Diogo Campos
Diogo Campos
05 Mai, 2017 - 10:08

Novamente no Chile!

Diogo Campos

O vento soprava gelado e o meu corpo já não sabia o que era carregar uma mochila pesada às costas.

Novamente no Chile!

Tinha recebido uns ténis usados que transportava pendurados na mochila, o que tornava o desafio ainda maior. Tive que caminhar quase cinco quilómetros, que mais pareceram vinte, até estar perto da saída da cidade.

Com o mp3 ligado e os fones nos ouvidos ia a ouvir várias músicas e todas me soavam tão bem… sempre me faziam recordar algo, fossem os últimos dias ou momentos vividos em Portugal. Passadas seis horas, quatro boleias, paisagens de tirar o fôlego, uma fronteira, uma oferta de uma empada numa das boleias… já estava em Osorno, no Chile.

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Ainda tentei pedir boleia, mas não demorou muito a anoitecer e aproveitando a bela noite que se fazia sentir apenas me deitei no meio de uns arbustos perto da estrada com o colchão por baixo e o saco de cama. Adormecer a ver as estrelas no céu era como estar no meio do universo, longe do planeta Terra.

O problema foi que pelas quatro da manhã começou a chover e não tinha espaço para montar a minha tenda! Tentei abrigar-me com o impermeável, mas pouco ajudou. Além de ter ficado com parte da roupa molhada não dormi quase nada até amanhecer. Novamente na estrada, tentei secar parte da roupa, o que foi difícil, devido às nuvens e à humidade que se fazia sentir.

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Consegui várias boleias, numa fui deixado numa estação de serviço, para me abrigar da chuva que caía como se não houvesse amanhã. Não tive outra hipótese a não ser aguardar que parasse. Mas não parecia parar, comi o resto do arroz que tinha e agora só me sobrava a granola (o meu alimento SOS), e duas empadas que iria guardar, uma para o jantar, outra para o pequeno-almoço.

Quando a chuva parou fui para a estrada, e o condutor que me tinha visto na estação de serviço parou e deu-me boleia. Depois das perguntas já habituais (De onde sou? Quantos anos tenho? Há quanto tempo a viajar? O que fazia em Portugal?), disse-me que tinha que passar em casa e que me levava um pouco mais à frente. Aguardei no carro e passados cinco minutos aparece e convida-me a entrar para almoçar. Aí estava a sua família e fui muito bem recebido. Como eu gosto destes momentos, quando a chuva caía forte e eu não sabia o que iria fazer da minha vida, consigo uma boleia e um almoço … e melhor, fico a conhecer verdadeiramente como vivem as pessoas locais.

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Estes momentos ficam no meu coração e não há dinheiro que os pague. Nesse dia consegui chegar pela noite à cidade mais próxima da eco aldeia, onde iria ficar uma semana. Montei a tenda no descampado e no dia seguinte tive que atravessar a cidade toda, as minhas costas já não aguentavam mais o peso da mochila!

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Quando cheguei à aldeia, que estava escondida dentro de um bosque no meio da montanha a quase 100km da cidade, encontro esta situação: não havia água quente, frigorífico ou fogão, apenas meia dúzia de lâmpadas e uma tomada de electricidade. Escusado será dizer que televisão, computadores ou Wi-Fi eram produtos da nossa imaginação.

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As habitações, que eram quatro, a cozinha comunitária e o templo eram de madeira com alguns acabamentos em adobe. Estava como na pré-história e curioso para saber como seriam os próximos dias. Acompanhem em Puririy.

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