Pedro Andersson
Pedro Andersson
09 Out, 2017 - 10:02

Evite ser enganado na sua fatura de telemóvel

Pedro Andersson

Estamos a falar de centenas de euros que podem estar a “voar” por ano sem que se aperceba. Saiba como evitar ser enganado na fatura de telemóvel.

Evite ser enganado na sua fatura de telemóvel

Alertada por uma reportagem que fiz recentemente na SIC, Ana C. verificou que na fatura de telemóvel de Agosto (a pagar em Setembro) cobraram-lhe 4 euros por semana por um serviço que desconhecia. 16 euros por mês. Ligou para a NOS e disseram-lhe que ela provavelmente clicou numa imagem e subscreveu um serviço sem querer. Devolveram-lhe o dinheiro e bloquearam estes tipo de serviços em todos os telemóveis da casa.

Agora em Outubro recebeu a fatura de Setembro. Mais 21,90 € para pagar. Ligou novamente para o apoio ao cliente. Ainda eram restos de serviços do mês anterior. Curiosa, foi ver as faturas mais antigas. Andava a pagar 15 euros por mês desde Maio. A NOS disse-lhe que já não devolve tão para trás.

Este caso é só um entre milhares que acontecem todos os meses há vários anos. Tem a certeza de que não é um deles?

Cuidados a ter para evitar ser enganado na fatura de telemóvel

Barre já os serviços de WAP Billing

WAP quê? WAP Billing é um método de pagamento em que subscreve serviços na internet (de propósito ou sem querer) e a conta aparece na sua fatura de telecomunicações.

O problema é que a maior parte dos casos que encontrei são de pessoas (com filhos menores, sobretudo) que são vítimas de uma prática completamente abusiva por parte destas empresas que tentam ganhar dinheiro à custa de enganos e fraudes de quem joga ou navega na internet nos telemóveis ou tablets.

Às vezes, surge no ecran uma janela “pop up” e simplesmente ao fechá-la estamos a aderir a um serviço sem termos qualquer espécie de confirmação (nem um SMS, como acontece em alguns casos “mais credíveis”). Isto é muito grave.

Como se pode proteger?

Para já, a maneira mais simples é ligar imediatamente para a sua operadora de telecomunicações e pedir para barrar já (por antecipação) estes serviços em todos os telemóveis da família. Não conheço outra maneira mais prática.

Se verificar agora que lhe estão a cobrar valores, liga igualmente para a sua operadora, barre esses serviços e peça que lhe devolvam TODO o dinheiro que já pagou. A resposta vai depender da sua operadora. Umas devolvem mais, outras devolvem menos. Mas o que não lhe devolverem, se o valor compensar o esforço, exija através de um Centro de Arbitragem, da DECO ou outras instituições de mediação de consumo, por exemplo. Não se deixe ficar com o prejuízo.

Afinal de contas, as operadoras de telecomunicações ganham dinheiro por cobrarem estes valores aos clientes e o entregarem a estas empresas. Têm, na minha opinião, de fazer TUDO para garantir que o dinheiro que cobram não é obtido de forma fraudulenta. Caso contrário podem (pelo menos, eticamente) ser consideradas cúmplices. No melhor dos casos, estão a criar problemas aos seus próprios clientes, sem necessidade nenhuma. Será que as operadoras não percebem isto?

Pelos meus contactos, só a NOWO é que barra estes serviços por definição. Ou seja, se quiser contratar estes serviços tenho de autorizar. As outras só barram se pedir.

Olhe que estamos a falar de centenas de euros que podem estar a “voar” por ano sem que se aperceba se não estiver atento às suas faturas. 15 euros por mês são 180 euros ao fim do ano.

Uma mãe recebeu uma fatura de cerca de 5 mil euros porque o filho subscreveu sem querer um jogo em que pagava 49,50€ POR DIA cada vez que jogava. E só percebeu quando chegou a fatura ao fim do mês. Um susto daqueles, que com a ajuda da DECO, acabou bem. Mas nem sempre acaba assim.

Os pré-pagos são um perigo

No meu caso pessoal, estou atento e mesmo assim passei por isto. O meu filho menor tem um telemóvel pré-pago (por isso não recebo faturas em papel nem em PDF) do número dele. Ele dizia-me várias vezes que precisava carregar o saldo e eu, achando natural, carregava.

Nunca suspeitei que os valores que carregava estavam a ser consumidos na totalidade por 3 (sim, 3!) subscrições deste tipo de serviços há vários meses. O meu filho garante-me que conscientemente não subscreveu nenhum jogo pago. Nisso ele é bastante cuidadoso. Pede sempre autorização e conselho.

Verifique já as suas faturas e consumos!

Veja com todo o detalhe as suas faturas de telecomunicações e os extratos online dos telemóveis pré-pagos. Se tiver dificuldades, ligue para o apoio ao cliente e confirme que não está a pagar nada disto. As linhas na fatura normalmente só dizem “Consumos” ou “Serviços”. É muito fácil passar por alto dessas descrições e não desconfiar.

A quem reclamar?

Quem trata destes casos é a ASAE e não a ANACOM. Enquanto a lei não for alterada não adianta reclamar junto da ANACOM porque não vai obter resposta ou vão responder-lhe que não é com eles.

Este tipo de serviços (WAP Billing) deveriam passar a ser considerados serviços de valor acrescentado para que passem a fazer parte dos serviços barrados por defeito pelas operadoras de telecomunicações. Fica o alerta para as autoridades que podem fazer alguma coisa em relação a isto.

Enquanto não fazem, é proteger-se da melhor forma que puder: barrar já os serviços e, se for afetado, acionar uma queixa num Centro de Arbitragem. Antes que seja tarde demais.

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