Marta Maia
Marta Maia
05 Nov, 2018 - 15:58

Os maiores bancos portugueses da atualidade

Marta Maia

Depois da tempestade, a bonança. Após o auge da crise económica e financeira, os maiores bancos portugueses voltaram aos saldos positivos. Conheça-os.

Os maiores bancos portugueses da atualidade

Se dúvidas houvesse, ficaram desfeitas: ter um banco é mesmo um bom negócio. Que o digam os maiores bancos portugueses, que deram a volta ao cenário negro dos últimos anos e estão aí para mostrar como se faz negócio.

A banca portuguesa

Apesar de ser um país pequeno, Portugal tem vários bancos em atividade. Alguns (a maioria, na verdade) têm participação económica de grupos estrangeiros, outros são detidos na maioria pelo Estado, mas todos partilharam, nos últimos anos, o mesmo tormento: a crise financeira.

Não foi por acaso que os maiores bancos portugueses se viram embrenhados numa crise coletiva: à parte de eventual má gestão, a especulação desenfreada e o crédito mal parado – ou seja, os devedores que, em consequência da crise económica, perderam a capacidade de pagar os empréstimos que tinham contraído – deixaram os bancos praticamente todos numa situação delicada.

A estratégia de sobrevivência foi, contudo, diferente entre instituições. Com mais ou menos desespero em evidência, muitos bancos optaram por soluções radicais, outros tentaram suavizar o impacto e gerir melhor o capital disponível. Resultado: entre bancos que fecharam, bancos que foram vendidos e bancos que se remodelaram, ficou uma nova lista dos maiores bancos portugueses em atividade.

Estes bancos podem, hoje, gabar-se de serem verdadeiros exemplos de perseverança. A comprová-lo têm os relatórios de contas. Os números divulgados, relativos a 2017, revelam que, depois de seis anos em esforço para se manterem acima da linha da sustentabilidade, os maiores bancos portugueses voltaram aos lucros e em grande.

O campeão foi o Santander Totta, o banco que pertence ao grupo espanhol Santander conquistou uns invejáveis 436,3 milhões de euros de lucro em 2017, o que representa um crescimento de 10% face ao ano anterior.

Há que entender, no entanto, que o crescimento dos bancos nem sempre é uma boa notícia para a economia nacional. Na verdade, muitos dos maiores bancos portugueses são detidos, na sua maioria, por grupos estrangeiros, o que faz com que uma boa parte do lucro gerado acabe por sair do país.

Assim, vale a pena saber quais são, afinal, os maiores bancos a operar em Portugal e perceber quais contribuem mais para o crescimento da nossa economia. Para tal, consideramos a margem financeira, de acordo com dados da Associação Portuguesa de Bancos, relativos a 2017.

maiores bancos portugueses

Estes são os maiores bancos portugueses

Millennium BCP

Originalmente fundado como Banco Comercial Português, em 1985, o BCP foi um dos primeiros bancos privados a nascer em Portugal – quando a banca deixou de estar inteiramente sob domínio do Estado.

Quando, em 2000, o banco se fundiu com duas instituições concorrentes – o Banco Atlântico e o Banco Mello e Sottomayor -, a administração quis refundar a empresa e adotou a nova marca Millennium BCP.

Com um percurso positivo que a manteve sempre na lista dos maiores bancos portugueses, a marca Millennium BCP deu origem, recentemente, a outra marca, de espírito mais jovem e digital: o Activo Bank.

Hoje, o Millennium BCP é o maior banco privado em Portugal. Apesar da origem portuguesa, o Millennium BCP atua também na Polónia, em Moçambique e em Angola.

BPI

O Banco Português de Investimento é a quinta maior instituição bancária a operar em Portugal. Fundado em 1981 com o nome de Sociedade Portuguesa de Investimentos (SPI), só entrou no mercado das operações de crédito e depósito em 1985, quando assumiu o nome que lhe conhecemos agora.

Em 1991, o BPI comprou o Banco Fonsecas & Burnay e aumentou consideravelmente o volume de negócios. Já em 1995, uma reorganização do banco mudou a estrutura acionista e a instituição deixou de ser inteiramente portuguesa para passar a ser propriedade de vários grandes grupos estrangeiros: o brasileiro Itaú Unibanco, o espanhol Criteria CaixaCorp, o angolano Santoro Finance (detido por Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos) e o alemão Allianz.

Desde 1996, o BPI já comprou também o Banco de Fomento e Exterior e o Banco Borges & Irmão. Tentou também fundir-se com o Millennium BCP, mas a administração deste rejeitou a proposta. Hoje, os maiores acionistas do BPI são o grupo espanhol Caixa Bank e o grupo alemão Allianz.

Santander Totta

A história do Santander é sempre contada em espanhol. Nascido em 1988, o grupo Santander comprou, em 2000, o Crédito Predial Português, e, em 2004, o Banco Totta e Açores.

Em 2015, o Santander Totta absorveu o Banco Internacional do Funchal (Banif) e, no ano passado, adotou por um euro o Banco Popular Espanhol (que operava em Portugal com o nome Banco Popular). É o segundo maior banco privado a operar em Portugal, mas é de capital quase exclusivamente estrangeiro.

CGD

Fundada em 1876, no reinado de D. Luís, a história da Caixa Geral de Depósitos é tão longa que dificilmente caberia num artigo. No entanto, há coisas que nunca mudam: é um dos maiores bancos portugueses em atividade e continua a ser inteiramente detido pelo Estado português.

O banco com origem 100% nacional, encontra-se, atualmente, a atravessar uma fase negativa do ponto de vista da sustentabilidade financeira. Neste momento, o banco público tem atividade em mais de 20 países e detém participação em algumas empresas estratégicas a nível nacional, como a Galp, a REN e o BCP.

Novo Banco

A história deste banco já é sobejamente conhecida por todos, por isso não vamos aprofundá-la muito: o Novo Banco nasceu de uma intervenção de emergência no polémico e falido Banco Espírito Santo (BES), e resulta da divisão dos ativos deste banco em dois grupos: os “bons” (sustentáveis do ponto de vista financeiro) e os “maus” (que eram tóxicos para a gestão da instituição).

Livre do “lixo”, o Novo Banco nasceu de cara lavada e pronto para entrar no mercado com a ajuda do Estado Português. A parte mais relevante é que este banco nasceu para ser vendido e assim foi: em 2017, um fundo de investimento americano chamado Lone Star comprou 75% da instituição bancária e passou a deter a maioria das ações – ou seja, o banco é, neste momento, uma empresa detida por capital estrangeiro.

Se pensa em investir na banca agora que o cenário económico parece melhorar, há que ter em atenção que, ao comprar ações, não está apenas a deixar o seu dinheiro nas mãos de um gestor – está a entregar o dinheiro a grupos de investimento e é, por isso, importante saber que práticas de gestão esses grupos adotam e que tipo de risco está, na verdade, a assumir.

Vai dar trabalho, mas é essencial: informe-se, saiba quem detém o quê e como gere o que tem, e invista apenas quando tiver a certeza de que partilha os mesmos valores de quem vai gerir o seu investimento.

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