Luísa Santos
Luísa Santos
20 Mai, 2019 - 09:31

A grande aposta da Uber para ser a próxima Amazon

Luísa Santos

Começou como um serviço de transporte de pessoas, mas chegou à entrega de comida e não se fica por aí. A Uber tem planos de se tornar (ainda mais) global.

A grande aposta da Uber para ser a próxima Amazon

Como serviço pioneiro no transporte de pessoas, a Uber rapidamente ganhou popularidade entre a população, que aderiu gradualmente a esta forma de transporte. Face à aceitação que tem recebido, a empresa quer expandir-se cada vez mais, tornando-se numa referência ao nível do transporte e logística mundiais.

Uber quer fazer transportes à volta do mundo

homem usa uber

A Uber foi um dos primeiros serviços de transporte (baseado na Internet) de pessoas a surgir um pouco por todo o mundo. Com base numa aplicação, a pessoa pode pedir um Uber em vez de um táxi. Pode ainda saber quantos carros estão perto de si de forma a perceber quanto tempo o veículo demorará a chegar.

Entre diversas funcionalidades, o utilizador sabe logo o intervalo de preço (mínimo e máximo) que irá pagar para fazer a sua viagem, depois de introduzir o local de partida e chegada. Com um método de trabalho onde prima a simpatia dos condutores e as boas condições dos veículos, fatores como a rapidez e eficácia são duas das vantagens mais valorizada pelos utilizadores.

No entanto, e de acordo com os planos mais recentes da empresa, o objetivo não se limita ao transporte de pessoas. Prova disso foi o lançamento da Uber Eats (que concorre com serviços como o da Glovo), serviço de entrega de comida que chegou a Portugal em 2017 e que conseguiu muito boa adesão por ser o primeiro a entregar McDonald’s em casa.

Ganhar escala

Com Sede em São Francisco, nos Estados Unidos da América, a empresa de transporte deu a conhecer as vantagens dos seus serviços um pouco por todo o mundo. Como tal, seria de esperar que os principais concorrentes da Uber fossem outros serviços semelhantes, como a Cabify ou a Lyft, por exemplo.

A empresa quer, ao invés disso, tornar-se (ainda mais) global e tem como objetivo principal alcançar a eficácia de empresas como a Amazon, capazes de garantir entregas em todo o mundo de forma rápida e segura. É com base na vasta base de dados que possui e no software de localização que desenvolve que a Uber pretende alcançar uma pegada global.

Mais do que utilizar carros mais rápidos, ou até mesmo motas e bicicletas em trajetos que o justifiquem, a empresa quer elevar a sua logística a um novo patamar, suficientemente diferenciador da restante concorrência.

pessoas usam a uber

Uber na Bolsa de valores de Nova Iorque

Para que esta estratégia se possa concretizar, a Uber vai aumentar as suas ações para 45$ cada (aproximadamente 40€) na Bolsa de Nova Iorque, esperando reunir o capital necessário para tornar a sua logística global. Ainda assim, não é certo que a empresa consiga alcançar o valor esperado por parte de investidores.

A verdade é que este serviço se vê como “a Amazon dos transportes”, mas os números não correspondem. Em 2018, a Uber perdeu 3 mil milhões de dólares (aproximadamente 2.672,920,000€) e 4.1 mil milhões de dólares (aproximadamente 3.652,990,000€) no ano anterior em custos de operação e logística.

Estes valores, quando comparados com os da Amazon, fazem perceber a grande diferença que separa as empresas. Aquilo que a Uber perdeu em 2018, a Amazon perdeu nos primeiros oito anos de existência, para nem falar do lucro que garante diariamente (muito superior ao do serviço de transportes).

Conseguirá a Uber alcançar a globalização pretendida?

É necessário considerar a forma como a empresa trabalha atualmente para ter a perceção se, de facto, esta será capaz de globalizar a sua estratégia. A verdade é que, em serviços como a Uber Eats, nem todas as críticas são construtivas, dando espaço a muito relatos de clientes que afirmam terem experienciado um mau serviço.

De facto, são várias as pessoas que se queixam de ter a comida entregue depois do tempo previsto ou de nem sequer receberem a mesma em dias com piores condições climatéricas. Também da parte dos trabalhadores existem situações que, a longo prazo, podem impedir a empresa de se globalizar como quer.

Casos em que não existe estacionamento para as motas ou em que são passadas multas aos condutores são apenas alguns dos exemplos que acontecem com muita frequência na Uber Eats. Ainda assim, Dara Khosrowshahi, CEO da Uber, afirma que este é apenas o início. “Quando o assunto em discussão são grandes indústrias, como a de comida ou logística, a Uber está ainda a começar a demonstrar como é que o futuro da mobilidade urbana pode mudar as cidades para melhor”.

Independentemente do rumo que a estratégia global da empresa possa tomar, esta continua a trabalhar em prol de uma maior mobilidade em que as pessoas não dependam de veículos próprios para se movimentarem. A longo prazo, a utilização de motas e/ou bicicletas faz igualmente parte da vontade que a Uber tem de mudar a forma como nos deslocamos hoje em dia – e no futuro.

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