Existem restaurantes que permitem mesmo conhecer a verdadeira comida tradicional do nosso país, proporcionando bem mais do que uma simples e saborosa refeição. O Maria Rita, perto de Macedo de Cavaleiros, é um deles.
São espaços onde somos levados em autênticas viagens no tempo, polvilhadas de história e sabores da nossa terra. Este restaurante é disso exemplo e, por isso, não pode deixar de ir até lá!
Situado em Jerusalém do Romeu, uma fantástica aldeia no Nordeste Transmontano, a meio caminho entre Mirandela e Macedo de Cavaleiros, o Maria Rita é uma verdadeira instituição.
Há mesmo quem não regateie quilómetros só para ter o prazer de se sentar à mesa deste restaurante e desfrutar da fantástica gastronomia ali servida.
Viagem gastronómica no Maria Rita
Seja batido pelo calor do Estio que todos os anos fustiga Mirandela, seja pelo frio quer agora aperta a região transmontana, o Maria Rita tornou-se ponto de paragem obrigatória, quase de peregrinação, para todos aqueles que têm na gastronomia um gosto.
O restaurante está integrado numa quinta que possui produção biológica e produtos portugueses de excelência, como o fantástico azeite, angariando aí matéria prima mais do que suficiente para uma cozinha que merece destaque.
O espaço
O lugar é encantador, com uma decoração muito própria, proporcionando um ambiente acolhedor, romântico, rústico, clássico e histórico. Depende da ocasião, claro está. Por exemplo, a lareira concede um brilho distinto ao espaço e o seu crepitar contribui para amaciar aqueles dias mais frios (e na região podem ser mesmo muito frios) dos meses de inverno..
O Maria Rita tem lotação para 140 pessoas, mas é sempre aconselhável fazer a reserva, de forma a não sofrer a desilusão de aparecer e não haver lugar. Já o estacionamento é sempre fácil, pois possui espaço privativo para o efeito.
Menu
Existem diferentes opções de pratos no Maria Rita que podem tornar toda a experiência gastronómica verdadeiramente imperdível. Assim, pode encontrar, por exemplo, o bacalhau à Romeu, a posta mirandesa, a feijoca à transmontana, os bifinhos na caçarola, a açorda de espargos bravos e a sopa seca. O valor médio por refeição ronda os 20€.
Outras informações
O Maria Rita é um restaurante reconhecido nacional e internacionalmente e o TripAdvisor, uma referência para todos os que gostam de viajar pelo mundo e procuram as melhores referências sobre os melhores locais a visitar, coloca o restaurante no Hall of Fame do site, por ter recebido o Certificado de Excelência por 5 anos consecutivos!
Assim sendo, se pretende saber mais informações sobre este espaço encantador, pode sempre visitar aqui o sítio da Quinta do Romeu, onde poderá recolher mais informações sobre a interessante história desta quinta.
Assim, além de saber mais sobre o restaurante, o vinho e o azeite, pode ficar a conhecer o Museu das Curiosidades que lá pode visitar. A Loja do Romeu é, também, um espaço que possui produtos imperdíveis que dão um ótimo presente, como compotas e marmelada (entre outros).
Jerusalém do Romeu, visita obrigatória
Antes ou depois de uma agradável refeição no Maria Rita, não deixe de explorar um pouco do património local.
Capela de Nossa Senhora de Jerusalém do Romeu
É uma ermida que fica a algumas centenas de metros desta localidade, sendo uma capela de uma só nave, com um portal encimado por um óculo quadrilobado.
É encimada por um tímpano triangular, ladeado por pináculos, e truncada por uma pequena sineira simples, encimada por uma cruz.
No interior, encontra-se o altar-mor com a imagem da Nossa Senhora de Jerusalém e uma pintura que representa a aparição de Nossa Senhora à pastora. A capela fica num recinto onde também há um coreto, um cruzeiro simples e um lago.
Antiga ponte da linha férrea

Perto da entrada norte para a aldeia, existe uma ponte da linha férrea, atualmente desativada. Esta ponte fazia parte da linha do Tua e percorria 134 quilómetros, desde a foz do rio Tua até Bragança. O projeto desta linha começou em 1878 e a sua construção teve início em 1884.
Funcionou na aldeia de Jerusalém de Romeu de 1905 a 1991 e nos anos 70, eram muitos os fotógrafos que vinham de toda a Europa para registar imagens dos comboios a vapor que por aqui passavam.
Museu de Curiosidades
Abre das 12 horas às 17 horas e por vezes é preciso avisar a pessoa responsável para o abrir, que vive bem perto. Está fechado às segundas e quartas de tarde.
Está localizado na aldeia do Romeu (Quinta Jerusalém do Romeu) e é uma colecção particular de antiguidades e de inúmeros objectos curiosos recolhidos pelos membros da família Menéres, entre os quais se encontram carros antigos (um Ford T de 1909), exemplos das primeiras máquinas fotográficas, bicicletas, biciclos, relógios, máquinas de costura, apetrechos de lagares de azeite e de vinho, carros de cavalos, grafonolas e uma das juke-boxes mais antigas do mundo.
Uma história centenária
A história de Jerusalém do Romeu remonta à segunda metade do século XIX, e tem como figura central Clemente Menéres, oriundo da Vila da Feira e que negociava em vinhos e cortiças nos mercados do norte da Europa e do Brasil. Anteriormente já tinha vivido algum tempo nessa ex-colónia e viajado pela Europa, Médio Oriente e Norte de África.
Em 1874 visita pela primeira vez Trás-os-Montes em busca dos sobreiros que constava por lá haver e que não eram explorados. De pronto, compra os que encontra e que se situavam nas terras incultas onde não se dava mais nada.
Cria assim a Quinta do Romeu, que depois originou a Sociedade Clemente Menéres Lda, com sede no extinto Convento de Monchique, no Porto (séc. XV/XVI), comprado em hasta pública em 1872.
Antes de falecer faz a referida sociedade por quotas com os filhos, com o objectivo de manter indivisas as suas propriedades, dado que a transmissão das quotas só podia ser feita aos seus descendentes directos.
Sucedeu-lhe o seu filho, José Menéres, que continua o seu trabalho e cria a Confraria de Nossa Senhora de Jerusalém do Romeu para zelar por um Santuário do século XVI que seu pai encontrara abandonado e reconstruíra.
Preocupações sociais
Funda a Cooperativa Por Bem para abastecer de mercearia quem lá vivia e uma Casa do Povo com consultório médico, farmácia e biblioteca, onde também se fez teatro e passaram filmes, numa máquina cinematógrafo de 1912 que trabalhou no Cinema Pathé, no Porto, e no Cinema Afonso Sanches, em Vila do Conde.
Depois de José falecer, o seu irmão Manuel dá novo impulso ao Romeu, melhorando as condições de vida dos habitantes de Vale de Couço, Vila Verdinho e Romeu, com a colaboração íntima do Prof. J. Vieira Natividade. Assim, cria uma creche e um jardim de infância e faz o Restaurante Maria Rita e o Museu das Curiosidades.