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Miguel Pinto
Miguel Pinto
16 Out, 2024 - 09:25

Google aposta no nuclear para alimentar inteligência artificial

Miguel Pinto

O nuclear parece ser uma das respostas para a acrescente procura de eletricidade que os projetos de Inteligência Artificial exigem.

Símbolo Google

A Google assinou um acordo pioneiro a nível mundial para adquirir energia de um conjunto de pequenos reatores nucleares (SMR) com o objetivo de alimentar o aumento no uso de inteligência artificial.

A gigante da tecnologia dos Estados Unidos encomendou sete destes reatores à Kairos Power, uma empresa da Califórnia. O primeiro reator deverá ser concluído até 2030, e os restantes até 2035.

A Google espera que este acordo forneça uma solução ecologicamente mais sustentável para alimentar os datacenters que exigem enormes volumes de eletricidade.

O gigante da tecnologia destaca que a energia nuclear oferece “uma fonte de energia limpa e constante que pode ajudar-nos a atender de forma confiável à demanda de eletricidade”.

O crescimento explosivo da IA generativa e do armazenamento em nuvem aumentou consideravelmente a procura por eletricidade das empresas de tecnologia.

Em busca de novas fontes de eletricidade

Os locais dos novos reatores e os detalhes financeiros do acordo não foram revelados, mas sabe-se que a Google concordou em adquirir um total de 500 megawatts de energia da Kairos, empresa fundada em 2016 e que está a construir um reator de demonstração no Tennessee, previsto para 2027.

A verdade é que, dizem os responsáveis da Google, a rede precisa de novas fontes de eletricidade para suportar as tecnologias de IA que estão a impulsionar avanços científicos significativos, melhorando serviços para empresas e clientes e promovendo o crescimento económico e a competitividade nacional.

Este acordo, referem, ajuda a acelerar uma nova tecnologia para atender às necessidades energéticas de forma limpa e confiável, desbloqueando o pleno potencial da IA para todos.

O acordo, ainda sujeito a autorização do regulador norte-americano, representa uma aposta na tecnologia de SMR. Estes reatores nucleares mais pequenos, construídos em fábrica, são projetados para reduzir os excessos de custos e os atrasos frequentemente associados à construção de centrais.

Contudo, os críticos argumentam que os SMR podem ser dispendiosos, uma vez que não atingem a mesma economia de escala que as grandes centrais nucleares.

No entanto, parece ser um processo quase imparável. No Reino Unido, várias empresas estão a competir para serem selecionadas pelo governo para desenvolver as suas tecnologias de SMR, num esforço para revitalizar a indústria nuclear do país. Uma das concorrentes, a Rolls-Royce SMR, recebeu um impulso significativo no mês passado ao ser escolhida pelo governo checo para construir um conjunto de reatores.

Microsoft e Amazon na corrida

Mas esta corrida à eletricidade não é um exclusivo da Google. Outros gigantes da tecnologia estão a apostar em novas formas de alimentar dos datacenters. Em março deste ano, por exemplo, a Amazon adquiriu um datacenter alimentado por energia nuclear da Talen Energy.

No mês passado, a Microsoft firmou um acordo para utilizar energia da central nuclear Three Mile Island, encerrada há cinco anos. Localizada no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, esta central foi palco de um dos acidentes nucleares mais graves da história.

Em 28 de março de 1979, um problema técnico no Reator 2 resultou num colapso parcial do núcleo do reator. Embora o acidente tenha libertado apenas uma quantidade limitada de radiação para o ambiente, este evento gerou pânico generalizado e tornou-se um marco importante na história da segurança nuclear. Agora, vai ser reativada.

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