Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
26 Dez, 2018 - 10:30

Papanicolau: saiba tudo sobre este exame

Catarina Milheiro

O papanicolau tem um papel fundamental no diagnóstico de algumas doenças, sendo o cancro do colo do útero uma delas. Esteja devidamente informada.

 

Papanicolau: saiba tudo sobre este exame

papanicolau deve o seu nome a Geórgios Papanicolau, um médico grego que foi o pioneiro no estudo da citologia e na deteção precoce do cancro.

Neste artigo vai perceber o que é o papanicolau, em que consiste, a quem deve ser feito o exame bem como, quais são as doenças que poderão ser detetadas a partir dele.

Papanicolau: o que é?

O papanicolau é um exame que deve ser realizado por todas as mulheres que sejam sexualmente ativas. Consiste num exame de rotina para as mulheres, que se baseia numa análise citopatológica das células do colo do útero e da vagina.

O papanicolau é a única forma de detetar células cervicais pré-cancerígenas. Estas células provocam lesões que podem ser facilmente detetadas e tratadas, se fizer este exame, evitando assim a evolução para cancro.

Existem cada vez mais estudos que comprovam a sua importância, sendo que num deles divulgado pela Science Translational Medicine (revista médica americana), afirma que o exame do papanicolau pode detetar o cancro do endométrio, além do cancro do colo do útero e outras possíveis doenças.

Em que consiste o papanicolau?

O exame do papanicolau pode parecer assustador para quem nunca o fez, no entanto é mais simples do que pode pensar. Consiste em recolher uma amostra de células do colo do útero e da cúpula vaginal, através de um material de colheita próprio para o efeito.

Se já pesquisou sobre o assunto, muito provavelmente ficou assustada por ler que o material usado para realizar o exame é um “raspador”. Não se assuste. Trata-se somente de um instrumento de colheita.

A quem deve ser feito este exame?

O exame do papanicolau deve ser feito por qualquer mulher que tenha iniciado a sua atividade sexual há pelo menos um ano. Isto é, após iniciar este tipo de atividade, deve fazer o exame um ano depois.

No entanto, segundo o Programa Nacional para as doenças oncológicas da Direção Geral de Saúde (DGS), o rastreio do cancro do colo do útero deve ser realizado nas mulheres com idade de início não antes dos 20 e não depois dos 30 anos, e até aos 60 anos.

Que doenças podem ser detectadas através do papanicolau?

Cancro do colo do útero

São detetados todos os anos, cerca de 1000 novos casos de cancro do colo do útero, em Portugal. Este tipo de cancro afeta a parte inferior e mais estreita do útero, que faz a sua ligação até à vagina, e afeta com maior frequência mulheres a partir dos 40 anos.

Grande parte dos casos do cancro do colo do útero está associada à infeção pelo vírus do papiloma humano (em inglês, human papillomavirus– HPV).

Existem várias estirpes do HPV, sendo as mais oncogénicas, isto é, as que mais frequentemente causam o cancro do colo do útero, as estirpes 16 e 18 (consideradas as de alto risco).

A infeção por HPV é, na maioria dos casos, assintomática. No entanto, em alguns tipos, podem-se apresentar sintomas como lesões tipo “couve-flor” (condilomas), comichão, ardor e/ou dor durante o ato sexual e hemorragias fora do período menstrual. Na presença destes sintomas deve consultar o seu médico.

Este vírus é transmitido sexualmente, por isso, no homem a infeção pode passar despercebida, daí a importância de se usar sempre os devidos métodos contracetivos durante as relações sexuais. Quando o vírus está presente, as células cervicais podem sofrer uma transformação maligna.

Um dos métodos adotados para se conseguir assegurar o diagnóstico precoce deste cancro a todas as mulheres, foi a criação do rastreio do cancro do colo do útero (RCCU), pela Direção Geral de Saúde (DGS).

Importa ainda salientar que, a introdução da vacina contra o vírus do papiloma humano, foi mais uma medida tomada de modo a prevenir e controlar o cancro do colo do útero.

Cancro do endométrio

Através do exame do papanicolau também se pode detetar o cancro do endométrio, também designado por tumor endometrial.

Este cancro tem origem na camada interna de revestimento do útero, sendo que na maioria dos casos surge sobretudo a partir dos 50 anos, após a menopausa.

Fatores como a genética ou a produção de níveis altos de estrogénios, assim como a exposição prolongada a esta hormona, poderão estar na origem do cancro do endométrio.

São muito raros os casos em que se descobre este tipo de cancro através do papanicolau, porque é normalmente através de outro tipo de exames em que é detetado. Contudo, algumas células malignas podem migrar do endométrio até à cúpula vaginal, sendo assim possíveis de detetar quando se faz a colheita para amostras do papanicolau.

Este tipo de cancro pode manifestar-se através de uma dor por baixo do abdómen (a urinar e durante as relações sexuais), de uma hemorragia vaginal depois da menopausa ou até através de uma simples perda vaginal não habitual, que ao longo do tempo se vai tornando mais espessa.

É importante que converse com o seu médico, para perceber qual a melhor forma de se proteger e quais as terapêuticas associadas.

Cervicites

As cervicites são doenças inflamatórias do colo do útero. São provocadas por outras doenças sexualmente transmissíveis como as micoses vaginais ou candidíases e também podem ser observadas e detetadas através do exame do papanicolau.

Os sintomas das cervicites, normalmente não podem ser observados. Contudo, em alguns casos pode-se verificar a existência de irritações, vermelhidão local, hemorragia após relações sexuais, dores pélvicas e febres altas.

O papanicolau tem um papel fundamental no diagnóstico destas doenças, e é um exame bastante eficaz.

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