Márcio Matos
Márcio Matos
08 Mar, 2024 - 14:28

Carpe Diem. Viajar sozinha, uma aventura única

Márcio Matos

Viajar sozinha é uma aventura que nos faz valorizar o que é verdadeiramente importante e compreender melhor quem somos. Assim que puder, faça-se à estrada

Mulher a viajar sozinha nos Açores

Pouco haverá na vida melhor do que viajar. O nosso planeta é vasto e repleto de coisas maravilhosas que deveríamos ter a oportunidade de explorar, mas raras são as pessoas que se aventuram a percorrer o mundo. Viajar na companhia de outros é ótimo, mas viajar sozinha revoluciona quem somos. É indubitável a transformação que se sofre ao viajar de forma solitária.

Contactar com outras culturas transforma de forma implacável a nossa vida, de maneira que é impossível voltarmos a sermos a mesma pessoa que éramos antes de encetarmos essas viagens pelo mundo. E a pandemia, e o confinamento, vieram demonstrar que esta vida podem mesmo ser dois dias.

A falta de companhia pode levar muitos a não viajar, mas quem ousa fazê-lo é beneficiado pela sua ousadia. A coragem de superar os medos leva a um maior rigor na planificação e a uma noção de que, apesar de ser impossível prever cada acontecimento, um bom plano pode contribuir para uma experiência inesquecível.

É assustador aventurar-se num mar de incertezas e dúvidas, pois está a navegar num mar desconhecido, repleto de perigos. Abandonar a zona de conforto e as comodidades que a família e os amigos oferecem é um ato rebelde e aventureiro, mas que pode levar a inúmeras conquistas.

Esta é uma jornada para conhecer o mundo e as suas pessoas, as diferentes culturas, a riqueza gastronómica dos mais variados pontos do planeta; mas é, sobretudo, uma exploração interior da sua pessoa, pois irá permitir-lhe conhecer-se melhor perante as dificuldades quotidianas, perante o desconhecido.

Viajar sozinha é percorrer o mundo e ver-se a si mesmo

Mulher a viajar sozinha

Roupa

Uma das grandes preocupações é a roupa pois, pelo rápido desgaste, é possível que seja necessário comprar mais ao longo da aventura. Não se preocupe que haverá sempre locais onde comprar por um preço simpático e confortável para que possa continuar a sua jornada. A lavagem e a dobragem da roupa passarão a ser parte da rotina do seu quotidiano e, fácil e rapidamente, serão dominadas com mestria.

Carpe Diem

Esta frase em latim, Carpe Diem, extraída de um poema do poeta romano Horácio, pode ser um bom ensinamento sobre como deve ser vivida a aventura de viajar de forma solitária. É indispensável aproveitar o dia e evitar aquela ganância de conhecer tudo o mais rapidamente possível.

Viajar para 15 países em 10 dias pode ser divertido, mas é extremamente cansativo e não é tão enriquecedor como viajar com a calma de querer conhecer as coisas, as pessoas e as culturas como elas são, sem pressas. Viajar não deve ser uma questão de mostrar que já se esteve em 35 países, como se de medalhas ou carimbos duma coleção se tratassem. Estas viagens devem valer pela transformação, pelo auto-conhecimento.

Por vezes, é bem mais importante conversar com pessoas desconhecidas numa rua ou num bar, do que visitar um monumento importante desse país. Assim como descansar tranquilamente numa praia, num contexto favorável à reflexão, pode contribuir mais para a sua vida do que ir ao melhor restaurante da cidade.

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Orçamento

Por vezes o dinheiro que temos é o suficiente para fazermos o percurso conforme o que antecipámos. Porém, ao longo da jornada, podemos ver que há outras coisas que podemos explorar, mas que necessitam de um valor extra, relativamente ao planificado. Uma boa forma de solucionar esta situação é ou mudar o plano, ou realizar trabalhos no local. Há inúmeros trabalhos que podem ser feitos nos locais que visitamos e que, para além de serem pagos, têm a mais-valia de implicar um contacto direto com as pessoas, com os seus conhecimentos e com o seu património cultural.

Prós (e contras?) de viajar sozinha

A autoestima e autoconfiança são, certamente, mais-valias adquiridas nestas viagens, uma vez que depois de superar todos os desafios e dificuldade inerentes a este tipo de aventura, o autoconhecimento conquistado leva a um respeito e a um amor pelo “eu” fazendo com que a vida passe a ser encarada de outra forma.

Fica-se mais criterioso no estabelecimento de prioridades e dá-se mais valor ao que é verdadeiramente essencial. Irá usufruir de uma liberdade total, já que nada nem ninguém interferirá no percurso do seu quotidiano. A sociabilidade é imposta e apurada, ficando a sensação de que não querendo estar sozinho, é fácil abandonar a solidão. Afinal, tudo começa com um “Olá!” (seja em que idioma for). O envolvimento com a comunidade local, absorvendo novas culturas, fá-lo-á sentir-se como parte integrante do mundo.

O único contra desta experiência é o quão viciante estas viagens podem ser, fazendo com que não queira outra coisa!…

Ah, e se acha que há uma idade limite para se aventurar sozinho numa viagem, desengane-se. De acordo com um estudo da Association of British Travel Agents são os séniores, ou seja, pessoas com mais de 65 anos que mais decidem explorar o mundo de forma solitária.

Conselhos para quem vai viajar sozinha

Mulher em aeroporto
  • Ler sobre outros viajantes solitários;
  • Planificar ao pormenor (leva tempo, mas compensa);
  • Evitar malas muito grandes. Uma mala pequena previne o excesso de bagagem;
  • Eleger o que é estritamente indispensável;
  • Pelo caminho, irá sempre encontrar locais para comprar e/ou alugar a bons preços;
  • Perder a timidez e conversar com os estranhos. Só assim pode “abraçar” verdadeiramente o desconhecido;
  • Ser metódico na gestão do seu orçamento, mas sem ser avarento;
  • Seguir os planos, sem os tornar num fim em si mesmos;
  • Ser prudente – não deve transportar muito dinheiro, nem objetos de muito valor;
  • Aprender a orientar-se (descarregue esta app);
  • Fazer um seguro de viagem (World Nomads; IATI Seguros).
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