Cátia Aguilar
Cátia Aguilar
28 Set, 2017 - 11:50

Afinal, qual é o problema da bolacha maria?

Cátia Aguilar

A qualidade da bolacha maria tem sido posta em causa. Como muitos outros alimentos nos últimos tempos. Descubra se faz bem em continuar a comê-la.

Afinal, qual é o problema da bolacha maria?

A bolacha maria é dos primeiros alimentos sólidos introduzidos na dieta dos bebés. É fácil de mastigar, é barata e os próprios profissionais de saúde, como os pediatras, indicam-nas. Mas será que estamos a fazer bem ao comer esta bolacha? Já há estudos realizados em Portugal que indicam que não.

Estudo sobre a bolacha maria

O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge dedicou-se ao estudo da bolacha maria e da bolacha de água a sal para chegar à conclusão que estas têm muito sal, muito açúcar, muita gordura e pouco valor nutricional.

A qualidade nutricional da bolacha maria e da bolacha de água e sal foi avaliada com base nos teores de gordura total, sal e composição de ácidos gordos para “estimar o potencial impacto na saúde da população”. Foram analisadas várias marcas e até bolachas sem glúten e sem açúcar.

A referência para avaliar o valor nutricional das bolachas foi um regulamento da OMS – Organização Mundial de Saúde – e a Roda dos Alimentos Mediterrânica.

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Fonte: Direção-Geral da Saúde

Assim, concluiu-se que uma porção de bolacha maria contribui em 5% para o valor diário de ingestão de sal recomendado para um adulto. Quanto à dose diária de gordura, a bolacha maria contribui com cerca de 12%. São valores muito elevados.

Naturalmente, a bolacha maria não pode ser responsabilizada por isso, mas há cada vez mais doenças crónicas, como a obesidade, diabetes e hipertensão arterial. E uma vez que estas bolachas são tão consumidas, o Instituto Dr. Ricardo Jorge aconselha a reformulação destes alimentos, para que se tornem menos prejudiciais, já que são dados a bebés e crianças, idosos e pessoas hospitalizadas, que são alvos fáceis das desvantagens que este tipo de alimentos pode trazer.

A Direção Geral de Saúde quer propor alterações para que estes produtos sejam mais saudáveis.

O reverso da medalha

Por outro lado, este estudo também concluiu que as gorduras trans – gorduras produzidas industrialmente para aumentar a durabilidade dos produtos, o seu aspeto e sabor, e que devem ser evitadas – reduziram, comparativamente a números anteriores.

Para além disso, as bolachas passaram a ter mais ácidos gordos insaturados, que podem contribuir para a prevenção de doenças crónicas.

A opinião dos profissionais da área

Depois da divulgação deste estudo, alguns nutricionistas já se pronunciaram sobre o tema, afirmando que o consumo de bolacha maria e semelhantes não é benéfico para a saúde. Afirmam tratar-se de alimentos com “nutrientes ocos” e que, para as crianças, podem ter efeitos nocivos no seu crescimento e até no seu desenvolvimento intelectual.

No que diz respeito a doentes hospitalares, alguns nutricionistas afirmam que, a par com outros alimentos disponibilizados nos hospitais, podem retardar a recuperação.

Apesar de se tratar de uma relação antiga, talvez esteja na altura de repensarmos o consumo de produtos como a bolacha maria ou a bolacha de água e sal, dado o estudo que agora nos é apresentado.

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