Inês Silva
Inês Silva
07 Out, 2022 - 09:41

Trabalhar em Portugal: o que dizem os indicadores

Inês Silva

O desemprego diminuiu, mas a maioria do emprego criado é precário. Continue a ler e saiba mais sobre a realidade de trabalhar em Portugal.

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Em maio deste ano, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou dados que mostram a evolução do mercado do trabalho no 1º trimestre de 2022, bem como a retratam a realidade de trabalhar em Portugal.

Ainda que não se tenham atingindo os valores da pré-pandemia, a recuperação e criação de emprego no turismo e atividades administrativas têm ajudado a baixar a taxa de desemprego. Este crescimento está em linha com a recuperação económica, embora a escalada da inflação e os impactos causados pela guerra na Ucrânia tenham trazido dificuldades.

Verifica-se a diminuição da taxa de desemprego, mas, ainda que o emprego apresente uma tendência de crescimento, 70% dos postos de trabalho criados têm vínculos precários.

Trabalhar em Portugal: Emprego, remuneração e vínculo contratual

Emprego

Em relação às estatísticas do emprego, segundo os resultados do Inquérito ao Emprego divulgados pelo INE, no 1º trimestre deste ano a taxa de desemprego diminuiu para 5,9%.

A população empregada – 4 900,9 mil pessoas – aumentou 0,4% em relação ao trimestre anterior e 4,7% relativamente ao período homólogo em 2021. A população desempregada – estimada em 308,4 mil pessoas – diminuiu 6,7% (em relação ao trimestre anterior e 14,3% relativamente ao mesmo período de 2021.

A subutilização do trabalho abrangeu 618,2 mil pessoas, tendo diminuído 1,9% em relação ao trimestre anterior e 17,2% relativamente ao período homólogo.

Nota: subutilização do trabalho é um indicador que agrega a população desempregada, emprego a tempo parcial, inativos à procura de emprego, mas não disponíveis e os inativos disponíveis, mas que não procuram emprego.

A população inativa com 16 e mais anos – 3 593,1 mil pessoas – também diminuiu 0,5% em relação ao trimestre anterior e 4,3% em relação ao mesmo período em 2021.

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Remuneração

No 1º trimestre de 2022, a remuneração bruta mensal média por trabalhador aumentou 2,2%, para 1 258 Euros, em relação ao mesmo período de 2021, no entanto” em termos reais, diminuiu 2,0%”.

A componente regular remuneração bruta mensal média aumentou 1,7%, situando-se em 1 127 Euros, e a remuneração base subiu 1,6%, atingindo os 1 058 Euros. Em termos reais, tendo como referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total média diminuiu 2,0% e tanto a regular como a base diminuíram 2,5%.

Os maiores aumentos da remuneração total foram observados nas Atividades Imobiliárias, nas empresas de 1 a 4 trabalhadores, no setor privado e nas empresas de Serviços de alta tecnologia com forte intensidade de conhecimento. Verificaram-se variações negativas da remuneração total nas atividades de Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio, nas empresas de 500 ou mais trabalhadores e nas empresas de Alta tecnologia industrial.

Curiosidade: em relação ao salário, seja a trabalhar em Portugal ou noutro país, segundo um estudo da CEMS – a aliança global de mais de 30 universidades e escolas de gestão de tudo o mundo, o equilíbrio entre a vida pessoal e pessoal é tão valorizado como o valor do salário. Isto quer dizer que não bastará apenas um salário elevado para reter talentos.

Vínculo contratual

Os resultados apontam para um aumento de 5,3% no número de trabalhadores por conta de outrem em relação ao período homólogo do ano anterior.

No entanto, a precariedade mantém-se entre os jovens trabalhadores. Cerca de 36% dos jovens com menos de 35 anos têm contratos não permanentes face a 16% entre o total dos trabalhadores.

É mais notória no setor privado e os salários são em geral baixos, concentrando-se no salário mínimo nacional ou nos escalões de remuneração imediatamente acima, não havendo valorização das profissões e carreiras.

Trabalhar em Portugal e na União Europeia

Segundo os dados do Eurostat, em 2021, o desemprego entre os países da União Europeia atingiu, em termos globais, os 6,7%, as pessoas disponíveis para trabalhar, mas que não procuravam situou-se em 3,7%, os trabalhadores a tempo parcial em 2,8% e as pessoas à procura de trabalho, mas não imediatamente disponíveis a 0,8%.
Em Portugal, o maior peso vai para o número de desempregados – 6,4% -, depois as pessoas que estão disponíveis para trabalhar, mas não estão à procura – 3,1% – e os trabalhadores em part-time correspondem a 2,7% da população ativa.

Quanto aos restantes países, Espanha foi o país que registou uma folga maior no mercado de trabalho – 24,1% -, seguida pela Itália – 22,8% – e Grécia – 22,2%. Com menor taxa neste indicador, ficaram a República Checa – 3,9% -, Malta – 5,5% – e a Polónia – 5,7%.

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