Miguel Pinto
Miguel Pinto
02 Fev, 2024 - 10:45

Portugal dos Pequenitos: lição de história em ponto pequeno

Miguel Pinto

O Portugal dos Pequenitos, em Coimbra, é uma lição de história e de alguns mitos da nacionalidade. Ideal para os mais novos.

Portugal dos Pequenitos

“Tudo é minúsculo para nós – mas grande para as crianças – e tudo é verdadeiro”. Esta é uma frase da autoria de Bissaya Barreto, o professor que sonhou e que acabou por criar o Portugal dos Pequenitos.

O parque temático nasceu em Coimbra a 8 de junho de 1940, e foi criado para que os mais pequenos pudessem conhecer todos os cantos de Portugal sem precisarem de sair da cidade do Rio Mondego.

Parte integrante de uma certa estética do Estado Novo, onde a exaltação da portugalidade e do império colonial fazia parte das diretivas do Secretariado de Propaganda Nacional, o Portugal dos Pequenitos é, ainda assim, uma obra que nos ajuda a perceber um certo país.

O país rústico, avesso à modernidade e ao progresso. Mas também o país monumental, orgulhoso da sua secular história, em particular a gesta dos descobrimentos.

Curiosamente, o projeto foi assinado por alguém pouco dado a cantar vivas ao regime de Salazar. Cassiano Branco era, no entanto, um dos mais respeitados arquitetos nacionais, tendo assinado obras emblemáticas como o Cineteatro Éden, o Hotel Vitória (atualmente a sede do Partido Comunista Português), o magnífico Coliseu do Porto ou o Grande Hotel do Luso.

Portugal dos Pequenitos: as diferentes áreas

O Portugal dos Pequenitos idealizado por Cassiano Branco, em desenvolvimento da proposta inicial de Bissaya Barreto, possui cinco áreas temáticas distintas.

1

Casas Regionais

Esta área apresenta um conjunto de casas regionais projetadas por Cassiano Branco, segundo os modelos do arquiteto Raul Lino. Outros elementos típicos das aldeias portuguesas compõem o quadro de um espaço imaginário tais como o moinho, as alminhas, o solar, as minas e a incontornável capela.

Ocupando um lugar central e destaque, encontra-se a estátua do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques, da autoria do escultor Leopoldo de Almeida. Esta área é, por excelência, uma mostra da riqueza da arquitetura tradicional portuguesa, de norte a sul do país.

2

Portugal Monumental

Composta por vários núcleos que reúnem os mais emblemáticos monumentos de Portugal Continental, esta área evidencia toda a mestria de Cassiano Branco num brilhante jogo com os volumes e dimensões dos monumentos.

Neste sentido, os monumentos aqui representados em escala reduzida estão harmoniosamente organizados pela sua localização geográfica e em jeito de colagem, o que dá ao conjunto uma singular beleza e originalidade. Nesta área, é também de salientar o magnífico trabalho de cantaria do Mestre Valentim de Azevedo.

3

Além-Mar

Memória viva da presença portuguesa no mundo, esta área é composta por pavilhões temáticos que representam os atuais países de expressão portuguesa, Índia e Macau.

No seu interior podem encontrar-se em exposição coleções de peças representativas da sua fauna e flora, etnografia, artesanato e utensílios de uso diário. Estes pavilhões, inspirados na arquitetura local, estão distribuídos nesta área conforme os oceanos que os banham os países aqui representados. Ao iniciar a visita vamos encontrar os países banhados pelo Oceano Índico e no fim pelo Oceano Atlântico.

4

Portugal Insular

Junto à área de Além-Mar encontram-se ainda os pavilhões da Madeira e dos Açores, construídos com pormenores dos mais emblemáticos monumentos localizados naqueles arquipélagos. Estes pavilhões estão rodeados por grandes lagos, ilustrando o Oceano Atlântico.

Ainda nesta área encontra-se um mapa-mundo representativo das rotas marítimas percorridas pelos navegadores portugueses e uma estátua do Infante D. Henrique, o impulsionador da epopeia dos Descobrimentos.

O acesso a esta área é composto por um pavimento que ilustra uma Cruz de Cristo, em que cada um dos seus braços leva o visitante aos espaços aqui representados.

5

Coimbra

Junto à área das Casas Regionais encontra-se o núcleo de Coimbra. Concebido na mesma linha estética do Portugal Monumental, é o cenário dos mais simbólicos monumentos da cidade que acolhe o Portugal dos Pequenitos.

Impunha-se esta presença especial, não só por Coimbra ser a sede deste parque, mas também por ser a cidade guardiã da língua portuguesa através da sua Universidade com raízes medievais, bem como a primeira capital do Reino de Portugal. Coimbra é também a cidade onde repousam para a eternidade os primeiros reis de Portugal: D. Afonso Henriques e D. Sancho I.

Criança no Portugal dos Pequenitos

Portugal dos Pequenitos: Museu do Traje e atividades

O Museu do Traje foi criado pela Fundação Bissaya Barreto em 1997 com o objetivo de acompanhar os tempos de hoje. O espaço expõe cerca de 300 peças em miniatura representando a evolução do traje ao longo dos tempos, cenas do quotidiano português e alguns adereços significativos.

O espaço possui várias iniciativas para acolher os mais pequenos. É possível realizar alguns cursos e workshops, organizar uma festa para crianças, oficinas para grupos com necessidades especiais ou até para grupos escolares com várias temáticas.

Horário, morada e preços

O espaço possui vários horários ao longo do ano:

  • De 1 de janeiro a 28/29 de fevereiro e de 16 de outubro a 31 de dezembro: aberto entre as 10h e as 17h.
  • Entre 01 de março e 31 de maio e 16 de setembro a 15 de outubro: aberto das 10h às 19h.
  • De 01 de junho a 15 de setembro (horário de verão): aberto das 9h às 20h.

O Portugal dos Pequenitos fica no Largo do Rossio de Santa Clara. O mais fácil é entrar em Coimbra e depois atravessar a ponte de Santa Clara para chegar à outra margem do Mondego.

Já no que diz respeito a preços, os preços podem variar entre os 10 e os 15 euros. Há, como seria de esperar, descontos para famílias. E para crianças até aos 3 anos de idade, que não precisam de pagar para entrar.

Fontes

Fundação Bissaya Barreto, Coimbra

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