Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
15 Abr, 2019 - 15:57

E se a vacina da gripe fosse substituída por pastilhas efervescentes?

Catarina Milheiro

O fim das agulhas na vacina gripe pode estar mais perto. A ideia, nascida na Universidade de Aveiro, passa por substituir a vacina por ‘super-pastilhas’.

E se a vacina da gripe fosse substituída por pastilhas efervescentes?

Colocar num copo de água, deixar dissolver e de seguida tomar. Uma vacina para a gripe sem agulhas nem picadas. É esta a ideia de um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro, que propõe substituir a vacina da gripe por pastilhas efervescentes.

À base de vitamina C e minerais, o “ingrediente secreto das super-pastilhas” está nos anticorpos retirados das gemas dos ovos das galinhas. Para que se venham a tornar uma realidade falta ainda o financiamento.

Se é daquelas pessoas que tem medo de tomar a vacina da gripe devido às contraindicações ou simplesmente porque as agulhas lhe fazem alguma confusão, então vai gostar de saber mais sobre este tema.

Investigação portuguesa quer substituir vacina da gripe por pastilhas

comprimido efervescente

Se a vacina da gripe fosse substituída por pastilhas efervescentes como funcionaria todo o processo? Será que o efeito para combater a gripe seria o mesmo? Quais seriam as reações? A ideia nasceu na Universidade de Aveiro (UA) e pretende vir a revolucionar o combate à gripe.

Estas pastilhas são feitas à base de vitamina C e de uma mão cheia de sais minerais, sendo que o seu ingrediente secreto está nos anticorpos que são retirados das gemas dos ovos das galinhas. De acordo com a equipa responsável pela investigação, as pastilhas estão isentas das contraindicações das vacinas que todos os anos têm de ser reformuladas, além de dispensarem a utilização de agulha evitando, assim, todos os medos associados.

Os ingredientes chave das pastilhas efervescentes são intitulados de anticorpos IgY e são produzidos exclusivamente por aves, estando concentrados nas gemas dos ovos, que são proteínas que atuam no nosso sistema imunológico como defensoras do organismo. Segundo os investigadores do Departamento de Química (DQ) da UA, é possível manipulá-los de forma a torná-los armas eficazes no combate ao Influenza, o vírus causador da gripe.

Quais as reações esperadas?

A ideia de incorporar os anticorpos IgY em pastilhas efervescentes foi desenvolvida por Marguerita Rosa, Emanuel Capela e Mariam Kholany, estudantes do Doutoramento em Engenharia Química do DQ e do CICECO – Instituto de Materiais de Aveiro da UA.

Os investigadores Marguerita Rosa Emanuel Capela e Mariam Kholany

Os investigadores Marguerita Rosa Emanuel Capela e Mariam Kholany. Fonte: Universidade de Aveiro

Mas afinal o que se espera deste tipo de pastilhas?

De acordo com os investigadores é esperado que “estes anticorpos não espoletem reações inflamatórias no sistema imunitário humano, diminuindo passivamente a carga viral da pessoa afetada”. Além disso, garantem “uma pastilha por dia é o que desejamos alcançar para manter a proteção ao longo do tempo de maior incidência do vírus da gripe”.

Apresentando-se como um meio capaz de revolucionar o combate à gripe, este projeto espera ainda obter financiamento para que se consiga tornar acessível a toda a população a administração das pastilhas efervescentes.

Com acesso facilitado aos conhecimentos científicos e à tecnologia, os jovens investigadores pretendem criar um produto nutracêutico revolucionário e inovador para combater o vírus da gripe. A ideia passa por desenvolver pastilhas efervescentes que contenham anticorpos da gema do ovo específicos para as proteínas membranares constantes do vírus Influenza, sendo que estas pastilhas seriam suplementadas com vitamina C e outros tipos de minerais de forma a reforçar o sistema imunitário.

Quem pode vir a tomar estas pastilhas?

Segundo os investigadores, “trata-se de um método passível de ser utilizado por toda a população e não apenas por doentes de risco, tendo a vantagem de ser não-invasivo quando comparado com a vacinação tradicional”.

O projeto dos estudantes da Universidade de Aveiro já foi reconhecido a nível internacional, tendo ganho o 2.º prémio de um concurso realizado no âmbito da V IMFAHE’s International Conference 2019 – Innovation Camp, que decorreu em março na Universidade de La Laguna, em Tenerife. O grupo arrecadou dois mil euros para trabalhar na proposta ao longo do próximo ano.

A verdade é que os jovens investigadores precisam ainda de mais financiamento para poder provar que estas pastilhas podem realmente trazer mudanças no método de combate ao vírus Influenza (vírus causador da gripe). Mas o adeus às agulhas da vacina da gripe pode estar agora um pouco mais perto.

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