Miguel Pinto
Miguel Pinto
26 Jan, 2024 - 14:40

Passadiços do Côa: trilho por uma paisagem deslumbrante

Miguel Pinto

Os Passadiços do Côa são a melhor maneira de conhecer quer o Douro monumental, quer a arte rupestre milenar. A não perder.

Linha abandonada em Foz Côa

Com 930 metros de extensão, os Passadiços do Côa reúnem o melhor da história e da paisagem de uma região com fartos motivos de visita, desde as imponentes paisagens sobre o Douro, até às maravilhosas pinturas rupestres, datadas de há milhares de anos.

Estes passadiços fazem a ligação entre o Museu do Côa e a desativada estação ferroviária, nas proximidades do rio Côa, mas já voltada para o Douro.

São 890 degraus para um desnível de 160 metros, de onde se vislumbra uma paisagem marcada por encostas agrestes e socalcos e por inúmeras espécies vegetais e animais, algumas delas protegidas.

Uma paisagem absolutamente esmagadora, o Douro na sua pureza mais dura. Verá que se trata de um passeio inesquecível.

Côa e Douro, patrimónios da humanidade

O percurso requer algum fôlego quando realizado em subida (demora um tempo médio de 45 minutos e é de dificuldade alta), mas as paragens propiciam a contemplação de um território extraordinário, que faz o encontro entre a Arte Pré-Histórica do Vale do Côa e a paisagem do Alto Douro Vinhateiro, ambas classificadas Património Mundial pela UNESCO.

Para além das famosas gravuras rupestres (com cerca de 30 mil anos), pode ainda observar os tradicionais pombais (de grande importância ao nível arquitetónico e ecológico) ou a linha do Douro, a mais belo troço ferroviário do país e um autêntico prodígio de engenharia.

Se decidir fazer o fantástico percurso destes passadiços, deve levar roupa e calçado confortável e água, pois apesar de ser um percurso relativamente curto, é uma zona quente e a subida exige algum esforço. Não deve ainda recolher plantas ou amostras de rochas e muito menos fazer lixo, figueiras ou fumar.

Quando chegar, o parque de estacionamento está localizado no piso superior do Museu do Côa, sendo que o acesso aos passadiços faz-se pela parte inferior do edifício (na zona junto ao bar-restaurante) ou descendo a encosta exterior à esquerda.

Degraus dos Passadiços do Côa
Os Passadiços do Côa têm 930 metros de extensão

Onde ficar e onde comer

Se pretende ficar por Vila Nova de Foz Côa, não faltam opções. Em termos de empreendimentos turísticos pode escolher a Pousada da Juventude, a hospedaria Mirateja ou a Casa Vermelha. Em termos de alojamento local, a Casa do Castelo, a Eira da Fraga ou o Castelo Melhor são apostas seguras.

Quando a fome apertar, não há que ter receios. A probabilidade de entrar num restaurante ao calhas na região do Douro e comer divinalmente é extremamente elevada. Assim, pelos lados de Foz Côa, recomenda-se o Apeadeiro, o Farnel ou a Petiscaria Preguiça

Parque Arqueológico do Côa: história ao vivo

O Parque Arqueológico do Vale do Côa abriu ao público a 10 de agosto de 1996, concentrando um património de inegável valor histórico. São cerca de 1200 rochas gravadas, num espaço com cerca de 200km², onde ficam mais de 80 locais com arte rupestre.

O Parque Arqueológico do Vale do Côa tem como missão gerir e proteger todo o seu vasto património. Além de desenvolver investigação sobre o interesse nacional gerado, também tem como missão mostrar ao público a arte rupestre.

Património

As manifestações artísticas presentes no Parque Arqueológico do Vale do Côa tornam-no num espaço singular em todo o mundo. São diversos momentos da história, sendo que algumas gravuras contam já 30.000 anos. Tudo reunido num parque e colocado à disposição do público.

Tendo este Parque, segundo a sua informação institucional, “o mais importante conjunto de figurações paleolíticas de ar livre até hoje conhecido”, é indispensável proteger este importante património e reconhecer o papel fulcral desta descoberta (século XX).

