Maria Oliveira
Maria Oliveira
04 Mai, 2016 - 09:00

Portugal: um país sem bebés

Maria Oliveira

Os números assustam: em 1960, três mães tinham 10 filhos, hoje, são precisas oito mães para o mesmo número de bebés em Portugal.

Portugal: um país sem bebés
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Os nascimentos em Portugal caíram para menos de metade nos últimos 50 anos. As diferenças são assustadoras: se nos anos 60, havia mais de 200 mil nascimentos por ano, hoje, este número está abaixo dos 90 mil. Não só há menos bebés, como somos pais cada vez mais tarde, com o primeiro filho a nascer já depois dos 30 anos. Já sabemos que Portugal tem um dos mais baixos números de fecundidade da Europa e do Mundo mas… que consequências é que estes números têm para as famílias e para o futuro do país? 



A plataforma Nascer em Portugal

Foi por causa destes números que esta semana chegou ao mundo a plataforma Nascer em Portugal, uma iniciativa conjunta da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da TVI 24, que procura esclarecer “sobre os porquês de ter ou não ter filhos em Portugal”.

A partir das estatísticas oficiais, do estudo “Determinantes da Fecundidade em Portugal” e dos resultados do Inquérito à Fecundidade 2013, uma pesquisa elaborada pela Fundação e pelo Instituto Nacional de Estatística, a plataforma Nascer em Portugal pretende “contribuir para informar o debate público, tão alargado quanto possível, sobre as diversas facetas diretamente relacionadas com os nascimentos e com a decisão de ter filhos”.

Como inverter a natalidade em Portugal?

Maria João Valente Rosa, demógrafa e coordenadora científica da Fundação Francisco Manuel dos Santos, disse ao Público que “quando falamos em políticas de natalidade, devíamos pensar na melhor forma de começarmos a responder a certo tipo de desafios que têm a ver com as nossas mentalidades. Porque houve uma grande mudança social nas últimas décadas em Portugal, mas houve uma parte de nós que ficou um bocadinho congelada”.

Sem medo das palavras, Maria João afirma que a natalidade “é uma questão de políticas, que vão muito para além das medidas. Aumentar isto ou reduzir aquilo não sei que impacto tem, se a sociedade como um todo não se repensar.” Entende que é urgente olhar “para os exemplos de outros países, nomeadamente no Norte da Europa, que começaram a viver quebras na natalidade muito antes de Portugal”.

Por fim, deixa uma dúvida:  “Quando me dizem que há uma medida que faz a diferença, uma medida milagrosa, não sei… Não vejo por que é que continuamos a insistir no pequenino quando a discussão se deve fazer ao nível do grande, das políticas transversais…”

Mês da população: debates

Em maio, na Nova Medical School (Faculdade de Ciências Médicas), em Lisboa, acontece o Mês da População com debates sobre para perceber como chegamos aqui e como podemos inverter esta tendência, promovidos pela Fundação Francisco Manuel dos Santos. O primeiro acontece esta sexta-feira, dia 6 de maio, conta com a presença de vários deputados, e começa com uma pergunta: “Os filhos são uma boa política?”. Dia 12, 18 e 24 de maio, há novas perguntas: “Mais vale tarde do que nunca?”, “Menos é mais?” e “Quem manda ter filhos?”. 
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