Share the post "Por que o bidé está a desaparecer das casas de banho portuguesas"
Durante anos, o bidé foi quase uma “instituição nacional” nas casas de banho portuguesas. Não era apenas um equipamento: era um gesto de educação e higiene transmitido de geração em geração — o clássico “usa o bidé, que faz bem”. Instalava-se por regra, usava-se quando necessário e, em muitos casos, ficava simplesmente ali, discreto, à espera de grandes momentos que nem sempre chegavam.
Hoje, o cenário é outro. As casas encolheram, as rotinas aceleraram e o bidé deixou de ser presença garantida. Não desapareceu do mapa — mas deixou de ser obrigatório e passou a ser uma escolha. Uma escolha que, cada vez mais, se dispensa.
O que mudou, afinal?
1. O espaço está cada vez mais pequeno
As construções mais recentes têm áreas mais reduzidas e casas de banho compactas. Cada centímetro é pensado ao detalhe. O bidé, sendo uma peça que precisa de espaço próprio e circulação à volta, acaba muitas vezes por ficar fora do desenho final. Quando a escolha é entre mais arrumação, um duche maior ou apenas poder movimentar-se com conforto, o bidé é o sacrificado.
2. A legislação já não o exige
Durante muitos anos, o bidé era praticamente um elemento “por defeito” nos projetos de habitação. Hoje, essa exigência desapareceu. Com a retirada da obrigatoriedade, arquitetos e proprietários passaram a ter liberdade para repensar o layout da casa de banho e muitos optam por não o incluir.
3. Os hábitos mudaram e as soluções também
A higiene continua a ser importante, claro. Mas agora existem alternativas mais práticas e discretas, que ocupam menos espaço e fazem exatamente o mesmo trabalho:
- Sanitas com lavagem integrada (o famoso “chuveirinho embutido”, muito comum no Japão e a ganhar devotos por cá)
- Chuveiro higiénico lateral, uma pequena torneira ao lado da sanita
- Tampas inteligentes com jato de água regulável
São fáceis de instalar, adaptam-se a qualquer estilo e encaixam bem em casas contemporâneas.
4. O design moderno pede simplicidade
O estilo atual privilegia linhas limpas, superfícies descomplicadas e menos peças à vista. No meio deste cenário, o bidé torna-se um elemento que quebra o equilíbrio visual. Quando o objetivo é uma casa de banho minimalista e funcional, o bidé é, muitas vezes, o primeiro objeto a sair do desenho.
Como decidir se mantém ou retira o bidé?
Quando o bidé sai da casa de banho, liberta-se espaço, que pode ser aproveitado de várias formas: um pequeno armário para toalhas, um cesto para roupa, uma prateleira para produtos ou até uma planta que traga um toque de frescura. Mas pode também simplesmente ser espaço livre para circular sem bater no lavatório ou no duche.
No entanto, retirar o bidé não é uma regra universal. Há casas em que ele continua a fazer sentido, sobretudo quando é realmente utilizado no dia a dia, quando existe espaço mais do que suficiente para o manter sem comprometer a circulação ou quando há pessoas com mobilidade reduzida que beneficiam do conforto adicional que o bidé oferece. Não existe uma resposta certa para todos — existe o que funciona para cada família.
O que considerar antes de decidir
Antes de avançar para uma remodelação ou para uma remoção simples, vale a pena fazer uma pequena avaliação prática:
- Uso real — o bidé é usado? Ou está lá só porque “sempre esteve”?
- Espaço disponível — a sua presença dificulta a circulação ou impede soluções mais úteis?
- Alternativas modernas — uma sanita com lavagem integrada ou um chuveiro higiénico lateral podem ser mais confortáveis — e discretos.
- Rotinas da casa — quem vive ali? Quais as necessidades diárias? O que simplifica — e o que complica?
No final, a questão resume-se a isto: o bidé contribui para o conforto da casa ou ocupa espaço sem necessidade?