Ekonomista
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11 Jun, 2019 - 15:10

Primavera Sound 2019: notícias do fim foram muito exageradas

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O NOS Primavera Sound 2019 regressa no próximo ano, de 11 a 13 de junho. As notícias sobre a morte do festival foram manifestamente exageradas.

Primavera Sound 2019: notícias do fim foram muito exageradas

Havia alguma incerteza no ar. E não eram as condições meteorológicas que faziam vacilar o NOS Primavera Sound 2019. Desde o momento em que foi anunciado, o cartaz desta edição levou muitos fiéis a torcer o nariz a um line-up que fugia de forma descarada da vertente indie-rock que estava associada ao evento.

NOS Primavera Sound 2019: o triunfo depois da dúvida

NOS Primavera Sound 2019

Este ano o festival começou com chuva, mas nos dias seguintes o sol brilhou, afastando muitas das nuvens negras que pairavam sobre o recinto. O vento também apareceu, mas para os cabelos e as roupas voarem e completarem os looks alternativos que por lá passaram. O Parque da Cidade do Porto é realmente um excelente local para o NOS Primavera Sound. Tudo tem a ver com o espírito do festival de conexão com a natureza, mas também permite uma visibilidade para os palcos muito boa devido, mesmo com o recinto praticamente cheio.

É verdade que houve alguns cancelamentos, como Peggy Gou, mas esse foi apenas um pormenor numa edição que poderá ser de viragem no que diz respeito ao público alvo do festival. No próximo ano, o NOS Primavera Sound está de volta, entre 11 e 13 de junho, sendo que a primeira banda confirmada são os Pavement, uma banda que dirá mais a um público mais velho. Por isso, há que esperar para confirmar se estamos perante um novo rumo ou se foi apenas a força das circunstâncias a determinar o alinhamento deste ano.

Solange, musicalmente muito mais interessante que a irmã Beyoncé (mas sem o mesmo sucesso), trouxe ao Porto uma grande produção com 16 pessoas em palco, a debitarem um R&B pleno de energia, com uns fios funk e algumas influências hip-hop. As britânicas Let’s Eat Grandma foram uma das grandes surpresas da noite, com um som cheio e intenso, que não deixou ninguém quieto.

Os Stereolab chegaram ao Porto depois de dez anos e não desiludiram. Uma fiada de discos fundamentais para entender a música nos anos de 1990 estiveram na base de um concerto revivalista, mas com os olhos postos no futuro.

Já Jarvis Cocker, o eterno vocalista dos icónicos Pulp, agora a solo, demonstrou ser um animal de palco e rapidamente conquistou a plateia. Cocker é a força criativa por detrás de êxitos imortais, como Common People, Disco 2000 ou Something Has Changed. Tudo com os Pulp. Neste esforço a solo está lá a verve, a ironia e, principalmente, a presença. Merecia outro palco no Primavera Sound 2019.

DIA 8 DE JUNHO DE 2019

NOS Primavera Sound 2019

No segundo dia de festival, a multidão começou a juntar-se cedo junto ao palco. Courtney Barnett levou o rock ao NOS Primavera Sound num concerto descontraído mas com muita garra e ironia pelo meio.

J Balvin foi uma supresa neste cartaz e até parecia estar algo deslocado do festival. Contudo, o público abraçou o concerto e esteve muito divertido a dançar, vibrando com as suas músicas de reggaeton num espetáculo com muita cor.

Já os mais “velhinhos” Interpol começaram de mansinho, mas a meio conseguiram “acordar” o público com músicas emblemáticas.

James Blake deu um concerto íntimo e provou mais uma vez o incrível produtor e artista que é. Foi um concerto lindíssimo, mas podiam fazer outro horário, pois a música estava a embalar o público.

DIA 9 DE JUNHO DE 2019

NOS Primavera Sound 2019

O último dia de festival terminou em grande com muitos bons concertos. Os Viagra Boys partiram a loiça toda. O vocalista Sebastian Murphy estava a sentir o concerto e conseguiu passar essa energia para o público. Deitou-se várias vezes no chão a cantar e ironizou várias vezes a sua forma física.

Big Thief deu um concerto tranquilo, mas que encantou os fãs. Enquanto isso, Jorge Ben Jor, arrancou para um espetáculo bem divertido, com o público muito feliz a sambar.

A meio da noite aconteceu o poderoso concerto de Rosalía, que mais do que dar música, deu um espetáculo em grande. Apesar da pouca experiência de espetáculo ao vivo, conquistou o público com a sua energia e inovação de flamenco com eletrónica. A música que cantou à capela fez o público vibrar.

Outro destaque da noite, apesar do atraso do início do concerto, foi Erykah Badu, umas das cabeças de cartaz do dia. O concerto foi criativo e emotivo, o que fez quase toda a gente a esquecer o atraso inicial.

O FESTIVAL PARA ALÉM DA MÚSICA

Nesta edição houve uma preocupação ainda maior com a pegada ecológica. Os copos continuaram a ser reutilizáveis, o que efetivamente reduz o lixo visível no chão e havia várias pessoas pelo recinto com sacos para reciclagem.

A APP do festival é muito útil durante os dias de festival. A qualquer momento consegue-se ver quem está a atuar e onde, para além de reduzir o papel no chão com o programa.

Havia muita opção de comida desde street food a petiscos portuenses, apesar de um pouco mais caros do que gostaríamos.

Apesar do novo sistema da Via Verde ter sido uma boa ajuda nas filas, uma vez que guardavam o lugar em vez da pessoa, no 2º e no 3º dia já se faziam sentir as filas com mais gente no recinto. Contudo, as piores filas eram mesmo para a casa de banho.

Em 2020, o festival estará de volta. A expetativa sobre o rumo que vai tomar é grande. Mas uma coisa é certa: como aconteceu com o NOS Primavera Sound 2019, o Parque da Cidade do Porto é um local onde a magia acontece. Seja qual for o cartaz.

Se quiser recordar as músicas e artistas do festival, siga e ouça esta playlist do Spotify.

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