Mónica Carvalho
Mónica Carvalho
14 Ago, 2018 - 16:17

Passeio pelo Alto Alentejo: zona de mil encantos

Mónica Carvalho

Fazer um delicioso passeio pelo Alto Alentejo permite-lhe conhecer a fundo uma das regiões mais bonitas e históricas do nosso país.

Passeio pelo Alto Alentejo: zona de mil encantos

Fazer um passeio pelo Alto Alentejo, uma sub-região portuguesa que corresponde à totalidade do distrito de Portalegre, é ter a possibilidade de conhecer lugares encantadores, cheios de história que marcam o presente de vilas e cidades típicas, que respeitam costumes e tradições.

Explorar o Alto Alentejo

Num passeio pelo Alto Alentejo poderá descobrir melhor uma região limitada a norte pela Beira Baixa, a noroeste pelo Médio Tejo, a ocidente pela Lezíria do Tejo, a sul pelo Alentejo Central e a oriente por Espanha, no total de uma área de 6230 quilómetros quadrados e uma população estimada em mais de 118000 habitantes, de acordo com os censos de 2011.

Esta região é composta por 15 vilas e cidades:

  • Vila de Alter do Chão
  • Vila de Arronches
  • Vila de Avis
  • Vila de Campo Maior
  • Vila de Castelo de Vide
  • Vila de Crato
  • Vila de Fronteira
  • Vila de Gavião
  • Vila de Marvão
  • Vila de Monforte
  • Vila de Nisa
  • Vila de Sousel
  • Cidade de Elvas
  • Cidade de Ponte de Sor
  • Cidade de Portalegre

E todas elas têm algo em comum: paisagens de rara beleza, polvilhadas com um sol generoso que convida à paz, à calma, à quietude e ao reencontro da alma profunda, para voltar a carregar energias para o dia a dia.

O que pode visitar em passeio pelo Alto Alentejo?

A metade norte do Alentejo é uma jóia medieval, com uma dispersão de cidades fortalezas muradas e castelos remotos no topo da falésia. Muitos ficam-se por Évora, mas revelamos outros bonitos locais a descobrir num passeio pelo Alto Alentejo.

Sinagoga e Museu de Castelo de Vide, Castelo de Vide

Castelo de Vide

Reaberto em 2009 depois de ser convertido em museu, o local inclui a sinagoga original, com duas salas (uma para mulheres e outra para homens), um tabernáculo de madeira e a Arca Sagrada para rolos da Torá, o “livro da lei de Moisés”. Os restantes quartos da Sinagoga e Museu de Castelo de Vide abrigam uma vasta coleção de artigos que ilustram a história das comunidades judaicas de Castelo de Vide.

Castelo de Marvão, Marvão

castelo de marvão

Fonte: Max Pixel

O Castelo de Marvão foi construído na rocha no extremo oeste da vila e data do final do século XIII. Ainda é possível visualizar uma enorme cisterna abobadada cheia de água, ajardinada com sebes e canteiros de flores e que nos fazem recuar anos na história. A torre de menagem tem informação sobre a história do castelo, mesmo antes da sua fundação no século XIII. Por lá ainda encontra várias lojas de artesanato e um café, bem como a possibilidade de caminhar pelas muralhas do edifício secular.

Cidade de Ammaia, Marvão

cidade de ammaia

Este excelente pequeno museu romano situa-se entre Castelo de Vide e Marvão, mais propriamente em São Salvador de Aramenha e retrata uma cidade romana chamada Ammaia, do século I d. C. e cuja descoberto foi feita em 1994, ano em que decorreram as escavações completas. Na Cidade de Ammaia pode ver alguns dos achados, incluindo lintéis, jóias, moedas e alguns objetos de vidro incrivelmente bem preservados. Pode também seguir pelos campos até onde se localizava o fórum e o spa e ver colunas impressionantes.

Castelo de Portalegre, Portalegre

castelo de portalegre

O Castelo de Portalegre data da época de D. Dinis. Possui três torres restauradas, que oferecem boas vistas da cidade. Na década de 1930, parte das muralhas do castelo foram destruídas para abrir as ruas ao trânsito. Todavia, em 2006, após uma renovação controversa, foi criada uma estrutura moderna de madeira que liga as paredes do castelo à torre.

Fábrica de Cortiça Robinson, Portalegre

Esta fábrica de cortiça abandonada está a ser transformada num centro cultural. As obras ainda não estão finalizadas, mas, até lá, poderá entrar no espaço e passear por um labirinto de salas onde se encontram várias máquinas antigas. O espaço foi fundado em 1835 pelo inglês Thomas Reynolds e chegou a empregar mais de 2000 trabalhadores. Todavia,  a produção declinou na segunda metade do século XX e o local fechou definitivamente em 2009.

