Olga Teixeira
Olga Teixeira
14 Jun, 2022 - 10:45

Taxa fixa vs. taxa variável no crédito habitação: qual escolher?

Olga Teixeira

Com a subida da Euribor, será este o momento certo para mudar a taxa do seu crédito habitação? Taxa fixa vs taxa variável: o que as distingue.

Taxa fixa vs taxa variável

Se vai assumir o compromisso de comprar casa e, para tal, vai recorrer a um crédito habitação, terá que optar por contratar o empréstimo com taxa fixa ou com taxa variável.

Apesar desta última ser volátil, tem, nos últimos anos, poupado algumas centenas de euros a quem a contrata. Isto porque as taxas de juro têm sido negativas e a Euribor segue esta tendência.

Ainda assim, e porque se previa que, mais cedo ou mais tarde, voltassem a subir, alguns bancos propuseram aos seus clientes a opção pela taxa fixa.

Agora que se adivinha uma subida nos juros, qual será a opção mais vantajosa? O que ter em conta na comparação taxa fixa vs. taxa variável?

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O que é a Euribor e como funciona?

Antes de mais, importa compreender que a taxa Euribor (European Inter Bank Offer Rate) é uma taxa de referência que se aplica aos créditos entre os bancos na Zona Euro. Ou seja, tem em conta as taxas que os bancos pagam quando emprestam dinheiro uns aos outros. Uma taxa que, por sua vez, reflete as taxas de juro definidas pelo Banco Central Europeu (BCE).

Por norma, a Euribor é variável a três, seis (a mais comum), nove ou 12 meses. É por isso que as entidades bancárias, no momento da contratação de um crédito, propõem aos seus clientes um valor fixo para a Euribor durante cinco ou mais anos, seja qual for o valor da taxa no mercado interbancário.

Claro que o valor da taxa fixa é mais caro do que o da variável, pois está a pagar pela estabilidade e pela ausência de risco.

O perfil bancário dos consumidores portugueses tem tendência para ser relativamente conservador, existindo, por isso, algum receio dos riscos das constantes oscilações da Euribor.

Aliás, muitos portugueses ainda se recordam do valor recorde superior a 5%, registado em 2008. E, dada a previsível subida ainda em 2022, muitos clientes podem temer que este cenário se repita, considerando a hipótese de uma taxa fixa. Algo que também interessa aos bancos.

Ainda assim, importa sublinhar que a taxa de juro do seu crédito habitação resulta sempre do somatório da taxa Euribor e do spread (a margem de lucro que o banco ganha por cada empréstimo concedido).

Taxa fixa vs. Taxa variável: qual a mais vantajosa?

O que é a taxa fixa?

A taxa fixa determina que a taxa de juro do empréstimo mantém-se sempre a mesma durante o prazo que tiver sido acordado com a entidade bancária (ao longo de todo o empréstimo ou durante um prazo alargado de, normalmente, 5 a 10 anos). 

Este valor mantém-se, portanto, inalterado, sendo que o cliente não tem que se preocupar com a subida da taxa de juro.

A principal vantagem da taxa fixa é a estabilidade, dando-lhe margem para organizar o seu orçamento familiar sem grandes surpresas. Porém, a estabilidade tem um custo. Além disso, não vai beneficiar de eventuais descidas das taxas de juro.

O que é a taxa variável?

A taxa variável, como o próprio nome indica, varia de acordo com as flutuações da Euribor. A principal vantagem é, sem dúvida alguma, a de beneficiar das descidas das taxas de juro, sobretudo quando têm valores negativos.

Por outro lado, a imprevisibilidade pode provocar dificuldades na gestão do orçamento familiar quando há subida da taxa de juro indexante porque, obviamente, provoca um aumento na prestação mensal a pagar.

Qual das opções compensa mais?

Nesta decisão entre taxa fixa vs. taxa variável, há vários fatores que deve considerar.

Nos últimos anos, as taxas de juro mantiveram-se tão baixas que chegaram a valores negativos. O objetivo foi dinamizar a economia, incentivando o financiamento a particulares e empresas. A contração da economia provocada pela pandemia levou a que essa política se mantivesse.

No entanto, um aumento global da inflação está a provocar a subida dos juros e, consequentemente, da Euribor. O que pode querer dizer que, ao escolher uma taxa variável, terá de contar com uma possível subida da prestação do seu crédito.

A opção pela taxa fixa, como vimos, pode trazer mais custos, mas, por outro lado, protege o orçamento familiar destas oscilações.

Quais os fatores a ter em conta?

Na escolha entre taxa fixa e taxa variável, deve ter em consideração a conjuntura económica e o seu perfil como consumidor.

Como evolução da economia nem sempre é fácil de prever, pense no que é mais conveniente para si. No fundo, tudo depende se quer preocupar-se com as flutuações das taxas no mercado ou se prefere pagar para a prestação não oscilar.

Há ainda um meio termo que pode considerar: a taxa mista. Neste caso,  o contrato de crédito tem um período em que a taxa é fixa, seguido de um período em que a taxa é variável.

Se ainda tem dúvidas sobre qual das taxas contratar, talvez seja prudente recorrer aos simuladores que existem online ou mesmo solicitar uma simulação para vários cenários junto do seu gestor de conta.

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