João Pedro Silveira
João Pedro Silveira
15 Set, 2016 - 10:01

O que ver em Madrid: ruas e bairros de passagem obrigatória

João Pedro Silveira

A verdadeira alma de uma cidade sente-se nos seus bairros. Com essa ideia em mente elaboramos uma lista dos que tem de conhecer quando visitar Madrid. 

O que ver em Madrid: ruas e bairros de passagem obrigatória

Oque ver em Madrid? Que ruas percorrer, que praças visitar, que bairros descobrir? Pode parecer um cliché, mas mais que uma cidade de ruas, Madrid é uma cidade de bairros. Cada barrio tem a sua identidade, a sua história, a sua tradição, o seu santo padroeiro.

Chamartín, Atocha, Retiro, Centro, Toledo, Chueca, Manzanares, Alfonso Dominguez, Justicia, Sol… A lista seria quase infindável, por isso resolvemos resumi-la a seis bairros, seis escolhas, que representam as diversas cidades que existem dentro desta fantástica cidade.

A vida madrilena em 6 bairros imperdíveis


Latina

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Na viragem do século os madrilenos descobriram os encantos da Latina. Um bairro que vivia adormecido, quase como uma pequena aldeia dentro da cidade. A porta de entrada para o bairro é o cruzamento entre a calle Toledo e a plaza de la Cebada, o velho teatro e o Mercado de la Cebada, onde pode começar a descer para o centro da Latina, rumo à plaza de puerta moros, encontrando pelo caminho diversas lojas, bares e restaurantes.

Passeie pelo bairro em direção à Real Basílica de São Francisco o Grande antes de procurar uma esplanada numa das muitas concorridas praças do barrio. Se o pulsar do dia-a-dia da Latina se sente junto do Mercado de la Cebada, já na Plaza Paja é onde Madrid se vai sentar e descontrair depois de um dia de trabalho, bebendo uma caña gelada ou tinto de verano, para fugir à canícula que assola a cidade no verão.


Prado

Entre a Cibeles e a Atocha encontra-se o encantador Passeio do Prado onde pode visitar o Jardim Botânico, o Museu Thyssen-Bornemisza e o famoso Museu do Prado, com uma extraordinária coleção de pinturas e esculturas que o elevam ao estatuto de um dos mais importantes museus do Mundo.

Se no Rainha Sofia é obrigatório visitar o Guernica de Picasso, no Prado todos os visitantes querem ver «As Meninas» de Velázquez, mas também «O Jardim das Delícias Terrenas» de Hieronymus Bosch, ou o conjunto de obras de Francisco Goya, onde se incluem as Majas, Saturno comendo o filho ou o Três de Maio.

O museu ladeia uma belíssima alameda repleta de jardins frondosos, que emprestam uma aura romântica ao passeio que foi buscar o nome ao museu. O Prado é um dos museus mais visitados do mundo, e não admira que seja a primeira entrada da sua lista do que quer ver em Madrid. A meio do passeio encontra-se a famosa fonte de Neptuno, que juntamente com a Cibelles, é um dos palcos das celebrações futebolísticas da cidade. 


Lavapiés

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Conhecer Madrid é conhecer os seus bairros. Se a Latina é o local eleito para os madrilenos beberem uma cerveja ao final da tarde, Lavapiés será o bairro onde se deve rumar para experimentar a verdadeira diversidade cultural da cidade.


O antigo bairro judeu é desde sempre um local de acolhimento para os novos moradores da cidade. Hoje, ao lado das velhas tabernas e casas de tapas, convivem os diversos restaurantes indianos, os döner kebabs, as lojas de eletrodomésticos, de conveniência e as locadoras de internet. No coração do bairro, encontrará o Museu Rainha Sofia, um dos três grandes museus da cidade, com obras de Gris, Dali, Miró e Picasso. 



Puerta del Sol

Quem desce a Gran Vía pode cortar na Plaza Callao para encontrar a Puerta del Sol, o epicentro da cidade, onde se encontra o quilómetro zero de Espanha, a estátua equestre de Carlos III, a fonte e o fronteiro edifício dos correios, ou ainda a famosa estátua do urso e do abrunheiro e o não menos icónico reclame luminoso do Tio Pepe.

Desde meados do século XX que a Puerta del Sol é a sala de visitas de Madrid, palco de momentos históricos e de grandes celebrações, um dos locais a não perder na capital espanhola. Quem visita Madrid tem de picar o ponto na praça e não esquecer de tirar uma foto com o urso, neste ex-líbris da cidade.


Chueca

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Quando se pensa no que ver em Madrid, a Chueca não será a escolha mais óbvia, mas nenhum guia da cidade esquece este bairro, porque tem uma cultura e uma vivência muito própria. Não há visita a Madrid completa, sem uma passagem pela Chueca.

Durante a segunda metade dos anos 80 o bairro converteu-se no centro da comunidade gay madrilena. Durante as décadas seguintes este barrio, que até aí fora uma zona decadente da cidade, em sobressalto com o tráfico de droga e a pequena criminalidade, regenerou-se e começou a atrair um novo comércio que veio encher as lojas vazias e os espaços devolutos.

Em que outra parte de Madrid pode ver um casal de idosos passear o seu cãozinho e conviver com um casal gay na mesma esplanada da Praça Central? A Chueca é esse bairro que combina o mais trendy com as mais antigas tradições da cidade. Não se admire que, lado a lado esteja um café gourmet que só serve doces importados da Suécia, esteja uma mercearia onde o dono ainda conhece pelo nome todos os clientes da sua loja. 

Barbearias com um quadro com a Última Ceia e um enorme poster do Real Madrid podem estar paredes meias com uma sauna anunciada com um vistoso arco-íris com a maior naturalidade do Mundo. 



Malasaña

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Estrategicamente colocado a meio caminho entre a Chueca e a a zona universitária, a Malasaña é o centro da vida noturna da cidade. Foi aí, nos anos 70, após o fim do franquismo, que surgiu a famosa Movida Madrileña. Boémios, artistas, jovens, todos acorriam noite sim, noite sim, ao centro da cultura alternativa em Madrid. 

Esta é a Madrid que inspirou os filmes de Almodóvar, o próprio presença regular em alguns desses “altares” do hedonismo como eram o caso do El Penta ou La Vía Láctea. Bares, discotecas, tertúlias, os infames botellons, quem queria viver a cidade intensamente tinha passar pelo bairro que mesmo depois de ver o resto da cidade abraçar a Movida, se manteve sempre como uma referência na noite madrilena e local de visita obrigatória na lista de “o que ver em Madrid”.

Arte urbana, cafés gourmet, velhas tascas com tapas no balcão, esplanadas montadas com as velhas mesas e cadeiras das casas dos avós, bicicletas por todo o lado e a mais recente loja trendy da cidade, é assim a Malaseña do novo milénio, tomada pelos hipsters, que mesmo assim não conseguiram afugentar todos os velhos vizinhos que ainda gostam de se encontrar ao fim da tarde numa das esquinas do bairro para cortar na casaca da chica que vive no terceiro esquerdo…

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