Convento de Santa Clara, Portalegre

Mais um dos tesouros escondidos de Portalegre: este antigo convento é agora parte da biblioteca municipal, o que significa que pode passear livremente. Tem um claustro impressionante e algumas paredes cobertas de azulejos. Embora o convento original remonte ao século XIV, a maior parte da estrutura data do século XVIII.

Forte da Graça, Elvas

forte de elvas

O Forte da Graça ainda tem uma presença dominante na região. Do castelo, o forte é visível apenas numa encosta distante. Parcialmente restauradas em 2015, as paredes espessas fornecem uma janela para o passado e vistas esplêndidas sobre Elvas e a paisagem circundante do presente.

A encosta estratégica, onde outrora existiu uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Graça, desempenhou um papel fundamental nas guerras com Espanha ao longo dos anos, quando foi usada pelos espanhóis como ponto de artilharia para atacar a cidade sitiada de Elvas na década de 1650 e novamente na década de 1760. Após este último, D. José I ordenou a construção deste poderoso bastião fortificado, considerado como uma obra-prima da arquitetura militar da época.

Aqueduto da Amoreira, Elvas

Foram precisos mais de 100 anos para completar este aqueduto ambicioso, cuja estrutura é tão significativa e capaz de tirar o fôlego a qualquer pessoa. O Aqueduto da Amoreira foi finalizado em 1622, destacando-se os enormes contrafortes cilíndricos e várias fileiras de arcos que seguem ao longo de sete quilómetros para oeste da cidade para levar água para a fonte de mármore do Largo da Misericórdia.

Museu Municipal de Estremoz, Estremoz

O Museu Municipal de Estremoz está alojado num asilo do século XVII, perto do antigo palácio. Possui bonitos móveis pintados à mão e adoráveis figuras de madeira esculpidas por artesão locais e que representam cenas rurais da região, assim como uma coleção de itens tipicamente alentejanos do século XIX.

Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, Estremoz

Este antigo palácio real foi restaurado e reaberto ao público em 2015. Abriga uma série de exposições itinerantes, onde é possível conhecer artistas talentosos do Alentejo. Além disso, o local merece uma visita nem que seja apenas para se deslumbrar com os corredores revestidos de mármore, passando por vitrais sob belos tetos decorativos.

Paço Ducal, Vila Viçosa

paço ducal vila viçosa

Os duques de Bragança construíram o Palácio Ducal no início do século XVI, quando o quarto duque, D. Jaime, decidiu que estava farto do desconfortável castelo da colina e por lá ficaram até que o oitavo duque se tornou rei em 1640, e se mudou para uma residência permanente noutro palácio real. Porém, este espaço foi sempre mantido pela família.

Fruto deste gosto da família pelo Paço Ducal de Vila Viçosa, ainda é possível ver algumas peças impressionantes do tempo da família real, como um gigante tapete persa do século XVI, muitos retratos reais, os apartamentos privados que mantêm um fascínio fantasmagórico, dado que ainda lá permanecem alguns artigos de higiene, bugigangas e roupas de D. Carlos e da sua esposa Maria Amélia.

Capela dos Ossos, Évora

capela dos ossos évora

Um dos pontos turísticos mais populares de um passeio pelo Alto Alentejo, e do qual toda a gente já ouviu falar é, sem dúvida, a Capela dos Ossos, em Évora. Este local está repleto de paredes e colunas deste hipnotizante lembrete da morte, alinhadas com os ossos e crânios de cerca de 5000 pessoas. Esta foi a solução encontrada por três monges franciscanos do século XVII para os cemitérios sem espaço que pertenciam às igrejas e mosteiros.

“Nós, os ossos que estão aqui, aguardamos os seus” – vai ser corajoso para visitar o local?

Templo Romano, Évora

templo de diana

Fonte: Max Pixel

O Templo Romano de Diana é outro igualmente altamente popular, estando entre os monumentos romanos mais bem preservados em Portugal, e provavelmente na Península Ibérica. Embora seja comumente referido como o Templo de Diana, não há consenso sobre a divindade para a qual foi dedicado, havendo, inclusivamente, alguns arqueólogos que acreditam que pode ter sido dedicado a Júlio César. Dúvidas à parte, coloca-se a questão de como é que estas 14 colunas coríntias, cobertas com mármore de Estremoz, conseguiram sobreviver ao longo de 18 séculos, de forma praticamente intacta. Um mistério para o qual não há uma resposta, mas que espera por si, em passeio pelo Alto Alentejo.

Siga as nossas dicas para um passeio pelo Alto Alentejo e divirta-se pelos caminhos recônditos de Portugal.

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