Margarida Ferreira
Margarida Ferreira
30 Set, 2016 - 08:00

Trabalhar no Japão: guia essencial

Margarida Ferreira

Tem razões para estar confiante. Membro do exclusivo G7 (grupo dos 7 países mais industrializados e desenvolvidos), o Japão é a 3.ª maior economia mundial.

Trabalhar no Japão: guia essencial

Conhecido pela sua sociedade extremamente organizada e pela elevada qualidade de vida, este país asiático é, sem dúvida, um destino de emigração apetecível.


Por que motivo devo procurar emprego e trabalhar no Japão?

A economia japonesa é bastante dinâmica e a comprová-lo está o crescimento de 2,4%, registado entre Janeiro e Março deste ano. É o segundo trimestre consecutivo a subir. Além disso, os elevados salários praticados, as boas infra-estruturas e a presença nos rankings dos países com melhores condições de vida são um atractivo para quem procura um desafio no Oriente.

Antes de se mudar de malas e bagagem para o país do Sol Nascente, convém informar-se sobre a realidade profissional e social japonesa. Faça uma análise conscienciosa dos pós e dos contras. Afinal trata-se de uma mudança radical. Deixamos-lhe, por isso, algumas informações, que consideramos pertinentes, sobre como é viver e trabalhar no Japão.



Emprego

É um facto que a ética no trabalho, os investimentos em tecnologia de ponta, a reciclagem de materiais e a elevada produtividade fazem do Japão um país muito procurado pelas empresas para investir. Mas também muito exigente na contratação de mão-de-obra. Profissionalismo irrepreensível é ponto de honra. Prepare-se para vestir e suar a camisola.

Os principais sectores são a engenharia automóvel, a informática, a electrónica, a siderurgia, a metalurgia, a construção naval, a química e a biologia. Áreas onde os candidatos portugueses podem encontrar boas oportunidades. A escassez de profissionais permite uma maior abertura à contratação de estrangeiros.

Com a 2.ª maior bolsa de valores do mundo e a maior da Ásia, Tóquio é uma boa opção para quem quer trabalhar no mundo das finanças. Além disso, convém lembrar que este país recebe a sede de alguns dos maiores grupos empresariais internacionais (Sony, a Mitsubishi, a Toshiba, a Hitachi e a Toyota, por exemplo).

Para quem procura emprego, a estratégia mais vantajosa passa por concentrar a pesquisa nas cidades mais populosas. Como é lógico, é nessas metrópoles que se encontram a maior parte das ofertas de trabalho. Tóquio (mais de 8 milhões de habitantes), Yokohama, Osaka, Nagoia e Sapporo constituem o seu topo 5.



Salários

Em Abril, o governo japonês informou que o salário médio tinha registado a primeira subida em termos reais, em dois anos. Um aumento de 0,9% que se traduz num vencimento de 274.577 ienes, ou seja, cerca de 2.013 euros. Claro que é preciso ter em consideração a área profissional a que se candidata. O salário mínimo é um dos mais altos do mundo (5,56 euros/hora).

Prepare-se, no entanto, para uma realidade bem distinta da nacional. As empresas japonesas pagam aos funcionários pela idade e não pela função desempenhada ou pela sua responsabilidade. O que pode baralhar as contas a quem procura emprego. Além disso, importa realçar que as profissionais japonesas recebem, em média, menos 30% do que os homens.



Custo de vida

Tóquio já não integra o top 5 das cidades mais caras do mundo para viver, como até há alguns anos atrás. Mas o nível de vida na capital japonesa continua a ser elevado, sobretudo se comparado com Lisboa. Um quilo de maçãs facilmente ultrapassa os 4,50 euros, uma garrafa de vinho tinto custa 10 euros, o passe mensal de transportes públicos não fica por menos de 90 euros. A habitação também não é barata. Um apartamento mobilado com 85 metros quadrados, numa zona nobre de Tóquio, pode custar mensalmente mais de 2 mil euros. A mesma casa em Osaka fica por 1400 euros. Se quiser contratar uma pessoa para ajudar nas limpezas, prepare-se para desembolsar 16 euros/hora pelo serviço.



Segurança

O reino do sol nascente é considerado como um país seguro, com baixos níveis de criminalidade. Aliás, nos últimos anos os números têm vindo a diminuir. As pessoas sentem-se seguras nas ruas e no dia-a-dia. Uma realidade que não implica que não se deve ter os cuidados normais que se tem, por exemplo, em Lisboa ou no Porto.



Cuidados de saúde

Vai encontrar um sistema de saúde muito desenvolvido e funcional, mas muito diferente do Ocidental. Nem todos os hospitais, mesmo as instituições privadas, têm pessoal fluente em inglês. Se recorrer a um hospital público, tem direito a um intérprete que lhe será disponibilizado. Se receber tratamento num hospital privado, prepare-se para pagar.

Tenha em consideração que não é aceitável mostrar cicatrizes. Deve usar um penso. Feridas ou zonas de pele com borbulhas avermelhadas ou em erupção também devem ser cobertas com pensos discretos ou maquilhagem. Espirrar ou respirar quando se está constipado deve ser isolado da vista. Opte por uma máscara médica.



Visto

Os titulares de passaporte português válido não necessitam de visto para entrar no país e permanecer até 90 dias. Para quem pretende viver e trabalhar nesta monarquia constitucional, estão disponíveis vários tipos de visto de trabalho para exercer actividade profissional remunerada. Isto independentemente da duração de tal actividade. Assim, existem os vistos de:

  • Transferência de funcionários de companhia estrangeira (Intra-campany Transferee),
  • Prestação de serviços a empresas japonesas no sentido de aproveitar os conhecimentos de estrangeiros (Skilled Labor),
  • Realização de investigação em instituições académicas públicas ou privadas japonesas (Researcher),
  • Realização de espectáculos como concertos, teatro… (Entertainer).



Língua

O japonês é a língua oficial do país e tem igualmente o estatuto de língua oficial de trabalho. Aprender o idioma é, por isso, essencial não só para ter uma integração mais fácil, como também para conseguir uma entrada no mercado laboral mais rápida. Importa referir que este é um dos países onde é mais difícil encontrar profissionais bilíngues.

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