Inês Silva
Inês Silva
14 Ago, 2016 - 09:00

Em agosto começa a pesquisa de ouro em Boticas

Inês Silva

Com 12 furos e um investimento de um milhão de euros, a Medgold Resources inicia este mês a campanha de pesquisa de ouro.

Em agosto começa a pesquisa de ouro em Boticas

Se há cerca de dois mil anos coube aos romanos a exploração de ouro no território das freguesias de Ardãos e Bobadela, em Boticas, distrito de Vila Real, agora é a vez da empresa canadiana Medgold Resources.

O local, onde será feita a campanha de sondagem de ouro, está inserido num parque arqueológico classificado. A empresa iniciará a exploração cumprindo medidas de minimização devido à classificação do local, nomeadamente, evitando eventuais impactos negativos inerentes às movimentações da maquinaria.

Foram os vestígios deixados pela atividade mineira dos romanos que levaram à criação do parque arqueológico e à sua classificação em 2013.

O projeto, para avançar, precisou de parecer favorável da tutela do património. Situação que não agradou a arqueólogos.

O arqueólogo da Universidade do Minho, Luís Fontes, especialista que há vários anos faz escavações e estudos arqueológicos em Boticas, afirmou que “a exploração de ouro e a proteção deste património são projetos absolutamente incompatíveis e espero que a tutela tenha a coragem de tomar uma decisão, uma posição”.

O presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, referiu que “este assunto está a ser tratado com pinças” e ressalvou a oportunidade de “criar emprego sem destruir o património” com a preservação do Parque Arqueológico do Vale do Terva, classificado como sítio de interesse público.

Atribuídos pela Direção-Geral de Energia e Geologia, a Medgold Resources ganhou os direitos de pesquisa de ouro num campo de 106 quilómetros em agosto de 2013.

Este projeto obteve o estatuto PIN (Potencial Interesse Nacional) e, depois de uma fase de suspensão, a empresa cotada da bolsa de Toronto voltou aos trabalhos para iniciar este mês as sondagens de ouro.

Para se encontrar uma solução que se adaptasse à exigência da tutela, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), integrada no Ministério da Cultura, John Morris, um dos representantes da empresa, disse terem sido precisos “18 meses”.

Fonte do ministério da Cultura confirmou ter sido feito um “acompanhamento arqueológico e que a intervenção verificará o afastamento das zonas de pesquisa geológica e mineira em relação aos diferentes vestígios identificados, seja as frentes de exploração mineira romana, as galerias, os canais ou poços, de forma a impedir qualquer afetação negativa”.

Ainda há muito que fazer e os resultados das pesquisas de ouro só depois é que serão avaliados, mas John Morris assumiu que para já “os resultados são animadores” e “justificam o investimento”.

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