Anteriormente, era defendido que a pintura rupestre estava circunscrita ao mundo subterrâneo das grutas. Contudo, agora já se supõe que essas manifestações tenham sido realizadas ao ar livre. Contudo, nas grutas, existiam outras condições que permitiram que a pintura rupestre chegasse aos nossos dias.

Há inúmeras razões para outros testemunhos de motivos rupestres não terem chegado até nós, entre as quais o tempo – que sujeitou a pintura a milénios de chuva e sol que a foram desgastando -; agentes erosivos e, até, a própria atividade humana.

Vista aérea do Museu de Foz Côa
O espetacular Museu do Côa

Pintura Rupestre

Os motivos rupestres estão localizados tanto em rochas de xisto (maioritariamente), como sobre granito, sendo que no Parque Arqueológico do Vale do Côa é possível encontrar quer gravuras, quer pinturas rupestres.

No entanto, dada a quantidade de uma e de outra tipologia, será mais adequado dar ênfase às gravuras rupestres, que são em muito maior quantidade do que as pinturas. Outra informação de relevo é a de que não há arte em gruta no Vale do Côa.

Condições excelentes

Só o Museu do Côa é uma obra de arte que merece um visita demorada. Projetado por Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, o espaço permite conhecer de forma aprofundada esta temática das gravuras e das pinturas rupestres.

Sendo um dos maiores museus portugueses, foi inaugurado a 30 de julho de 2010, tendo a sua construção começado em janeiro de 2007. O Restaurante Côa Museu coloca à disposição a rica gastronomia regional e, também, vinhos do Douro Superior.

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Informações úteis

O horário de funcionamento do Museu do Côa e de Marcação de Visitas (MV) aos Sítios de Arte Rupestre possui algumas variantes que convém conhecer, antes de se realizar uma visita ao espaço.

  • Entre os meses de outubro e fevereiro, abre às 9h00 e fecha às 17h30, sendo que a MV obedece ao mesmo horário.
  • Nos meses de março a maio, abre às 9h30 e fecha às 18h00 e a MV tem a ligeira diferença de ser das 9h30 às 12h00 e das 13h30 às 18h.
  • Nos meses de junho a setembro, o horário é das 9h30 às 19h00 e a MV tem o horário das 9h30 às 12h e das 14h00 às 18h.

Dias de encerramento

O Parque e Museu do Côa encerra nos seguintes dias:

  • 1 de janeiro.
  • 1 de maio.
  • 25 de dezembro.
  • Segundas-feiras, de 1 de novembro a 31 de março.

Nota: Domingo de Páscoa não se realizam visitas aos sítios de arte rupestre do Parque.

Preço

O preçário completo pode ser consultado aqui.

O que mais pode ver na região do Côa

Linha do Côa
O local onde se unem os rios Douro e Côa

Castelos

O Castelo Melhor, foi erigido no século X durante o período Leonês. Conta com uma planta quase circular, acompanhando a coroa de rei plantada num cabeço de terra.

O monumental Castelo Velho, para além de ter interesse arqueológico, é utilizado maioritariamente pelos visitantes como um miradouro e daqui é possível desfrutar de uma vista panorâmica de nos tirar o fôlego.

Conheça também o primitivo Castelo Numão, alvo de muitos ataques mouros e de planta bastante irregular.

Barca d’Alva

Foi a construção da ligação ferroviária a Espanha que impulsionou Barca d’Alva, tornando-a num importante centro de passagem.

Com a ligação feita à Estação de Boadilla, através de La Fregeneda, em Espanha, a Linha do Douro transformou-se numa linha internacional, sendo, na altura, a ligação mais direta entre o Porto e o resto da Europa.

A linha está desactivada e a estação lá continua ao abandono. mas a paisagem é absolutamente deslumbrante.

Rota dos Túneis

A Rota dos Túneis compreende o percurso entre a estação espanhola de la Fregeneda e a estação portuguesa de Barca d’Alva, numa extensão de 17km.

Já em território português, é possível continuar ao longo do Rio Douro até ao Pocinho. É uma aventura inesquecível, mas que deve ser feita com todo o cuidado.

As imagens dos Passadiços do Côa constantes neste artigo foram gentilmente cedidas pela Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa

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