Catarina Milheiro
Catarina Milheiro
31 Jan, 2023 - 11:55

Tudo sobre o novo curso de Medicina

Catarina Milheiro

Há um novo curso de Medicina na Universidade Fernando Pessoa. Conheça todos os detalhes.

Médica a conversar com paciente numa consulta de medicina online

O novo curso de Medicina vai funcionar na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. Este é o segundo curso privado da área em Portugal.

A faculdade foi autorizada a abrir um novo mestrado integrado de Medicina. O curso irá funcionar entre o Porto (onde se localiza a sede da instituição) e Gondomar (local onde a universidade é proprietária de uma unidade de saúde designada por Hospital-Escola).

Para o efeito, a Universidade teve que ser autorizada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES). A acreditação é válida por 1 ano e renovável por outros 3, como é habitual sempre que abre um novo curso).

No entanto, apesar de já ter sido tomada, esta decisão ainda não foi oficializada. Por isso mesmo, a reitoria da instituição privada de ensino superior não pretende ainda pronunciar-se.

Todos os detalhes sobre o novo curso de Medicina

Se também já ouviu falar sobre o novo curso de Medicina e quer saber mais detalhes, este é local correto. Depois de ter sido autorizada pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES), a Universidade Fernando Pessoa vai abrir um Mestrado Integrado em Medicina.

Relativamente à acreditação, é válida por 1 ano e está sujeita a um conjunto de 6 condições para renovação.

Entre alguns dos aspetos, a instituição deve:

  • Apresentar o plano de investigação e desenvolvimento na área da Medicina;
  • Estabelecer um acordo para os mecanismos de distribuição dos estudantes no ensino clínico junto de instituições do Serviço Nacional de Saúde;
  • Assegurar os processos de harmonização e coordenação pedagógica com as unidades assistenciais envolvidas.
Estudantes do Ensino Superior

Para quem se destina o curso e quantas vagas existem?

Estão previstas 40 vagas (no máximo) durante o primeiro ano – sendo que podem aumentar progressivamente até um limite de 60 por ano. No entanto, 80% das admissões destinam-se exclusivamente a estudantes estrangeiros.

Numa fase inicial, a proposta da Universidade para o novo curso de Medicina pretendia ir até às 100 vagas. Contudo, a Comissão de Avaliação Externa recomendou “o limite de 60 alunos, sendo 40 vagas exclusivas para alunos estrangeiros”.

Quando irá iniciar o novo curso de Medicina?

À semelhança com o que aconteceu há 2 anos e meio quando a Universidade Católica Portuguesa foi autorizada a abrir a primeira formação de médicos numa instituição privada de ensino superior, também a Universidade Fernando Pessoa deve esperar pelo início do próximo ano letivo para abrir o curso.

Mas existem críticas: uma visão diferente sobre o assunto

O bastonário da Ordem dos Médicos já emitiu o parecer da Ordem sobre o novo curso como sendo negativo. Além disto, considerou que era preferível mais um curso de Medicina em Trás-os-Montes do que este, no Porto.

A localização também foi um dos pontos fracos apontados pela Comissão de Avaliação Externa (CAE) – que referiu a existência de mais 3 mestrados integrados em Medicina na mesma área geográfica.

De facto, pode ler-se no relatório publicado na página da A3ES que “dever-se-á exigir da tutela informação detalhada sobre as estruturas (hospitalares e centros de saúde) e os respetivos profissionais, que poderão ter o seu tempo dedicado a tarefas pedagógicas e como se fará essa afetação”.

Por outro lado, e relativamente ao contingente para alunos estrangeiros, a CAE alerta para o facto de poder constituir uma fragilidade. Já que o plano de estudos não tem em consideração a “existência de regras sobre os Licenciados em Medicina Internacionais”.

Foram também identificados pontos fracos ao nível do corpo docente. A mesma Comissão considera “insuficiente tendo em atenção a diversidade de valências próprias do curso”, e das condições de estágio ou formação em serviço.

O facto de o Hospital de referência, denominado por “escola-mãe” não ter tanta variedade de patologias como acontece num serviço público, foi também apontado como um ponto fraco pelo bastonário da Ordem.

Estudantes de Medicina também já contestaram o novo curso

Não foi só a Ordem dos Médicos e a Comissão que fizeram algumas críticas relativamente ao novo curso de Medicina na Universidade Fernando Pessoa. Também os estudantes desta área já se manifestaram contra a criação do curso e advertiram para o facto de que aumentar o número de alunos não irá resolver os atuais problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) refere em comunicado estar “profundamente desagradada e desiludida” com a acreditação do Mestrado Integrado em Medicina na Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa.

Para Vasco Cremon de Lemos, presidente da Associação, as decisões políticas tomadas constantemente, sem qualquer sustentação objetiva e racional, contribuem para a deterioração da qualidade de formação médica e do atendimento aos doentes.

No fundo, acredita-se que aumentando o número de estudantes de Medicina irá fazer com que se assista à degradação dos profissionais de saúde – que vão ter menos contacto com os doentes, menos oportunidades para a prática clínica e a realizarão um menor número que técnicas e procedimentos ao longo da formação.

Do ponto de vista dos estudantes, a situação comprova que “estas decisões são tomadas sem que haja previamente um diagnóstico efetivo da Saúde em Portugal e um planeamento racional, no curto, médio e longo prazo, dos recursos humanos e financeiros”.

Para além disto, os estudantes referem ainda que este novo curso de Medicina está situado numa área geográfica que já conta com 3 faculdades de Medicina – que recebem mais de 500 novos estudantes por ano e colocam mais de 1700 em ensino clínico nas unidades de saúde da região.

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