é algo excecional.
  • Quando a criança não cumprir uma tarefa, pode impôr-lhe um castigo, mas que seja curto e objetivo.
  • Tente ter uma abordagem positiva com a criança, explicando-lhe com calma o que ela deve ou não fazer.
  • Encontre um local fixo e adequado para a criança estudar, permitindo que ela faça intervalos curtos. Além disso, é importante ajudar a criança na organização do estudo e definir recompensas pelos objetivos atingidos.
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