Diogo Campos
Diogo Campos
10 Jul, 2017 - 08:11

Uma virose durante a viagem

Diogo Campos

Passadas duas horas de ter comido o queijo com pão que tinha comprado à pressa, cinco minutos antes de entrar no autocarro, a minha barriga começou a tocar os alarmes.

Uma virose durante a viagem

Não havia dúvida, algo não estava bem e só desejava que não fosse nada de grave, a última coisa que queria era visitar um hospital na Bolívia!

Quando cheguei a La Paz às 5h30 da manhã, além de me sentir fraco e estar a morrer de frio, tinha que ir procurar um hostel para descansar. Depois de me ter enrolado no saco de cama no terminal dos autocarros até que fossem oito da manhã, hora a que os hostels abrem as portas, fui percorrer as ruas à procura do melhor preço.

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Além da virose, a cidade está a 3600m de altitude e faz-me recordar Lisboa devido ao constante sobe e desce, a somar a tudo isto tinha a mochila nas costas que me obrigava a parar de 500m em 500m para me sentar, respirar e pensar. Tinha passado por quase dez hostels e finalmente entrei num beco onde indicava, na minha app de mapas offline, que havia outros dois. O preço era de 5€ por noite e nem pensei duas vezes.

Rapidamente liguei ao meu pai, pois é um especialista a tratar de viroses. Logo me disse para beber água de arroz e, decorridas umas horas, comer o arroz e, claro, além de descansar e beber muita água, teria que esperar 48h até que o sistema intestinal estivesse regularizado.

Depois de me sentir um pouco melhor, e contrariando as indicações do meu pai, fui dar uma volta, pois havia uma grande festa pelas ruas da cidade, mas voltei a sentir-me bastante fraco e tive que me deitar e esperar pelo dia seguinte.

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O nome La Paz não representa o modo como a cidade respira. O trânsito é caótico, as mini vans que são uma mistura de táxis com autocarros apitam a toda a hora, para avisar que ainda têm lugar, quando não há uma cabeça de fora da janela, já sem fôlego, a repetir constantemente o destino que seguem. Atravessar a estrada é um desafio e nalguns momentos parece que estou num jogo de computador, com a diferença que só tenho uma vida.

Era altura de saltar fora da cidade. Falaram-me de um trekking que se iniciava a 5000m de altitude e seguindo o leito do rio, que cortava as montanhas verdes da paisagem pré-amazónica e terminava perto de uma aldeia muito bonita.

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Nunca tinha feito tantos quilómetros seguidos. Foram 68km, em quatros dias com mais de dez quilos na mochila. No início o oxigénio era mais escasso nos cumes brancos das montanhas. A primeira noite e a primeira manhã foram bastante frias, mas depois o clima tornou-se cada vez mais tropical, onde o calor e a humidade convidavam a um refrescante mergulho no rio de água pura.

As paisagens em “V” das montanhas e vales com o verde da floresta totalmente virgem sem ter sofrido alterações feitas pelo Homem, juntamente com os pequenos povoados de pequenas famílias que aí moram, transportavam-me para outra dimensão de um planeta com uma beleza incrível. Na próxima semana o desafio será conseguir chegar a um voluntariado numa quinta num pequeno povoado no meio da Bolívia. A aventura continua em Puririy.

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